Demissão: Como planejar as finanças e a carreira até a recolocação

Com organização e foco é possível passar por este período sem muita ansiedade e com olhar no que é importante: a busca por uma recolocação

Demissão: confira como se planejar. - Ilustração: Marcelo Andreguetti
Demissão: confira como se planejar. - Ilustração: Marcelo Andreguetti

A gente sabe que passar por uma demissão não é nada agradável. Afinal de contas, os boletos não irão parar de chegar enquanto estivermos sem emprego, não é mesmo? Mas para tentar aliviar um pouco esta tensão, é importante seguir um bom planejamento financeiro e de carreira também.

E como sempre, nós, da Inteligência Financeira, estamos aqui para dar aquela ajudinha e te mostrar os passos para conseguir manter o seu bolso estável enquanto você procura uma ótima recolocação.

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Planejamento para diferentes situações de demissão

Por isso, pedimos a ajuda de alguns especialistas que deram dicas de como realizar estes dois planejamentos. E o melhor, em diferentes situações em que você:

  • está pensando que será demitido;
  • foi demitido;
  • está tendo dificuldades em retornar ao mercado de trabalho.

Bora lá para mais este aprendizado do dia?

Acho que serei demitido

Você pode ou não ser ansioso, mas uma coisa é fato: a insegurança no emprego mexe com todo mundo. Portanto, se você não para de pensar que pode sofrer uma demissão a qualquer momento, é mais do que hora de focar no planejamento financeiro e analisar o que fazer com sua carreira.

Foco no seu bolso antes da demissão

“Desse modo, você já pode iniciar cortes preventivos nas despesas da sua casa, formar reserva e realizar uma projeção de como ficaria a sua situação caso realmente fosse demitido. Assim, é possível identificar se será necessário formar uma reserva maior, vender algum bem, mudar para um imóvel mais simples ou se a situação não exige grandes movimentos”, explica Lai Santiago, educadora financeira da fintech de crédito Open Co.

Além disso, se você ainda não tem um dinheiro guardado para urgências, corre que, mais do que nunca, a hora é agora. Então, neste caso, de quanto precisaria ser a reserva de emergência pensando na demissão?

“O recomendável é acumular um valor suficiente para garantir ao menos 6 meses de gastos mensais (despesas fixas, como aluguel, alimentação, transporte, plano de saúde e outros). O montante pode ficar reservado em um investimento ultraconservador, como o Tesouro Selic ou um CDB de liquidez diária que renda ao menos 100% do CDI”, aponta Lai.

De olho no mercado depois da demissão

Uma boa tentativa de evitar uma surpresa (já esperada, no caso) é se antecipar a esta possível demissão. De que maneira? Valesca Chagas, gestora de carreiras, dá a letra:

  • Mantenha seu networking ativo. Converse sempre com pessoas que você já trabalhou, conheça novas pessoas, troque ideias sobre sua área de trabalho, ajude pessoas no dia a dia. “Faça isso sem esperar nada em troca e mantenha contato com elas. Se, por ventura, você perder o emprego nesse período, fica muito mais fácil ativar os contatos que já mantém no dia a dia”, afirma a gestora.
  • Esteja em constante aprendizado. Seja com leituras, cursos de extensão, ou gratuitos (não faltam opções na internet). Um profissional que se mantém aprendendo sempre, demonstra que é comprometido com sua carreira e que está sempre atualizado.
  • Mantenha suas redes sociais atualizadas e busque conexão com profissionais. “O LinkedIn (por exemplo) é uma excelente ferramenta para fazer contatos na sua área. É interessante também fazer posts sobre sua área de atuação e trabalho atual, que acaba sendo uma forma de ser visto por mais profissionais”, ensina Valesca.

Fui demitido, e agora?

Se o fatídico “corte” chegou pra você, força por aí. Não deixe se abater. Afinal de contas, é hora de focar no que é importante agora: o seu dinheiro e a sua carreira.

Momento de reduzir gastos

“Em caso de a pessoa ter se surpreendido com uma demissão inesperada e não se planejou antecipadamente, vejo uma imediata necessidade de utilização do recurso recebido na demissão. Será necessário planejamento imediato com foco na redução principalmente das despesas fixas”, indica Sidney Lima, analista da Top Gain.

Então, o momento é de ajustar a sua projeção de gastos, levando em consideração a retirada mensal que precisará ser feita da sua reserva financeira. E uma dica importante: realize apenas uma retirada mensal. Isto porque, ao fazer pequenos resgates ao longo do mês, pode dar uma falsa sensação de tranquilidade financeira e uma percepção distorcida de como está a realidade da sua família.

“A gente passa a usar um recurso que a economia comportamental chama de ‘contabilidade mental’. Este conceito consiste basicamente em realizar estimativas a partir de deduções e impressões, em vez de basear o processo decisório em cálculos exatos”, explica a educadora financeira.

E quanto ao valor necessário para passar o período desempregado sem grandes preocupações? Os especialistas afirmam que a premissa é a mesma: pelo menos 6 meses de gastos mensais. Mas, neste caso, você pode utilizar o FGTS ou a multa rescisória para compor a reserva, que deve estar alocada em algum ativo financeiro também ultraconservador e de liquidez diária, claro.

É hora de montar um bom currículo

Não tem como negar que, muitas vezes, o baque de uma demissão é bem grande. Por isso, antes de você começar a saga por uma recolocação, descanse alguns dias. É importante colocar a cabeça no lugar para poder voltar com toda a força para o mercado de trabalho.

Além disso, o momento é bastante propício para desenvolver habilidades que possam servir para melhorar o currículo. “Participe de eventos na sua área e monte um bom currículo que descreva suas habilidades”, diz Amanda Coelho, empreendedora e especialista em carreira.

Inclusive, não se esqueça de fazer contatos com pessoas conhecidas, para informar que está disponível no mercado de trabalho e tentar identificar se tem alguma vaga. “Sem esquecer, claro, de realizar buscas em sites que divulgam vagas de emprego e se candidatar”, acrescenta Valesca.

Outra questão muito importante é saber trabalhar a ansiedade. Isso porque, de acordo com especialistas em Recursos Humanos, geralmente, o profissional demora cerca de 6 meses para se recolocar. Claro que este tempo pode variar para menos ou para mais. Por isso, o ideal é tentar se manter calmo e focado na busca por um bom emprego.

Fui demitido e sem perspectiva de voltar ao mercado de trabalho

Esta situação é mais delicada e requer um trabalho um pouco mais aprofundado em ambos os lados: finanças e carreira.

Orçamento de guerra

Para tentar passar por esse período pós demissão de uma forma mais calma, é necessário partir para o chamado “orçamento de guerra”. Ou seja, redução drástica do padrão de vida, para manter apenas o essencial e direcionar todos os esforços para geração de renda extra, até mesmo fora da sua área de trabalho.

“Pode ser o caso de você avaliar a necessidade de se desfazer de um bem maior, como um carro ou um imóvel, para conseguir mais tempo para se capacitar e buscar outras oportunidades, por exemplo”, aconselha Lai.

Ainda assim, a educadora financeira alerta que é importante se atentar para o surgimento de um viés comportamental que pode vir a atrapalhar tudo: o efeito posse.

“A gente tende a acreditar que aquilo que é nosso vale muito mais do que aquilo que é dos outros, ainda que a gente esteja tratando do mesmo bem. Isso pode ser uma barreira muito grande ao vender bens duráveis e pode atrasar todo o processo, porque você acaba se apegando a uma decisão equivocada sob o argumento de que o imóvel ou carro vale mais que isso”, explica.

Dessa forma, o ideal é pedir ajuda especializada de um consultor financeiro. Afinal, ele vai conseguir avaliar de maneira mais criteriosa os cenários possíveis e vai ajudar você a tomar uma decisão mais assertiva.

Guarde dinheiro pensando no longo prazo

Quando está difícil encontrar um futuro depois da demissão, a reserva de dinheiro é um pouco diferente: o montante guardado deve ser o equivalente a 12 meses das suas despesas fixas.

Aliás, mais um ponto de atenção: quando falamos em se organizar para enfrentar este período maior pós demissão, a maioria das pessoas acaba pensando: “eu vou reduzir aqueles gastos supérfluos de lazer.”

Só que são essas despesas que fazem com que você tenha motivação. “Então, se a gente retira por completo o lazer, é gerada uma sobrecarga, que se transforma em estresse e acaba por desencadear em decisões financeiras mais impulsivas”, alerta Lai.

Por isso, faz mais sentido olhar para aqueles gastos que são mais significativos dentro de um orçamento, como por exemplo aluguel, condomínio, carro, entre outros.

“E é a partir desse orçamento remodelado que a gente vai mensurar de quanto deve ser a reserva para esse período”, afirma a educadora financeira.

Feito isto, portanto, onde guardar essa valor juntamente com o FGTS e a multa rescisória? Em um investimento com alta liquidez, estável e com baixa volatilidade.

“Acima de tudo, precisam ser ativos de baixo risco e baixo risco de crédito, ou seja, que não apresentem um risco elevado de sua instituição de origem vir a falência e, dessa forma, perder o dinheiro. Isso significa que a gente precisa selecionar apenas aqueles que tenham cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) ou alternativas do Tesouro Direto”, aponta Lai.

No caso do Tesouro Direto, a educadora financeira acredita que o Tesouro Selic faça mais sentido, porque é melhor orientado para o curto prazo, devido à baixa volatilidade e alta liquidez.

“Para a renda fixa, podemos optar por CDBs, LCIs ou LCAs. Todos eles tem cobertura do FGC”, afirma.

Atenção especial à carreira pós demissão

Se a ideia de mudar de profissão não lhe agrada muito, então, é necessário seguir alguns passos para conseguir a tão sonhada recolocação:

  • Analise o que é pedido nos anúncios das vagas que você busca. “Avalie o seguinte: eu tenho essas competências esperadas? Em relação ao conhecimento técnico, eu preciso me atualizar de algo? Consigo fazer esse curso nesse momento?”, explica Valesca.
  • Networking. Converse com as pessoas que conhece e fale que está buscando recolocação; participe de grupos do WhatssAp com contatos da sua área (geralmente divulgam vagas nesses canais); busque participar de eventos da sua área e conheça novas pessoas. Afinal, quanto mais pessoas souberem o que você busca, mais aumentam as chances de ser indicado quando a oportunidade aparecer.
  • Se mantenha ativo nas redes sociais. Além das inscrições em vagas, comente publicações, escreva conteúdos da sua área e faça novas conexões. “Tudo isso aumentam as chances de mais pessoas te conhecerem”, aponta a gestora de carreiras.
  • Peça feedbacks das entrevistas. “É importante analisar o perfil das entrevistas e em que você pode estar sendo reprovado e buscar melhorias nos pontos apresentados pelos recrutadores”, aconselha Amanda Coelho.

Então, viu só quantas dicas bacanas para você seguir com ou sem demissão? Agora, é com você. Que tudo dê certo no seu planejamento financeiro e, claro, na busca por um novo desafio. Boa sorte!

@sigaif

Você está DE-MI-TI-DO! Eu sei que os boletos não esperam, mas fique calmo que a @Renata Franciscone têm dicas de como superar esse momento usando a reserva de emergência. #demissão #demitido #emprego #desemprego #trabalho #finanças #inteligenciafinanceira #sigaif #investimentos

♬ Authentic Professional Irish live music Celtic Violin – copanda
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