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A aquisição reforça a estratégia de ser uma “House of brands” e consolida a atuação no mercado de moda de alta renda
O grupo Arezzo &Co dá seus primeiros passos no mercado de vestuário feminino, tão almejado pelo presidente do grupo, Alexandre Birman. Na manhã desta terça-feira, a companhia está anunciando a compra da marca de luxo Carol Bassi, de Anna Carolina Bassi, por R$ 180 milhões, valor que pode chegar a R$ 220 milhões caso metas de desempenho sejam até 2025. O pagamento da operação será divido em parcelas.
Na aposta pelo armário das mulheres brasileiras, a aquisição da marca se soma à primeira coleção da Schutz, uma das principais marcas de calçados do grupo, e às primeiras peças da Reserva, marca de moda masculina adquirida no último trimestre do ano passado. Não é à toa. O mercado endereçável de roupas femininas para as classes AB (renda familiar média de R$ 10,5 mil a R$ 23 mil), diz o grupo, é de R$ 15 bilhões.
A marca Carol Bassi foi criada pela estilista paulistana em 2014, dentro da loja de outro negócio de sua família, a Guaraná Brasil. Hoje são duas lojas, em São Paulo e no Rio, e presença em 90 pontos multimarca em mais de 20 Estados. O faturamento mensal das lojas próprias chega a R$ 3,5 milhões. A estimativa de receita bruta para 2022 é de R$ 110 milhões, com Ebitda (lucro líquido antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 32 milhões.
Com a marca, a Arezzo & Co não ganha musculatura industrial como se esperava com a aquisição da Hering, que não vingou (o grupo Hering não aceitou a proposta e, pouco depois, vendeu a operação para o Grupo Soma, das marcas Farm e Animale). Mas reforça sua estratégia de ser uma “House of brands” e consolida a atuação no mercado de moda de alta renda , que, além de estável, está vivendo momento de crescimento.
De acordo com o grupo, a marca tem forte comunidade digital. São mais de 320 mil seguidores no Instagram e 55 grupos no Whatsapp, onde as vendedoras atualizam com informações sobre os lançamentos duas vezes ao dia, para mais de 8 mil mulheres da classe A. Além disso, nenhum produto é vendido com desconto. As peças restantes de coleções são utilizadas em bazares filantrópicos, cuja renda é revertida para projetos sociais.
O objetivo, aponta o grupo em sua apresentação sobre a aquisição, é colocar a marca em seu ecossistema digital para vendas on-line e também criar seu próprio canal de vendas na internet, que hoje não existe. Nas lojas físicas, também poderá haver integração entre as marcas do grupo.
Além disso, a Arezzo &Co (dona, entre outras marcas, da Arezzo, da Schutz e AnaCapri) pretende desenvolver categorias de calçados e bolsas para a Carol Bassi, com preço médio de R$ 890 para calçados e R$ 2 mil para bolsas.
A operação é feita diretamente pela ZZAB, subsidiária da Arezzo &Co e não depende de aprovação em assembleia. O escritório Stocche Forbes assessorou a Arezzo e o Itaú BBA e o BMA Advogados, a Carol Bassi. A fundadora, Anna Carolina Bassi, e o administrador da empresa, Caio Campos, permanecerão vinculados à marca no mínimo até 2025.