A Embraer (EMBR3) já anunciou que vai voltar a pagar dividendos no primeiro trimestre de 2025. Com isso, a companhia volta a distribuir proventos depois de quase sete anos. E a expectativa é que os proventos da companhia voltem a beneficiar seus acionistas num horizonte de curto e médio prazos.
“Como a gente não planeja prejuízo, então isso deve continuar para os próximos anos”, diz Antonio Carlos Garcia, vice-presidente executivo e CFO da Embraer em entrevista exclusiva à Inteligência Financeira.
O executivo conta que ele e seu CEO, Francisco Gomes Neto, planejavam desde a entrada na empresa, entre 2019 e 2020, algumas etapas de crescimento. Elas foram concretizadas até que a companhia voltasse a pagar proventos.
“Para recuperar a empresa, a gente imaginava crescer a receita, depois, começar a gerar resultados operacionais melhores… começar a gerar caixa”, diz Garcia. O próximo passo do “sonho” de reconstrução da Embraer era: “voltar a pagar dividendos. “E chegou esse momento”, complementa.
Dividendos da Embraer serão acompanhados por política de investimentos
A escalada da empresa ajudou a criar uma base maior e mais sólida de investidores, que acreditam nos fundamentos da companhia. “Então, nada mais justo do que reverter um pouco do lucro da empresa (para os investidores em forma de dividendos)”. É o que diz Garcia.
Contudo, o executivo ressalta que a Embraer “não é uma empresa de commodity, que paga aquele super, hiperdividendo”.
Portanto, a remuneração deve ser discreta em relação a players de outros setores. E isso tem um sentido, a necessidade de manter robustos os investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
Um dos braços mais promissores da companhia é a Eve, responsável pelo desenvolvimento do chamado carro voador. A proposta, caso funcione, reduzirá de uma hora para quinze minutos as viagens de até 100 quilômetros.
Há forte demanda pelo novo veículo. A companhia divulgou, no começo de 2024, ter quase três mil encomendas para os carros voadores. A promessa é de que a novidade esteja disponível ainda em 2025. Mas, para isso, a Embraer e sua subsidiária têm procurado dinheiro no mercado.
A Eve anunciou, em dezembro, a captação de uma linha de crédito de R$ 200 milhões com o BNDES. Anteriormente, em novembro, a Embraer já havia anunciado financiamento de R$ 290 milhões para a Eve junto ao Citibank.
Quando se trata especificamente da Embraer, as captações são ainda maiores. A empresa pegou R$ 1,1 bilhão também junto ao BNDES no final de 2024 para exportação de jatos.
Importância da mão de obra para sustentação dos resultados
A ressalva de Garcia tem embutido um significado que busca atingir não somente os investidores, mas os stakeholders no geral. A começar pela sua força de trabalho. “É bom ver não só os acionistas, mas também os funcionários felizes. Todo mundo contente com a empresa”, diz.
Nesse sentido, ele acrescenta: “Empresa de alta tecnologia tem que reinvestir também no seu capital para poder gerar lucros futuros”, responde.
Depois do cancelamento da fusão com a Boeing, a empresa chegou a perder funcionários de alto nível técnico para a concorrente. Cerca de 120 profissionais estratégicos deixaram a empresa rumo à companhia norte-americana.
Nesse sentido, há a preocupação do executivo em dividir os holofotes e incluir o mercado financeiro como parte do trabalho que fez da companhia um dos poucos casos de sucesso em 2024.
“A gente não trabalha para o mercado de capitais”, diz o executivo. “A gente trabalha para os nossos clientes, mas até por isso mesmo que a gente continua crescendo, porque a nossa carteira de pedidos firmes continua aumentando”, arremata.