O cenário nebuloso que vem se formando na economia global pode ser uma oportunidade para o Brasil atrair investimentos do mercado financeiro. Em meio a nuvens carregadas de inflação, recessão e enfrentamento – físico e econômico – entre países, o mercado brasileiro pode ser um oásis para quem busca o potencial de valorização típico de emergentes.
“O Brasil está em uma posição privilegiada como poucas vezes esteve antes”, disse o diretor de investimentos da Itaú Asset, Eduardo Camara Lopes, em painel num evento on-line para investidores, a Money Week, realizado pela EQI Investimentos.
Ele explicou que a guerra iniciada pela Rússia contra a Ucrânia acabou por tirar o país do mapa de investimentos em emergentes e as recentes sanções da China contra empresas americanas tornou seu mercado “inóspito” para alguns investidores.
Com a inflação em alta, Camara diz que é natural que os investidores busquem por investimentos reais, como o mercado imobiliário e de commodities.
” ‘Coisas’ andam mais que ‘dinheiros’ em uma crise inflacionária. O Brasil é privilegiado nesse ponto porque tem isso a oferecer. Geopoliticamente também temos uma ambiguidade que nos favorece: não somos nem a favor dos Estados Unidos e nem da China. Estamos em uma posição privilegiada para receber recursos”, disse o executivo.
Eleição preocupa?
E as atribulações das eleições presidenciais? Camara não vê a disputa com preocupação do ponto de vista dos investimentos, apesar do natural grau de incerteza que envolve o pleito.
“Ganhando candidato ‘A’ ou candidato ‘B’, vai fazer pouca diferença. Estamos destinados a receber esses recursos que circulam nos mercados financeiros, salvo se houver uma grande besteira. Se não fizermos uma grande besteira, vamos receber recursos do exterior nos próximos 24 a 36 meses.”
Apesar do destino parecer bem desenhado de forma otimista para o Brasil, o executivo pondera que o jogo não está ganho. “Estamos muito bem posicionados no ambiente global, mas somos craques em perder oportunidades”.