Anfavea: 150 mil veículos deixaram de ser produzidos no ano por falta de semicondutores

Balanço divulgado pela associação indica que houve 16 paralisações de fábricas de janeiro a maio de 2022

O resultado das vendas internas de veículos em maio ficou 0,99% abaixo do mesmo mês de 2021, num total de 187,1 mil unidades. Os dirigentes do setor avaliam, no entanto, o resultado de forma positiva, já que na comparação com abril houve crescimento de 27%.

No acumulado do ano, a venda de 740 mil veículos representou uma retração de 17% na comparação com os primeiros cinco meses de 2021.

Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, o desafio do setor tem sido “entender qual é a demanda”, já que a falta de componentes atrapalha uma análise mais precisa. “Levando em conta a alta de juros e restrições de acesso ao crédito o resultado de maio foi impressionante”, destacou ao apresentar os resultados do setor em maio.

Aos poucos, segundo destacou Leite, a medida diária de vendas tem se recuperado, o ano começou com 6 mil veículos licenciados por dia em todo o país. Chegou a 7 mil em março e 8,5 mil em maio. O volume do mês passado se aproxima da média de maio de 2021, quando a média diária de emplacamentos no país alcançou 9 mil.

Produção

A falta dos semicondutores continua sendo o maior problema para a atividade da indústria automobilística. Balanço divulgado hoje pela Anfavea indica que de janeiro a maio, houve 16 paralisações de fábricas, num total de 331 dias inativos – 20, em média, por fábrica. Isso fez com que 150 mil veículos deixassem de ser produzidos.

A produção aumentou 6,8% em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado, num total de 205,9 mil veículos. Mas no acumulado do ano, o volume caiu 9,5%, com 888,1 mil unidades.

Para o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, a falta de semicondutores agora se soma à escassez de outros itens, como borrachas e resinas. Apesar disso, o dirigente disse que “a situação é menos crítica” do que nos meses anteriores.

Leite lembrou, durante a divulgação dos resultados de maio, que a produção acumulada de janeiro a maio ainda está abaixo do que foi, no mesmo período no ano anterior ao início da pandemia. De janeiro a maio de 2019 foram produzidas 1,2 milhão de unidades.

Além da falta de componentes, o dirigente apontou a crise logística e outras questões agravadas pelo conflito na Ucrânia e os “lockdowns na China”. “Quem dormia oito horas passou a dormir seis e quem dormia seis está agora dormindo quatro”, disse.

Exportações

Enquanto o comportamento da demanda interna ainda é uma incógnita, em razão da falta de componentes, a demanda no exterior por veículos produzidos no Brasil continua firme. De janeiro a maio, foram embarcados 198,9 mil veículos. Isso representou um avanço de 19,4% na comparação com os primeiros cinco meses de 2021. A receita nesse período alcançou US$ 3,8 bilhões, 27% mais que no mesmo período de 2021.

Como resultado das vendas em países vizinhos e melhora da demanda em mercados como do Chile e Colômbia, o resultado em maio também foi positivo, com crescimento de 24,6% nas vendas externas, num total de 46,1 mil veículos. Os volumes embarcados no mês passado somaram receita de US$ 943,8 milhões, valor 27% acima do que o total de divisas obtido em maio de 2021.

Quadro de funcionários

As montadoras instaladas no Brasil encerraram maio com 101,8 mil funcionários. Isso representou uma estabilidade, segundo a entidade, na comparação com o mês anterior.

Em relação há um ano, porém, houve queda de 2,2%. Antes da pandemia, em maio de 2019, a indústria automobilística empregava 110,2 mil profissionais.