Inflação em queda? Não é o que dizem os gestores

E mais: os profissionais apontam um cenário ainda pior do que o esperado
Pontos-chave:
  • De acordo com a avaliação dos profissionais, a projeção de queda da inflação é precipitada
  • Marcos Mollica, da Opportunity, avalia que a inflação vai demorar para cair

Pode sentar que a notícia não é muito agradável: o cenário de inflação e juros altos ao redor do mundo deve ser ainda pior do que o mercado espera, é o que aponta uma análise realizada por dois importantes gestores de fundos de investimento brasileiros, um da Opportunity e outro da Genoa.

De acordo com a avaliação desses profissionais, atualmente o mercado prevê que uma recessão econômica poderá ajudar a inflação a desacelerar, e assim, reduzir o consumo das pessoas e empresas. Mas essa projeção é precipitada na visão dos gestores.

“O mercado está esperando que a recessão vai resolver a inflação rapidamente, mas essa previsão é precipitada. A inflação vai demorar para cair e o Banco Central americano vai aumentar juros acima do esperado e por mais tempo. O mercado ainda vai ter um choque de realidade”, afirmou Marcos Mollica, gestor da Opportunity, em um encontro com gestores organizado pela Icatu Seguros.

Bolsas continuarão em baixa

Na visão de Mollica, os Bancos Centrais erraram na afirmação de que a inflação era passageira, além de terem começado a elevar os juros tarde demais, o que contribuiu para a inflação ficar descontrolada. A casa anteviu esse cenário e apostou na alta de juros, primeiro especialmente em países emergentes e, agora, majoritariamente em desenvolvidos. Diante disso, a gestora acha que as Bolsas continuarão em baixa por um período maior.

André Raduan, gestor e sócio-fundador da Genoa Capital, concorda com o diagnóstico de Mollica. Na visão dele, os Bancos Centrais serão os responsáveis por acabar com a festa dos estímulos às economias, mas a inflação está disseminada e persistente e o trabalho ainda não foi feito por completo.

“É pouco provável que os juros nos Estados Unidos cheguem apenas à casa dos 3% ao ano no final do ciclo de alta. Acho que o Banco Central americano ainda vai puxar, pelo menos, para a casa dos 4%”, disse. “A chance de recessão no curto prazo é baixa e o trabalho para fazer a inflação ceder ainda será longo. Estamos nos preparando para um cenário bastante adverso”. Na avaliação de Raduan, a recessão acontecerá no médio prazo, porque o mercado de trabalho nos Estados Unidos ainda está aquecido.