Semana tem IPCA-15, inflação preferida do Fed e medidas decisivas para promessa de Haddad

Congresso deve votar projetos que aumentam a arrecadação do governo, em meio ao consenso de que o ministro da Fazenda não vai conseguir zerar o déficit em 2024

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, refletirá o sentimento de muitos brasileiros nesta semana que vai começar. Haddad certamente não vê a hora de ter garantido na conta aquele dinheiro para cumprir compromissos e tirar do papel os seus planos. Mas qual o sentido dessa ligação? A Inteligência Financeira explica a seguir e destaca o calendário econômico dos assuntos para acompanhar nos próximos dias.

Bem, antes de tudo, o dia 30 de novembro (próxima quinta) é quando as empresas, por lei, pagam a primeira parcela do 13º salário. Assim, a remuneração extra no fim do ano é muito aguardada pelos trabalhadores. Se você tem alguma dúvida, aqui recomendo um conteúdo nosso que responde 14 questões comuns sobre o benefício.

Seguindo. O recurso adicional em circulação é bom para aquecer a economia, o que por si só ajuda o trabalho de Haddad. Mas a referência no começo do texto foi mesmo pelo fato de o ministro da Fazenda estar urgentemente precisando aumentar a arrecadação do governo. Como?

Congresso amigo de Haddad?

Senado e Câmara devem votar nesta semana medidas decisivas para as pretensões de Haddad. Isso em um momento em que praticamente ninguém no mercado financeiro acredita que o ministro vai cumprir a promessa de zerar o déficit fiscal em 2024.

Lá no Senado, sobretudo, a discussão envolve a aprovação do projeto de taxação de fundos offshore e fundos exclusivos, além da regulamentação do imposto sobre apostas esportivas (as famosas bets).

Já na Câmara, deve ser definido o calendário para apreciação final da reforma tributária.

Outra pauta de interesse de Haddad na Casa é a MP da Subvenção, que altera a tributação de grandes empresas que recebem benefícios fiscais dos Estados e também promete turbinar os cofres do governo no ano que vem.

Não há uma data específica de quando cada projeto será de fato votado nos próximos dias. Contudo, as principais lideranças políticas do país devem participar da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP28), que ocorre de 30 de novembro a 12 de dezembro, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.

Por isso, a expectativa é de muita articulação em Brasília e sessões no Congresso até tarde da noite. Resta saber se Haddad fechará a semana mais perto ou ainda distante do compromisso de fechar as contas no azul no ano que vem.

Foco no IPCA-15 e no PCE

Agora destacando os indicadores, o calendário econômico tem uma agenda repleta de dados relevantes para as próximas decisões monetárias no Brasil e nos Estados Unidos.

Por aqui, o IPCA-15 de novembro sairá na terça (28) pela manhã. A prévia da inflação do mês deve ser pressionada especialmente pela alta nos preços dos alimentos. Na outra ponta, a expectativa é de um alívio nos valores da gasolina.

Como nas leituras anteriores, os agentes financeiros estarão concentrados na variação dos itens ligados aos serviços, como passagens aéreas, transporte público, telefonia, internet e outras atividades prestadas às famílias.

Essa tem sido uma das principais métricas monitoradas e mencionadas pelo Banco Central para indicar o ritmo de cortes da taxa Selic.

Ainda teremos na pauta doméstica dados do mercado de trabalho de outubro, com o Caged na terça (28) e a PNAD Contínua na quinta (30). A arrecadação federal está prevista já para esta segunda (27), enquanto o desempenho da produção industrial de outubro será informado na sexta (1).

No cenário internacional, os Estados Unidos informam na quinta (30) o índice de preços de gastos com consumo (PCE) de outubro. Esse é o principal indicador de inflação observado pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano) na formulação de sua política monetária.

Por fim, como é importante frisar, dados fortes do PCE tendem a sinalizar que os juros no país vão seguir altos (atualmente no intervalo de 5,25% a 5,50%) por um bom tempo mais. Mas números reiterando um processo desinflacionário firme podem alimentar o debate de quando o Fed irá começar a baixar as taxas.

Calendário econômico – 27 de novembro a 1 de dezembro

Segunda (27)

08h00: Sondagem da construção de novembro (Ibre-FGV)
08h25: Boletim Focus (Banco Central)
10h30: Arrecadação federal de outubro (Receita Federal)

Terça (28)

08h00: Sondagem da indústria de novembro (Ibre-FGV)
09h00: IPCA-15/Prévia da inflação de novembro (IBGE)
13h00: Caged/Cadastro Geral de Empregados e Desempregados de de outubro (Ministério do Trabalho)

Quarta (29)

08h00: IGP-M/Inflação do aluguel de novembro (Ibre-FGV)
08h00: Sondagem de serviços de novembro (Ibre-FGV)
08h00: Sondagem do comércio de novembro (Ibre-FGV)
16h00: Livro Bege do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA)

Quinta (30)

Sem horário definido: Reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional)
07h00: Inflação de novembro na zona do euro
09h00: PNAD Contínua/Taxa de desemprego de outubro (IBGE)
10h30: Índice de preços de gastos com consumo (PCE) de outubro nos EUA

Sexta (1)

09h00: Produção industrial de outubro (IBGE)