Dia dos Solteiros da China faz setor de tecnologia disparar na Bolsa de Hong Kong

As vendas no varejo on-line na China são acompanhadas de perto por investidores das gigantes tecnológicas do país

O avanço da China nas vendas no varejo on-line em outubro provocou um aumento nas ações de algumas das maiores empresas de internet do país.

O movimento está relacionado ao Dia dos Solteiros ou Double Eleven, que acontece todo dia 11 de novembro, e é um dos maiores momentos do varejo no mundo, comparável às datas de fim de novembro dos EUA, que envolvem a Black Friday e a Cyber Monday.  

As vendas no varejo on-line na China são acompanhadas de perto por investidores das gigantes tecnológicas do país, muitas das quais dependem de varejistas e comerciantes para gerar receita por meio de comércio eletrônico e publicidade.

O índice Hang Seng Tech, de Hong Kong, subiu 7,3% na terça-feira (15), depois que as ações do Alibaba Group Holding, Kuaishou Technology, JD e Bilibili dispararam com a notícia de que as vendas no varejo on-line de bens físicos na China aumentaram 7,2% nos primeiros 10 meses de 2022 em comparação com o ano anterior. Isso superou o aumento de 6,1% registrado no período de janeiro a setembro.

Porém, nesta quarta, as bolsas asiáticas fecharam em queda, com exceção de Tóquio. Hong Kong e Xangai reverteram parte dos resultados da terça-feira por conta da retração do setor imobiliário na China.

Embora Pequim não divulgue dados de um mês para as vendas no varejo on-line, os analistas estimam um aumento de 15% apenas em outubro, segundo cálculos do Citi, Jefferies e Nomura. Isso marcou o primeiro aumento acima de 10% desde o início do ano.

Uma razão para a força de outubro pode ser o início mais cedo do que o normal do evento de compras de comércio eletrônico Dia dos Solteiros, o maior evento promocional on-line anual da China que ocorre por volta de 11 de novembro.

Muitas plataformas, como a Tmall, da Alibaba, permitiram que os consumidores liquidassem os pagamentos em outubro deste ano, em contraste com o ano passado, quando os pagamentos finais ocorreram em novembro.

Além disso, uma série de surtos recentes de covid-19 e bloqueios parciais na China podem ter levado um número desproporcional de consumidores a fazer compras online. “Os gastos de consumo podem ter se deslocado mais para os canais online”, disseram analistas do Citi em relatório.

“Se nossa análise estiver correta, poderemos ver dados de vendas on-line de novembro bastante fracos”, acrescentam.

Abertura

Analistas indicam que a manutenção de uma retomada na China vai depender do afrouxamento de algumas restrições pandêmicas, que podem aumentar a confiança do consumidor.

“Podemos ver uma tendência relativamente decente em dezembro” se a política da covid-19 aumentar o sentimento do consumidor enquanto a reabertura e o clima mais frio levarem a gastos discricionários mais altos, disseram analistas do Citi. Mas “com grandes resultados de lucros nesta semana, o tom da administração sobre as perspectivas para o quarto trimestre estará em foco”, dizem os analistas do Citi.

Declínio anual

Outros analistas apontam para o fato de que as vendas totais no varejo da China caíram 0,5% em outubro em base anual, marcando o primeiro declínio em cinco meses. E os economistas avaliam que uma reviravolta é improvável até o final do ano, em parte porque as autoridades não parecem ter a intenção de abandonar totalmente as restrições da covid-19 tão cedo.

“Achamos que ainda é possível ver bloqueios intermitentes em algumas cidades, embora de maneira mais direcionada”, disse Tao Wang, economista-chefe para a China do UBS Investment Bank Research. “Isso continuaria pesando no consumo e nas atividades de serviços.”