Jensen Huang: quem é e o que pensa o CEO da Nvidia, cuja fortuna é de US$ 77 bilhões

Nvidia surfa na Inteligência Artificial e torna o seu CEO cada vez mais poderoso e rico

A Nvidia (NVDC34; NVDA), fabricante de chips para inteligência artificial, surpreendeu o mercado com um lucro líquido de US$ 12,285 bilhões no quarto trimestre fiscal de 2023, uma alta de 779% em comparação com o ano anterior. E não parou por aí. Quem analisa os números dos últimos 12 meses da empresa vai ver que a Nvidia teve um aumento de 221,92% em seu valor de mercado. E aqui entra um personagem importante dessa história: o CEO Jensen Huang, de 61 anos. Esse sucesso retumbante da companhia com o crescimento da Inteligência Artificial também está engordando os bolsos do manda-chuva da empresa.

Em abril do ano passado, quando foi lançada a última lista anual da Forbes, Huang era dono de uma fortuna de US$ 21,1 bilhões, o que o colocava como o 76º homem mais rico do mundo. Agora, de acordo com o ranking diário da publicação, o seu patrimônio triplicou, batendo os US$ 77 bilhões.

Mas quem é Huang, o que ele pensa e de onde vem tanto dinheiro?

Quem é Jensen Huang?

A principal fonte do patrimônio multibilionário de Jensen Huang não poderia ser outra senão a joia da coroa da sua trajetória profissional: a Nvidia.

Fundador da companhia, que abriu seu capital em 1999, o executivo ainda detém cerca de 3% da empresa, segundo a Forbes.

Nos últimos dias, com o boom após a divulgação de seu último balanço, a Nvidia passou a ver seu valor de mercado girar em torno de US$ 2 trilhões.

Como o dono da Nvidia ficou tão rico?

Jensen Huang fundou a Nvidia em 1993 com os sócios Chris Malachowsky and Curtis Priem e até hoje é o único presidente que a empresa já teve. Ele iniciou a empresa aos 30 anos, segundo a companhia, depois de trabalhar por cerca de uma década em outras duas empresas da área de semicondutores e chips de computador.

Ele é formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Oregon, com mestrado na mesma área pela Universidade de Stanford. Foi na faculdade em Oregon que Jensen Huang conheceu a sua esposa, Lori, que à época também trabalhava com o desenvolvimento de microchips.

Uma história curiosa é que, de acordo com o perfil publicado sobre Huang na revista The New Yorker, ele nasceu em Taiwan em 1963 e com 9 anos foi mandado com o irmão, duas crianças desacompanhadas, para viver nos Estados Unidos. Eles foram viver com um tio que, por engano, mandou Jensen para um reformatório, acreditando ser uma escola preparatória.

Como é de se prever, a vida de uma criança de origem asiática nos Estados Unidos dos anos 1970 não foi muito fácil. Isso porque, ele passou por momentos de bullying e discriminação. De acordo com o que conta um amigo, Huang conseguiu contornar e se colocar como uma espécie de liderança por ali. Alguns anos depois, os pais dele emigraram para os EUA e a família se reuniu.

O que pensa o poderoso e bilionário CEO da Nvidia

Para uma publicação especializada em tecnologia como a Wired, Jensen Huang é “o homem do momento, do ano, talvez da década”. Isso porque a Inteligência Artificial está de fato começando a ser uma realidade da economia global e nenhuma empresa parece tão bem posicionada quanto a Nvidia para fazer (muito) dinheiro com isso.

A New Yorker retrata Huang como alguém que evita os holofotes. Então, nas poucas entrevistas que dá, ele se diz uma pessoa introvertida, sem grandes diferenciais e que não faria nada de especial sem o seu time. Profissionais da Nvidia ouvidos pela reportagem o retratam no exato oposto: um entertainer ambicioso, rápido em aprender qualquer coisa e insubstituível.

Jensen Huang CEO da Nvidia
Jensen Huang, CEO da Nvidia, com a placa de vídeo GE Force RTX 4090. Foto: Divulgação/Nvidia

Mas o que esse homem, aparentemente tão poderoso, pensa sobre os negócios e o novo mundo que está ajudando a criar?

O planos e o método de gestão de Jensen Huang na Nvidia

  • “Somos uma companhia de plataformas”. Na entrevista para a Wired, ele definiu a Nvidia como uma empresa que tem como objetivo servir outras indústrias. “Nos cuidados de saúde, descobrir medicamentos não é a nossa expertise, mas a computação é. Construir carros não é nossa expertise, mas desenvolver computadores para carros que sejam incrivelmente bons em IA é a nossa expertise”.
  • “Esse ano é o começo de uma nova geração para nós”. “Há uma nova geração de GPUs (unidades de processamento gráfico, na sigla em inglês) a caminho e a performance do Blackwell (a nova GPU) é fora dos gráficos”, afirma.
  • Gestão sem hierarquia, divisões e tarefas fixas e com comunicações breves. Por exemplo, ele gosta que seus funcionários façam uma lista das 5 coisas que estão fazendo naquela semana — e que mudam toda semana.
  • Defende perseguir o “zero billion dollar market”. Ou seja, de se permitir explorar mercados inexistentes, produtos que hoje ninguém faz e que não se sabe para quem você venderia. Algo como imaginar que talvez a grande oportunidade esteja mesmo em tentar algo totalmente novo.
  • “Falhas devem ser compartilhadas”. E ele leva isso a sério. Para Jensen Huang, quando algo dá errado, quem está por trás do erro deve apresentar aos colegas passo a passo do que foi feito para que se aprenda com a tragédia.

O olhar de Huang para o futuro da inteligência artificial

  • “A regulação vai impedir a China de acessar as tecnologias em seu estado da arte”. Ele elogia a Huawei, “uma grande empresa”, mas prevê que as limitações geopolíticas dos chineses vão permitir que “o mundo ocidental” se mantenha à frente.
  • Próxima grande transformação permitirá conversas longas e repletas de contexto. Os state-space models (SSM) vão permitir, acredita, o aprendizado de longos padrões e sequências. Desse modo, ele prevê que, em breve, poderemos ter longas conversas com a máquina, que vai entender e vai lembrar os contextos.
  • “Robôs humanos devem estar ali na esquina”. Para a Wired, Jensen Huang afirmou: “Se você pode gerar textos, se você pode gerar imagens, você pode gerar movimento? A resposta é que provavelmente sim. E então, se você pode gerar movimento, você pode entender a intenção e criar uma versão generalizadamente articulada”.
  • Para Huang, IA será capaz de criar mundos tridimensionais que vão reproduzir a vida real. Ele acredita que unindo as pesquisas sobre IA com os conhecimentos gráficos da Nvidia será possível criar mundos digitais, com pessoas de aparência realista, uma espécie de ambiente de teste do nosso mundo. Robôs e carros autônomos, por exemplo, poderiam passar por treinamento com esses simuladores para o uso no dia a dia.
  • “Nenhuma IA deveria aprender sem um humano por cima”. No entanto, o próprio Jensen Huang estima que faltam dois ou três anos para que a Inteligência Artificial seja capaz de raciocinar sozinha.