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‘Investidor não gosta de incertezas’, diz Gilson Finkelsztain, CEO da B3
Para executivo, em entrevista à IF, falta uma agenda positiva por parte do governo Lula, o que reduz apetite do investidor por risco
O CEO da bolsa brasileira, a B3, Gilson Finkelsztain, disse em entrevista exclusiva à Inteligência Financeira, que o investidor não gosta de incerteza e que a vinda de investidores estrangeiros para o país já teve dias melhores.
“O investidor segue cético em relação ao Brasil. Falta uma agenda positiva por parte do governo”, afirmou Gilson em Nova York, durante a 16ª LatAm CEO Conference Itaú BBA
Para o executivo, o Brasil poderia ser a bola da vez da alocação, até porque “a intenção de investimento existe, mas falta mostrar um plano para os próximos meses”.
E o que o Brasil tem de bom para os investidores estrangeiros?
Segundo Gilson, o Brasil tem coisas boas, que fazem os investidores de fora colocar o país no radar. Tais como: o preço das commodities e uma moeda competitiva.
E, internamente, há cerca de um ano e meio as empresas pararam de abrir capital na bolsa (IPO) como vinham fazendo. “O mercado de ações demanda mais certezas”, disse Gilson.
Além disso, o interesse do investidor mudou. Agora, o que vale são as chamadas empresas de valor, nem tanto as classificadas como de alto crescimento.
Mesmo assim, Gilson acredita na retomada de captação em setores mais tradicionais, como energia e saneamento. “Mas os IPOs devem ficar mais para o final do ano e para o ano que vem. Há condições no Brasil para ter um mercado robusto, com mais liquidez no mercado secundário.”
Falta, segundo o executivo o país ter mais rigor fiscal, juros de um dígito, sem agentes que sufoquem o mercado de capitais.
A reforma tributária é outro assunto que está no radar do mercado financeiro. “O governo está correto em fazer uma reforma tributária. O investidor estrangeiro se refere ao Brasil como ‘um manicômio tributário’, porque é muito difícil entender e acompanhar essa dinâmica. Endereçar a reforma é interessante para o médio e longo prazos.”
Gilson fez também um breve raio X da B3 nos dias atuais. “A bolsa faz mais do que negociar ações. A B3 é uma grande avenida, onde investidores e emissores se encontram. Temos compromisso em fazer o Brasil galgar degraus na sofisticação do mercado de capitais. Mas ainda temos poucas empresas listadas, mercado de debêntures ainda é um mundo novo. Mas temos os mercados de derivativos e índices. A gente é a cozinha do mercado financeiro.”
Para Gilson, ter inteligência financeira é saber fazer o balanço entre prós e contras para os investimentos. “É pensar, não ser impulsivo, ter disciplina financeira. Sempre sendo fiel aos seus princípios.”
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