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Exclusivo: Caixa Econômica Federal vai financiar imóveis avaliados em mais de R$ 1,5 milhão
A Caixa Econômica Federal está entrando no financiamento imobiliário de mais alto padrão. A instituição começa nesta segunda-feira (2) a oferecer empréstimos para compra de imóveis avaliados em mais de R$ 1,5 milhão. Foi o que revelou à Inteligência Financeira o presidente-executivo da Caixa, Carlos Vieira.
Esse valor até aqui era o teto para empréstimos a partir de recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE). Segundo o executivo, o objetivo do banco é atender uma demanda reprimida do mercado.
E, para atender os pedidos, além do funding da poupança, a Caixa poderá também lançar mão de recursos da sua tesouraria.
Caixa: um olho no ritmo do mercado, outro na inadimplência
O movimento acontece enquanto o banco estatal busca um equilíbrio complexo: manter o ritmo das concessões num momento de alta de juros, mas sem deteriorar a qualidade da carteira.
Já responsável por quase 70% do financiamento imobiliário no país, a Caixa vem concentrando os novos pedidos de financiamento imobiliário. Isso porque os bancos privados vêm subindo os juros do financiamento, em linha com o Banco Central, que começou a elevar a Selic em setembro.
A Caixa, por outro lado, manteve a taxa de balcão na faixa de 10%. É a menor do mercado.
Vieira admitiu que o banco não terá outra alternativa a não ser também aumentar o juro do financiamento, como revelou a Inteligência Financeira semanas atrás.
Segundo ele, porém, a Caixa fará isso com maior moderação.
“A taxa (de juros) ficará ainda abaixo do mercado, seguiremos como líderes das menores taxas”, afirmou Vieira em entrevista exclusiva.
De outro lado, há a preocupação do banco em não ficar vulnerável ao aumento dos calotes.
No fim de setembro, dois terços da carteira total de empréstimos da Caixa, de R$ 1,2 trilhão, era de crédito para a compra da casa própria.
E o índice de atrasos acima de 90 dias no banco teve leve piora em relação a junho. Subiu de 2,2% para 2,27%.
Menos dinheiro da poupança para financiamento imobiliário
Simultaneamente, o dinheiro da poupança não vem acompanhando a crescente demanda do mercado por financiamento imobiliário.
Em 12 meses até outubro, as concessões de crédito para habitação pelo SBPE atingiram R$ 181 bilhões, aumento de 18% sobre o período anterior.
Enquanto isso, a caderneta de poupança já teve mais de R$ 200 bilhões em resgates líquidos nos últimos três anos, uma vez que os poupadores buscam outros produtos de investimentos mais rentáveis.
Dessa forma, o banco começou em outubro a criar restrições para essa linha, que financia imóveis de valores entre R$ 300 mil e R$ 1,5 milhão, com foco na classe média.
Dentre as limitações, estão a redução do teto de financiamento, de 80% para 70%.
O banco também vem aceitando menos portablidade, ou seja, a transferência de empréstimos com origem em outros bancos.
Caixa: de olho no público de alta renda
Segundo Vieira, o financiamento de imóveis de valor mais alto não é uma contradição, porque atende a demanda do mercado e a Caixa tem recursos.
A diferença é que, ao financiar imóveis mais caros, a Caixa tem algumas vantagens.
Primeiro porque os compradores desses bens muito frequentemente já estão indo para um segundo imóvel. Logo, podem vender o primeiro e dar um valor de entrada maior.
Depois, o banco pode mesclar a fonte de recursos entre poupança e instrumentos de mercado, como Letras de Crédito Imobiliário (LCI).
Assim, mesmo com taxas maiores do que as que pratica para a classe média, a Caixa teria juros ainda competitivos. Além disso, ao atender o público de mais alta renda, o banco também tenta atrair um público cada vez mais cobiçado pelo rivais privados.
Ao mesmo tempo em que costumam ter níveis de inadimplência menores, esses clientes permitem ao banco ter um relacionamento de longo prazo e vender mais produtos.
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