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As dicas do investidor que previu sucessos de Tesla, Skype e Hotmail
Tim Draper é aquele sujeito que todo empreendedor sonha encontrar por acaso, num elevador ou na poltrona ao lado, no avião – um minuto com ele pode mudar a sua vida.
O investidor americano ficou famoso por injetar dinheiro nos primeiros anos de operação de marcas inovadoras da área de tecnologia, como Skype, Hotmail e Tesla. Como nem todos têm a sorte de esbarrar com sua figura por aí, em 2017 ele resolveu escrever “O bilionário que cria bilionários – como ser o herói de sua startup”, livro que pretende ser um guia para empresários e CEOs disruptivos.
Draper, hoje com 63 anos, abriu seu primeiro escritório de capital de risco aos 27 e, seis anos depois, era considerado o executivo mais bem-sucedido no mercado americano de venture capital. Além do esforço próprio e do senso de oportunidade – ele circulava no Vale do Silício quando a internet estava saindo do berço -, suas conexões pessoais o empurraram para o topo.
Além da rede de amizades que soube cultivar durante o curso de engenharia em Stanford e num MBA em Harvard – duas das melhores universidades do mundo -, os laços familiares também foram de grande ajuda no seu caminho como líder financeiro.
O pai de Draper é conhecido por ser um dos primeiros capitalistas de risco dos EUA, com atuação desde os anos 1950. Teve assento no governo do presidente Ronald Reagan (1981-1989) e chefiou o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Criou, em 1994, o primeiro fundo para empresas privadas na Índia e financiou corporações precursoras do software e dos antigos disquetes de computador, como Activision e Quantum.
Mais no alto da árvore genealógica, o avô paterno foi o primeiro embaixador americano na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e trabalhou com Mao Tsé-Tung (1893-1976) na China, nos anos 1970, com estudos de planejamento familiar que resultariam na política na nacional do filho único.
Do lado materno, o avô William Culbertson ocupou a presidência da Merrill Lynch International, subsidiária do grupo no exterior. “Tudo [nos negócios] está relacionado à conexão humana”, diz Draper, logo nos primeiros capítulos do livro, como um aviso aos jovens fundadores de negócios promissores.
Atualmente, ele lidera um ecossistema de organizações que inclui a DFJ Growth, que administra US$ 1,3 bilhão em investimentos em empresas; uma escola de empreendedorismo, a Draper University, que recebeu nos últimos dez anos mais de mil jovens de 68 países que iniciaram 300 companhias; e a Draper Associates, especializada em startups “early stage” ou que ainda não têm receita. Dois desses investimentos dobraram a curva do retorno máximo.
A Twitch TV, de transmissões de competições de jogos eletrônicos, foi vendida em 2014 para a Amazon por quase US$ 1 bilhão, mesma quantia paga pela General Motors, dois anos depois, por outra investida da carteira, a Cruise Automation, de carros autônomos.
O melhor da obra são os relatos sobre os sucessos e derrotas do autor como olheiro de ideias ainda em ascensão. Como quando ajudou os criadores do Hotmail a vender a firma de e-mail gratuito para a Microsoft por US$ 400 milhões, US$ 50 milhões acima da oferta inicial; ou o dia em que perdeu a chance de financiar o Yahoo!, proposta que acabou na mesa da Sequoia Capital. “Reveses acontecem”, escreve. “Cabe a você aprender a lição e seguir em frente.”
Para as empresas em busca de conselhos de um dos maiores investidores do mundo, o volume fica devendo sobre o que realmente importa no momento do “valuation” (processo que estima o valor real de uma companhia). Tudo indica que essa análise ficará mais clara à medida que Draper, que virou um defensor ativo do mercado de criptomoedas, se torna mais “acessível”.
Desde 2017, ele comanda o reality show “Meet the Drapers” (episódios disponíveis no YouTube), que segue formato difundido nas TVs em que startups procuram patrocínio diante de jurados que analisam planos de negócios. Em três temporadas, estima-se que mais de 100 projetos se apresentaram, com aportes que somam US$ 4,5 milhões.
Neste ano, o programa escolheu a América Latina para garimpar projetos, com paradas que incluíam Chile, Uruguai e Brasil. Mas os empreendedores locais vão ter de esperar para receber um cheque assinado por Draper. Durante a etapa chilena da turnê, ele caiu de um cavalo num passeio, quebrou costelas e voltou para os EUA. A previsão é de voltar aqui só no segundo semestre. “Faça sacrifícios de curto prazo para alcançar o sucesso de longo prazo”, parece profetizar, no livro.
O bilionário que cria bilionários – como ser o herói de sua startup
Tim Draper Trad. Neuza Maria Simões Capelo Fundamento, 246 págs. R$ 94,80
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