Com 1° trimestre, Santander (SANB11) vira chave no Brasil: o que o acionista deve saber agora

Unit do banco subiu quase 3% após resultado animador no 1° trimestre; CEO promete crescimento diferente para elevar rentabilidade nos próximos anos

“Daqui para frente, a cara do Santander Brasil (SANB11) vai ser diferente”. Esta foi a síntese da mensagem do presidente-executivo da instituição, Mario Leão, em apresentação a jornalistas nesta terça-feira.

O recado veio após o maior banco internacional no país reportar salto de 41% no lucro recorrente no primeiro trimestre, na comparação anual, para R$ 3 bilhões.

O resultado, acima das expectativas de analistas consultados pela Inteligência Financeira, refletiu a melhora numa série de indicadores.

Santander Brasil no 1° trimestre/2024

IndicadorTotalVariação anual
Rentabilidade sobre o patrimônio líquido (ROE)14,1%3,5 pontos percentuais
Carteira de crédito R$ 654 bilhões8,1%
Margem Financeira BrutaR$ 14,79 bilhões14,5%
Receita com tarifas e serviçosR$ 4,89 bilhões12,8%
Índice de inadimplência (90 dias)3,2%estável
Provisões para perdas com calotesR$ 6,04 bilhões-10,7%
Resultado da tesourariaR$ 333 milhões130%

Santander (SANB11): (Re)começa agora

Porém, mais do que uma caridosa melhora dos resultados operacionais (e do lucro), após cerca de dois anos sofrendo os efeitos combinados da pandemia e da mescla de inflação e juros altos, o Santander (SANB11) quer voltar a acelerar no Brasil num trajeto diferente, sinalizou Leão.

A mudança significa que os resultados do banco dependerão menos do braço de financiamento ao consumo, abandonando uma tradição de décadas.

Isso veio após uma sucessão de ciclos de crédito, com ampliação de oferta de crédito para o varejo, encerrados com picos de inadimplência e o banco sendo obrigado a desacelerar.

“A gente superestimou a capacidade de endividamento da baixa renda”, reconheceu Leão.

Então, agora a ideia é passar a servir ‘a base da pirâmide’ num modelo parecido com o que fazem os bancos digitais, como o Nubank (ROXO34).

Dessa forma, o objetivo é tornar lucrativa a operação com o público de baixa renda. Isoladamente, hoje ela dá prejuízo, admite Leão.

E isso envolverá:

  • Reduzir o número e o tamanho das agências e atendimento;
  • Voltar a aumentar a base de cartões e usar o produto como principal elo para oferta de crédito. Para empréstimos extras, o foco será naqueles como garantia e consignado;
  • Usar mais dados e melhor análise para oferecer produtos e serviços numa abordagem mais individual.

A companhia sintetizou essa ideia na campanha de mídia inaugurada no último final de semana, com o tema ‘Começa agora’.

Aposta na rentabilidade

Ao mesmo tempo, o banco aposta em nichos de mercado com melhores chances de receitas.

Dentre eles, está o negócio de pequenas e médias empresas, que o banco espera dobrar de tamanho nos próximos anos.

No público pessoa física, o foco é a média e alta renda, com ênfase em serviços como o de investimentos.

A Toro, braço de assessoria de investimentos do Santander (SANB11), fechou março com R$ 19,7 bilhões em recursos sob custódia.

Isso representa salto de 140% em 12 meses.

Enquanto isso a carteira de crédito do agronegócio teve incremento de 87% em 12 meses, enquanto a de consignado evoluiu 34%.

Virada?

O conjunto de resultados e previsões animadoras repercutiram na unit do Santander (SANB11), que subiu 2,74%, enquanto o Ibovespa caiu 1,1%.

O otimismo da sessão pode ilustrar a confiança do mercado na recuperação da franquia do espanhol Santander no país.

Segundo levantamento do WSJ Markets, das 26 casas de análise que acompanham os papéis do Santander (SANB11), 17 têm recomendação de compra ou overweight (acima da média do mercado).

Enquanto isso, oito instituições sugerem manutenção dos papéis do banco.

Apenas uma recomenda venda.