Itaú BBA e Empiricus recomendam compra de Nvidia após tombo
Em menos de 24 horas, o modelo de inteligência artificial da DeepSeek, a startup chinesa com menos de um ano de vida, abalou o mercado financeiro global. Assim, provocou o tombo de 17% nas ações da Nvidia (NVDC34), na bolsa de Nova York.
A fabricante americana de processadores perdeu US$ 592,7 bilhões em valor de mercado na segunda-feira (27). Na noite de segunda, a Nvidia estava avaliada em US$ 2,9 trilhões, perdendo o posto de maior empresa do mercado americano, ficando atrás da Apple e Microsoft.
Para o Itaú BBA, o tombo das ações da Nvidia oferece uma oportunidade de compra para o investidor.
O banco não se diz preocupado com a pressão da DeepSeek sobre o papel. Logo, recomenda compra da ação entre US$ 100 e US$ 80, caso ela recue ainda mais. Na segunda-feira, a o papel da Nvidia fechou a sessão cotado US$ 118.
“Não vemos risco material para a Nvidia”, dizem analistas do Itaú BBA.
Há quem prefira ficar de fora da concentração das Magnificent 7. Tharcisio Santos, sócio do family office Vita Investimentos, tem aconselhado clientes a diversificar ao investir em ações no exterior para fugir do risco de queda dos ativos de empresas de tecnologia.
“Recomendamos a clientes que invistam em ETFs (fundos de índice) como o RSP”, diz Vita. Ele sugere alocar em fundos onde o peso das ações no índice é igual e “não levando em conta o tamanho das empresas”. Ao contrário do S&P 500, onde ações tem pesos distintos.
Ações de tecnologia: US$1 trilhão de perda em um dia
A IA da China derrubou outras ações, além da Nvidia. Os papéis de Google e Microsoft recuaram 4,03% e 2,36%, respectivamente, na segunda-feira (27). No geral, as empresas de tecnologia dos EUA perderam US$1 trilhão com o avanço da inteligência artificial chinesa.
Para gestores, analistas e especialistas em IA, a DeepSeek é o primeiro caso bem-sucedido a rivalizar com as big techs americanas.
Caso se confirme como uma alternativa viável, o modelo de IA da China pode ser uma resposta barata aos investimentos exorbitantes demandados pelas empresas americanas. A Microsoft, por exemplo, declarou que deve desembolsar US$ 80 bilhões para infraestrutura em IA. Daí, a DeepSeek ser capaz de derrubar o valor de mercados das big techs.
Além disso, o sucesso da DeepSeek, caso confirmado, pode afetar a demanda por processadores da Nvidia, o que prejudicaria o seu valor de mercado. Ainda assim, a queda das ações (NVDC34) cria oportunidade de compra, diz em contrapartida o Itaú BBA.
Barata e rápida: DeepSeek é ‘Sputnik 2.0’ na corrida por IA
A DeepSeek inaugura uma verdadeira corrida pela supremacia da inteligência artificial entre Estados Unidos e China, dizem gestores de mercado que operam ativos no exterior à Inteligência Financeira.
A startup chinesa afirma ter usado um orçamento de US$ 5,6 milhões para treinar sua IA. Enquanto isso, a Open AI, conhecida pelo sucesso do Chat GPT, costuma investir US$ 100 milhões em treinamento de seus modelos.
A entrada da DeepSeek no mercado marca, assim, um momento “Sputnik 2.0” na corrida pela IA generativa, afirma Pedro Pfeilsticker, analista de tecnologia da Empiricus Gestão.
O mercado se surpreendeu com o lançamento da China porque imaginava que os EUA tinham “liderança disparada” sobre IA, diz Leonardo Otero, gestor da Arbor Capital. “Até porque havia sanções de chips e hardware exportado dos EUA para a China”, completa.
Nesse sentido, a DeepSeek ainda surpreende porque ela “obteve respostas a testes humanos que são tão boas quanto as do Chat GPT”, diz o professor de Ciência de Dados da ESPM, Carlos Rafael Gimenes das Neves.
Resposta do mercado foi “exagerada”
O principal impacto negativo foi sentido pelas ações da Nvidia. Especialistas dizem que a DeepSeek pode enfraquecer investimentos bilionários em hardware para inteligência artificial.
O mercado acredita que a demanda por placas gráficas da Nvidia pode diminuir no curto prazo devido à DeepSeek, diz Otero. Além disso, como a IA da China é mais barata, o setor começa a rever todo o custo de capital investido para transformar terrenos enormes em centros de dados.
“A Nvidia era muito claramente a referência na corrida para construir computadores de ponta, mas a DeepSeek coloca uma interrogação nessa premissa. Quando todos apontam para uma tese e surge um fator apontando para outro lado, o mercado balança”, aponta Otero.
Existe, sobretudo, um temor de queda para o preço dos treinamentos que times da Nvidia realizam sobre seu hardware.
Além da Nvidia, empresas de tecnologia voltadas para armazenar dados também podem sofrer quedas na bolsa, diz Pfeilsticker.
Mas o analista diz que a resposta do mercado foi “exagerada”. Ele afirma que houve o movimento de “vender primeiro e perguntar depois” sobre as ações da Nvidia.
“Muito se falava sobre retorno dos investimentos em IA, e é natural”, afirma Pfeilsticker. “Esse contexto de analogia com crise a ‘bolha do .com’, naturalmente o mercado reage com pânico porque alega que a bolha estourou”, argumenta Pfeilsticker.
Em relatório, o Itaú BBA não descarta uma desvalorização das ações de semicondutores, como Nvidia e TSMC, por venda massiva de papéis.
Mas quem deve se desfazer dos ativos são “investidores não ligados ao setor de tecnologia, ou mais antenados no cenário macroeconômico”, explica o banco.
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