Descubra ações que valorizam com a alta do dólar a R$ 5; mercado escolhe preferida

Algumas das maiores ações do Ibovespa se valorizam com a alta do dólar no exterior; mercado aponta uma como preferida para 2024

O dólar começou o ano mais forte contra o real brasileiro e em alta durante a maior parte do primeiro trimestre. Em 2024, por enquanto, a moeda norte-americana sobe cerca de 3% contra o real. Por outro lado, especialistas apontam que as principais ações brasileiras do Ibovespa que valorizam com a alta do dólar têm a maior parte de receitas com origem no exterior como Suzano (SUZB3), Vale (VALE3) e JBS (JBSS3), por exemplo.

O mercado aponta, principalmente, que ações dos setores de commodities, como papel e celulose, óleo e gás, minério e proteína se valorizam com o dólar alto.

Mas especialistas têm uma ação preferida.

Quais setores da bolsa se valorizam com o câmbio em alta?

O Ibovespa tem em sua carteira diversas empresas exportadoras cujas receitas são contabilizadas em dólar. Especialistas apontam que empresas de mineração, siderurgia, proteína animal, papel e celulose, agronegócio, petróleo e gás tendem a se valorizar na bolsa brasileira com o câmbio próximo à R$ 5.

E o dólar não deve mais variar tanto até o final do ano. Pelo menos esta é a previsão de economistas do mercado financeiro no Boletim Focus, que aponta o câmbio de R$ 4,95 ao final de 2024.

Exportadoras e suas ações se valorizam com a alta do dólar porque, além de terem receitas vindas da venda de commodities, boa parte dos custos operacionais são em real. Ou seja, com a subida do câmbio, a margem dessas empresas também aumenta, destaca Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.

O especialista ressalta que a alta do dólar tem maior impacto sobre empresas de papel e celulose e de mineração e siderurgia. “Os preços dessas commodities ditam muito sobre as vendas desses setores”, diz Massote

Contudo, para empresas como Vale (VALE3), Gerdau (GGBR4), entre outras, “alguns custos da cadeia produtiva podem ser dolarizados”.

O que significa que o avanço do dólar pode encarecer a operação das mineradoras e siderúrgicas.

Quais ações se valorizam com a alta do dólar, afinal?

Especialistas afirmam que algumas ações principais se destacam com a alta do dólar.

As ações de Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) podem ganhar tração à medida em que o dólar avança sobre o real, explica o diretor de investimentos da Trígono Capital, Roger Werner.

A volatilidade positiva para o câmbio também pode levar à valorização dos papéis de Vale (VALE3) e Gerdau (GGBR4). “Qualquer movimento do dólar também mexe com as ações da WEG (WEGE3), já que ela exporta maquinário para a China”, diz o gestor.

Além disso, Massote afirma que as ações de JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3) tendem a se valorizar com o dólar próximo a R$ 5.

Isso porque essas empresas “controlam melhor” os preços do boi no mercado interno e, com o avanço do câmbio, não precisam “repassar dinâmica do dólar para fornecedores”, diz o analista.

Dentro das companhias do agro, analistas citam a Boa Safra (SOJA3) como bem-posicionada em exportações.

Ação da Suzano (SUZB3) é preferida com dólar a R$ 5

Foi um consenso entre analistas ouvidos pela Inteligência Financeira de que a alocação preferida dentre ações que se valorizam com a alta do dólar é em Suzano (SUZB3).

O ativo da exportadora de papel e celulose é visto por Charo Alves, analista da Valor Investimentos, como uma proteção contra quedas da bolsa. “Acompanhamos vários pregões em que o Ibovespa está caindo enquanto as ações da Suzano estão subindo. Isso porque a empresa tem um hedge cambial. É um papel defensivo na carteira dos gestores”, diz.

De acordo com Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, a Suzano tem “o poder do reajuste de preços” a seu favor. “Há sim uma atratividade de seus múltiplos. Boa parte dos analistas devem ter citado Suzano pelo fato de ela ter anunciado o aumento de preços (de celulose) nos últimos 4 meses”.

Arbetman diz que mesmo com a variação da commodity, a Suzano deve se sair bem em 2024. Em relatório, o Itaú BBA recentemente revisou para cima a projeção de lucro líquido da exportadora para este ano, de R$ 7,8 bilhões para R$ 10,3 bilhões.

“Quando observamos o nível de preços de celulose de fibra curta exportados para a China, está num patamar que permite à Suzano continuar gerando caixa de forma forte. Além de financiar seu ciclo de investimentos atuais”, diz. “Isso explica o porquê da Suzano (SUZB3) ser nossa preferência”, completa.

Gustavo Harada, analista da Blackbird, também escolhe as ações da Suzano como principal da cesta de ativos que se valorizam com a alta do dólar.

“SUZB3 está bastante descontada, com múltiplos atrativos e abaixo da média histórica. Apesar de termos correção de celulose neste ano, ainda vejo ela como bastante atrativa”.