Exclusiva: economista revela por que tantos brasileiros têm aderido ao trabalho autônomo

O economista Rodolpho Tobler, da FGV IBRE, afirma que, além de dinheiro, as pessoas buscam flexibilidade

Aumentou o desemprego e, por consequência, o número de pessoas atuando por conta própria. Muitos gostaram da experiência do trabalho autônomo e não querem mais voltar ao mercado formal.

Isto é, são autônomos que não têm funcionários e não trabalham para ninguém, a não ser exclusivamente para si próprio. Dessa forma, para saber mais sobre as motivações para esse comportamento, conversei com o economista da FGV IBRE, Rodolpho Tobler.

Por que as pessoas decidem trabalhar por conta própria?

Para a Inteligência Financeira, o economista menciona resultados da última pesquisa Sondagem do Mercado de Trabalho, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), feita com cerca de 2 mil pessoas entrevistadas.

O principal motivo para a migração ao trabalho autônomo, de acordo com o estudo, é colocar renda dentro de casa.

Ou seja, são pessoas que tinham carteira assinada e perderam suas ocupações entre 2014 e 2016. Então, partiram para o trabalho autônomo em busca de rendimento, explica Tobler. Mas essa não é a única razão.

Como segundo motivo, a pesquisa identificou que uma parte dos trabalhadores optou por atuar por conta própria devido à flexibilidade e à maior independência.

Mais tempo livre e sensação de bem-estar

Tobler explica que os autônomos entrevistados e que estão trabalhando em casa só apontam vantagens. Por exemplo, não perder tempo com deslocamento até o trabalho e, assim, aproveitar o tempo com outras atividades.

Diante da nova mudança estrutural do mercado de trabalho – uma tendência global –, Tobler avalia que o mais provável é que o emprego formal fique estagnado em 2023 no Brasil frente ao crescimento do número de trabalhadores autônomos.

Quais são as preocupações do trabalhador autônomo?

Na pesquisa, as pessoas citaram duas preocupações com o trabalho autônomo no longo prazo:

  1. Ter problema de saúde,
  2. Ficar incapacitado por alguns dias.

Outro temor é não conseguir cobrir as despesas do dia a dia. Segundo Tobler, é uma preocupação natural e a questão é como o governo, nesta nova estrutura de trabalho, poderia ajudar nisso.