Elon Musk ganha US$ 10 bi em um dia: como preço das ações afeta a fortuna dos mais ricos do mundo?

Rankings usam participação de empresários em companhias abertas para mensurar patrimônios

Há uma curiosidade natural pelas fortunas dos mais ricos do mundo. Afinal, de onde vem tanto dinheiro e como eles ficaram tão ricos? Por outro lado, é de se perguntar também o que significa dizer que Elon Musk tem uma fortuna estimada em US$ 243 bilhões?

Da mesma maneira, como a valorização das ações afeta essa conta e provoca ganhos de US$ 10 bilhões em um dia? Como o que o controlador da Tesla (TSLA34) teve na última atualização do ranking da Forbes, feita em 14 de novembro…

A explicação para isso é que Musk está longe de ter essa dinheirama toda, que hoje equivale a mais de R$ 1,1 trilhão, em uma conta corrente, por exemplo. Trata-se de uma estimativa calculada a partir das posses conhecidas, especialmente a participação em empresas.

“O cálculo é muito subjetivo e leva em consideração o que é possível mensurar, como participação em empresas, ações, obras de artes, marcas e patentes”, explica Marcos Milan, professor da FIA Business School, à Inteligência Financeira.

Portanto, quando as ações da Tesla sobem ou caem muito em um dia, a fortuna de Musk varia em bilhões de dólares. O crescimento em US$ 10 bilhões do controlador da Tesla ocorre após um mês de novembro em que as ações da montadora de carros elétricos já se valorizaram mais de 17%.

Na prática, no entanto, o valor que o empresário tem na conta não muda um centavo. “Mesmo que ele quisesse transformar tudo em espécie isso seria impossível. Não existe dinheiro impresso no mundo para a fortuna de Musk”, prossegue o especialista.

Como são calculadas as fortunas dos mais ricos do mundo?

Conhecidas por divulgarem rankings dos mais ricos do mundo, empresas como Bloomberg e Forbes citam em suas páginas oficiais os fatores utilizados nas contas.

“O ranking da Forbes considera até o que se sabe sobre imóveis, obras de arte, animais e rebanhos. O da Bloomberg é ativo menos passivo, ele considera apenas participação em empresas”, resume Marcos Milan.

Por exemplo, o caso de Musk. A Forbes leva em conta o valor de mercado estimado da Tesla, a proporção da empresa que ele possui atualmente e o valuation estimado de empresas de capital fechado que ele controla, como o X (antigo Twitter), a SpaceX e a Boring Company.

Outro exemplo, a conta que a Bloomberg faz para o francês Bernard Arnault, do grupo LVMH, dono de marcas de luxo como a Louis Vuitton.

A publicação considera que a participação de Arnault na Christian Dior (CDI) valha US$ 126 bilhões, enquanto o que ele possui diretamente nas ações da LVMH (MC) equivalha a US$ 25 bilhões.

O mais curioso é a estimativa de US$ 12,5 bilhões em reservas em dinheiro, sem especificar se em papel-moeda ou em algum tipo de conta corrente.

A Bloomberg explica que “as reservas em dinheiro foram estimadas com base em análises de dividendos, performance de mercado, transações internas, impostos e contribuições para a caridade”

Não se trata de uma ciência exata, pelo contrário. “Na prática, o fato é que eles podem ter muito mais ou muito menos do que o que está sendo estimado”, explica Marcos Milan.

Quem são os mais ricos do mundo?

As publicações chegam aos mesmos 10 nomes como sendo os mais ricos do mundo, apesar de diferenças em relação a ordem e aos valores estimados. No pódio, ambas consideram que o francês Bernard Arnault, do grupo LVMH, e o americano Jeff Bezos, da Amazon, se juntam a Musk.,

Completam ambas as listas o megainvestidor Warren Buffett (Berkshire Hathaway) e os bilionários da tecnologia Larry Ellison (Oracle), Mark Zuckerberg (Meta), Bill Gates e Steve Ballmer (Microsoft), Larry Page e Sergey Brin (Google).

Reportagem da Inteligência Financeira apresenta a trajetória e a origem das fortunas dos mais ricos do mundo.

No entanto, Marcos Milan ressalta que há fortunas que não estão aos olhos de quem acompanha o mercado. Por exemplo, as famílias reais dos países árabes, como a realeza da Arábia Saudita.

“A Casa de Saud tem patrimônio que já foi estimado em mais de US$ 1 trilhão, mas os integrantes da família não aparecem na lista. Nunca vamos ver nessas listas figuras como sheiks, ditadores e famílias reais figurando nas listas, apesar de toda a fortuna que possuem. É uma dinãmica econômica totalmente diferente”, explica o professor da FIA Business School.