Natura (NTCO3) encerra pregão com forte alta depois de resultado melhor que o esperado

Apesar do prejuízo líquido de R$ 652,4 milhões, resultado veio acima da expectativa, dizem alguns analistas

As ações da Natura (NTCO3) fecharam com alta robusta na bolsa depois de a empresa apresentar os resultados relativos ao primeiro trimestre de 2023. A empresa teve prejuízo líquido de R$ 652,4 milhões, aumento de 1,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Apesar do prejuízo, o mercado tem entendido os resultados como mais positivos do que poderia se esperar. Com isso, as ações subiram 15,08%, com os papéis cotados a R$ 12,97. Nos últimos 12 meses, porém, a empresa registra queda de quase 15%, muito por conta da venda da Aesop.

Recomendação e preço-alvo

O Citi tem recomendação neutra de risco alto para as ações da Natura &Co, com preço-alvo de R$ 13, potencial de alta de 15,4% ante o fechamento de segunda na B3.

A recomendação da XP para os papéis ordinários da Natura &Co é de compra, com preço-alvo de R$ 22, o que representa potencial de alta de 95,2% ante o último fechamento.

O Goldman Sachs tem recomendação neutra, com preço-alvo em R$ 14, potencial de alta de 24,2%.

O Santander tem recomendação neutra para Natura &Co e preço-alvo em R$ 12,20.

O Itaú BBA tem recomendação de compra para as ações da Natura & Co, com preço-alvo de R$ 18, potencial de alta de 42%.

Santander: Natura supera expectativas

Os resultados da Natura &Co superaram expectativa no primeiro trimestre, com receitas um pouco pressionadas pela sazonalidade, mas margens e rentabilidade mostrando recuperação no período, diz o Santander.

Os analistas Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo escrevem que todas as linhas de negócio da companhia, retirando efeitos da Aesop, foram bem, em especial a Natura na América Latina.

“Com a empresa melhorando sua lucratividade e melhorando geração de caixa, o consumo de dinheiro caiu 34% no ano, ajudado por melhor dinâmica de capital de giro, com alavancagem se mantendo estável mesmo com sazonalidade pior”, comentam.

Goldman Sachs: 1º tri fraco, mas melhor que o esperado

Os resultados da Natura &Co no primeiro trimestre foram fracos, mas melhores do que o esperado, com margens acima do consenso do mercado, impulsionado por melhor mix e preços, diz o Goldman Sachs.

Os analistas Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini escreve que a melhor rentabilidade operacional é bem vinda, mas a geração de caixa continuou fraca por conta da alta necessidade de capital de giro.

“A diretoria reiterou que espera melhorias na conversão de caixa no ano como um todo, mas com certa volatilidade trimestre a trimestre”, afirma o banco. O desempenho operacional da Natura e Avon na América Latina foram destaque positivo.

O banco destaca que após a venda da Aesop agora eles querem ver uma melhora mais significativa nas margens da Natura &Co, com redução de gastos em mercados mais fracos e ajustes operacionais na The Body Shop e Avon International.

Citi: melhorias na América Latina

A Natura &Co reportou desempenho consistente da marca Natura no Brasil no primeiro trimestre, mas o destaque foi a melhora da margem na América Latina, reforçando o discurso da gestão sobre o foco na rentabilidade e confirmando os ganhos de sinergia entre Natura e Avon, diz o Citi, em relatório.

Os analistas João Pedro Soares, Felipe Reboredo e equipe escrevem que o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) veio 33% acima da projeção do Citi, graças às operações na América Latina, 38% acima da previsão.

A margem Ebitda superou a estimativa em 3 pontos percentuais, dizem eles, e a empresa descreveu essa expansão como uma combinação de aumento de preços, mix e disciplina de despesas com vendas, gerais e administrativas, consistente com a estratégia da atual administração. “Ainda precisamos entender se essa expansão de margem é sustentável.”

Segundo os analistas, na marca The Body Shop, as margens ainda estão voláteis, o que sugere que a reviravolta está em andamento. O outro tema importante é a desalavancagem decorrente dos recursos da venda da Aesop, e ainda não há clareza sobre o valor final a ser recebido, dado o potencial imposto sobre ganhos de capital, dizem.

Itaú: queima de caixa e resultados mistos

A Natura & Co reportou resultados mistos no primeiro trimestre, com receita líquida e lucro abaixo da projeção, e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) acima das estimativas, diz o Itaú BBA, em relatório.

Os analistas Thiago Macruz, Maria Clara Infantozzi e equipe escrevem que a marca Natura segue como destaque, com vendas crescendo 25% no Brasil, impulsionadas por volume e aumento anual de 20% na produtividade dos representantes de vendas.

Já a margem bruta cresceu em todas as unidades de negócios, uma tendência positiva que deve continuar à frente, embora em menor grau, e com avanço na margem Ebitda com destaque para a América Latina, dizem os analistas.

Segundo eles, a deterioração no fluxo de caixa livre reflete o aumento do capital de giro da Natura & Co na América Latina, principalmente devido ao crescimento mais forte da marca Natura. As despesas financeiras, por fim, cresceram devido ao maior endividamento bruto e maiores taxas de juros serão abordada com a venda da Aesop, dizem os analistas.

XP vê melhoria de margem

A Natura &Co apresentou melhoria de resultados no deste ano, com expansão de margem bruta, embora os números ainda estejam mistos, refletindo dificuldades da marca Avon. A análise é da XP.

A Natura &Co teve prejuízo de R$ 652 milhões no último trimestre, acima dos R$ 348 milhões estimados pela XP, em razão de maiores despesas financeiras. Já a receita líquida de R$ 8,02 bilhões superou em 3,2% as projeções.

Os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt destacam que a preparação da onda 2 de integração e a otimização do da Avon na América Latina também refletiram nos resultados. Já a Avon International, cuja receita líquida ficou 9,3% abaixo das projeções, passa por “um cenário macro desafiador”.

A XP destaca ainda o efeito negativo do câmbio para a holding. A receita líquida da Natura &Co caiu 3% em reais, mas avançou 3,4% em moeda constante.

A evolução de margem bruta, porém, foi o principal destaque dos números da Natura &Co. O indicador avançou 3,7 pontos percentuais, refletindo melhoria de preços e mix de produtos em todas as unidades de negócio, com exceção da Aesop.

Natura destaca sazonalidade negativa

O consumo de caixa de R$ 1,81 bilhão da Natura &Co no primeiro trimestre foi “alto” e “conforme o planejado”, refletindo a sazonalidade. A avaliação é do diretor-presidente da companhia, Fábio Barbosa, que participou há pouco da teleconferência de resultados.

O fluxo de caixa livre das operações continuadas da Natura &Co ficou negativo em R$ 1,81 bilhão entre janeiro e março, em comparação a uma saída de caixa de R$ 214 bilhões no mesmo período de 2022.

De acordo com o relatório de resultados, o desempenho reflete a formação de estoques para o segundo trimestre e as mudanças relacionadas à integração das marcas Natura e Avon na América Latina. Os executivos afirmam que a busca por melhoria na rentabilidade da Avon é imediata, como passo necessário par seguir com a integração com a Natura.

Ainda de acordo com a diretoria da Natura &Co, a receita da Avon no Brasil ficou praticamente estável no primeiro trimestre deste ano, com recuo de 0,6% ante o primeiro trimestre de 2022.

Na América Latina, a receita líquida da marca recuou 9,8% em moeda constante e 15,1% em reais. O segmento de “moda e casa” da Avon recuou 18%, em linha com a otimização de portfólio da companhia.

A diretoria, porém, destaca que o segmento no México representou 50% da receita, o que traz pressão adicional. A queda de receita no México e no Chile se refletiu em um recuo de 14,8% no faturamento de mercados hispânicos.

A Natura &Co Holding teve prejuízo líquido de R$ 652,4 milhões no primeiro trimestre deste ano, aumento de 1,4% sobre a perda líquida de R$ 643,1 milhões em igual período de 2022. A receita líquida caiu 2,8%, para R$ 8,02 bilhões.

Pressão sobre The Body Shop deve continuar

A marca The Body Shop teve “outro trimestre difícil” entre janeiro e março, de acordo com o diretor-presidente da Natura &Co, Fábio Barbosa, e a expectativa para o segundo trimestre é similar. A companhia promoveu há pouco teleconferência de resultados do primeiro trimestre deste ano.

A receita líquida da The Body Shop no último trimestre somou R$ 849,9 milhões, o que representa queda de 9,4% em moeda constante e de 16,5% em reais. A margem Ebitda ajustada da marca foi de 6,1%, recuo de 0,3 ponto percentual.

A expectativa da Natura &Co é de que a receita da marca se estabilize no segundo trimestre deste ano. O canal The Body Shop at Home, com forte atuação no Reino Unido, “continua em queda acentuada”. O relatório de resultados aponta que a venda ao consumidor final (sell-out) foi “ligeiramente melhor”, beneficiando o nível de estoque, embora algumas regiões ainda tenham estoques acima do reportado em 2019.

De acordo com a diretoria, a pressão inflacionária deve seguir em patamares similares ao atual até o final de 2023, que será “outro ano desafiador”. A Natura &Co, porém, afirma que a companhia tem “prioridades claras” e deve seguir focando em geração de caixa e melhoria de margens nos próximos trimestres.

A Natura &Co registrou prejuízo líquido de R$ 652,4 milhões no primeiro trimestre deste ano, alta de 1,4% em relação ao prejuízo do mesmo período de 2022. A receita líquida caiu 2,8% no comparativo anual, para R$ 8,02 bilhões.

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