- Home
- Mercado financeiro
- Ações do agro mostraram resiliência na B3 em 2021
Ações do agro mostraram resiliência na B3 em 2021
As empresas do agronegócio com mais estrada na bolsa escaparam da tendência geral das ações na bolsa brasileira em 2021 e acumularam valorização no ano, amparadas pela forte valorização das commodities agrícolas. Já as novatas do setor na B3 mostraram-se mais suscetíveis a ajustes e à volatilidade.
Das 14 empresas do agronegócio com capital aberto na bolsa, 11 fecharam 2021 com ações em alta, de acordo com levantamento do Valor Data. O destaque foi o segmento de carnes. A alta dos preços da carne bovina em escala global e das demais proteínas animais foram o principal motor da valorização dessas empresas, embora o aumento da pressão dos custos e o embargo da China ao Brasil por três meses e meio tenham gerado ruídos e limitado a valorização no segundo semestre.
A JBS e a Marfrig foram favorecidas pela maior exposição ao mercado americano, fator que permitiu a elas contornar os efeitos do embargo chinês ao Brasil. Os papéis da JBS subiram 76% no ano, com elevações mais pronunciadas no terceiro trimestre. As ações da Marfrig vieram logo atrás, com valorização de 73%.
A Minerva, por sua vez, foi um pouco penalizada por sua maior exposição ao Brasil e, consequentemente, ao longo período em que a China deixou de comprar carne do país depois de dois episódios de atípicos de “vaca louca”. No ano, as ações da companhia subiram de 15%, mas em boa parte do ano os valores ficaram abaixo dos registrados em 2020.
Já as ações da BRF encerraram 2021 com pouca variação em relação ao ano anterior. Suas ações subiram apenas 2% e amargaram forte queda na reta final, após divulgação de prejuízo no terceiro trimestre. O resultado refletiu a alta dos grãos e a queda dos preços dos suínos exportados à China.
A alta dos grãos turbinou as ações da SLC e, em menor medida, da Brasilagro. Com alta de 68% em 2021, a SLC viveu ainda um ano de forte expansão com a compra da rival Terra Santa e o arrendamento da Agrícola Xingu, o que ampliou sua área de cultivo em 40%. Já os papéis da Brasilagro subiram 27% no ano, embalados pelo follow-on realizado no início do ano e pelos ganhos com as terras em que cultiva cana no Nordeste, que escaparam da seca do Centro-Sul.
Do setor de cana, a veterana São Martinho foi o destaque, com alta de 34% no ano. Apesar de ter sido afetada por seca e geadas, como todo o setor, a companhia aproveitou a onda de alta dos combustíveis e a elevação do açúcar e do dólar para exportar o adoçante a valores remuneradores, garantindo boas margens no início da safra.
A novata Jalles Machado, que fez seu IPO em fevereiro, também aproveitou os preços favoráveis e ainda escapou dos problemas climáticos. No ano, seus papéis acumularam valorização de 29%.
Já a Raízen, que é líder do setor sucroalcooleiro e também atua em combustíveis e energia, não teve a mesma sorte. Sua abertura de capital ocorreu perto do fim da janela de IPOs e pegou um momento de refluxo do mercado, em meio à migração dos investidores da renda variável para a renda fixa conforme os juros começaram a subir e a economia, a fraquejar. Desde o IPO até o fim de 2021, seus papéis caíram 13%.
Outras novatas que também recuaram em seu ano de estreia na B3 foram a Agrogalaxy e a 3tentos, que atuam na distribuição de insumos: seus papéis caíram 22% e 21% no ano, respectivamente. Logo após os IPOs, as ações das duas companhias passaram por fortes ajustes e só começaram a reagir no fim do ano.
Já a Boa Safra Sementes e a Vittia, que também estrearam na B3 em 2021, dispararam assim que chegaram à bolsa e encerraram o ano com ganhos de 60% e 69%, respectivamente. Por fim, a veterana de bolsa Kepler Weber acumulou alta de 32% no ano.
Leia a seguir