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O Itaú informou à CVM que de 40 pareceres contratados pelo ex-CFO Alexsandro Broedel, apenas 20 foram entregues. O banco encontrou indícios de irregularidades financeiras, com repasses de valores para Broedel. O caso está sob investigação interna.
O Itaú foi questionando pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre a notícia veiculada no fim de semana, de que o ex-vice-presidente financeiro, Alexsandro Broedel, contratava pareceres da empresa de Eliseu Martins e, por uma engenharia financeira que passaria por outras empresas, recebia parte do valor dos contratos.
Em resposta à CVM, o Itaú reafirma alguns dados que já tinha divulgado e diz que, de 40 pareceres contratados entre 2019 e 2024, foram entregues somente 20, sendo que 16 não foram encontrados e quatro não foram realizados. Os 40 contratos somam R$ 13,225 milhões, sendo que os 20 entregues atingem R$ 6,610 milhões.
“A companhia esclarece que, após meses de apurações internas, identificou que seu ex-administrador, Alexsandro Broedel Lopes, violou o Código de Ética do Itaú Unibanco ao exercer atividade externa remunerada incompatível com seu cargo e manter sociedade com fornecedor técnico-contábil do Grupo Itaú Unibanco, informações essas que foram omitidas nas declarações por ele prestadas anualmente à companhia, conforme seus procedimentos de governança e controles internos. O ex-administrador ainda atuou em conflito de interesses e em inobservância aos seus deveres fiduciários, transgredindo as regras internas e as leis aplicáveis, usando irregularmente as alçadas do seu cargo e aprovando contratações de pareceres e pagamentos, por subsidiária integral da companhia, para empresa ligada ao fornecedor do qual era sócio”, diz o banco.
O Itaú diz que, ao longo dos últimos meses, solicitou esclarecimentos ao ex-administrador e ao fornecedor, mas não recebeu explicações que pudessem refutar a conclusão dessas apurações internas.
Segundo o banco, foram encontrados fortes indícios de que o Martins redirecionava parte dos valores recebidos, no valor total de R$ 4,860 milhões entre 2019-2024, para contas de Broedel, usando empresa intermediária. Um anexo divulgado pelo banco mostra os porcentuais que seriam repassados ao ex-CFO, que ficam em média em 37%.
Um dos maiores repasses, de R$ 750 mil, foi feito em maio deste ano, relativos a cinco pareceres técnicos-contábeis, dos quais apenas um foi entregue, sobre taxas de desconto em perdas de recebíveis.
Uma das maiores referências em contabilidade do país, Martins diz que os trabalhos prestados para a instituição foram de pareceres técnicos e de consultoria, e que todos os serviços foram , com exceção de quatro que teriam sido pagos antecipadamente.
“Há vários materiais suporte das consultorias que foram feitos sem formalidade, algo de que me arrependo agora, dada a má-fé da interpretação dada pelo banco. Trabalho com aproximadamente seis outros colegas e temos inclusive a condição de só opinarmos verbalmente ou via parecer; assim, há opiniões que não geram parecer e não aparecem em qualquer documento. Mas são serviços efetivamente prestados, como todos os que fiz ao Itaú”, afirma.