Tesouro Educa+ vale a pena? Conheça o novo título público voltado para a educação

Pais poderão financiar ensino dos filhos com papéis públicos

Para auxiliar no planejamento da educação dos filhos, o Tesouro Direto criou o Tesouro Educa+. Lançado no dia 1º deste mês, o novo título baseia-se nos mesmos conceitos do Tesouro RendA+, disponível desde janeiro deste ano.

Com o Educa+, você investe para ter uma renda mensal para o financiamento da universidade ou outros objetivos educacionais dos pequenos. O título garante ganhos acima da inflação para os recursos poupados.

Fluxo alinhado aos objetivos

Diferentemente do título focado na aposentadoria, entretanto, o Tesouro Educa+ cria um fluxo financeiro mais alinhado aos objetivos educacionais. Com ele, você investe na acumulação de títulos durante um determinado período. Quando o seu filho alcança a idade para iniciar a universidade, ele passa a receber, todo mês, durante cinco anos, prazo médio dos cursos de graduação, uma espécie de salário.

“Essa alternativa de planejamento financeiro do Educa+ é muito funcional para as pessoas que não conseguem parar e fazer um cálculo sobre quanto deveriam investir para a educação de seus filhos. Essa é uma cultura muito comum nos Estados Unidos. Lá, quando os filhos nascem, os pais já começam a poupar um dinheiro para o momento da faculdade deles”, pontua Paula Bazzo, planejadora financeira da SuperRico.

“Aqui no Brasil, a gente vê muito avôs fazendo poupança para os seus netos. Mas esse dinheiro muitas vezes não está rentabilizando. E, mesmo a poupança, muitas vezes, não dá conta de vencer a inflação. O Tesouro Educa+ traz questões muito funcionais para a família”, completa ela.

De acordo com Bazzo, o primeiro ponto positivo desse novo título tem a ver com a disciplina do investimento. Além disso, ela salienta que se trata de um local seguro, “no qual a pessoa pode investir o dinheiro com baixo risco, já que os títulos do Tesouro Direto são considerados de risco soberano”. E, por fim, a planejadora financeira destaca que esse dinheiro investido é corrigido pela inflação, o que mantém o poder de compra ao longo do tempo.

Quanto investir no Tesouro Educa+?

Você pode começar a investir no Educa+ a partir de R$ 30 por mês. No total, são 16 títulos. A diferença entre eles é a data em que se iniciam o pagamento das rendas mensais.

Se você já tiver recursos disponíveis e quiser começar a investir com um aporte inicial maior, também é possível. Contudo, esse aporte inicial não é obrigatório. Além disso, as aplicações mensais também não são obrigatórias, ou seja, você pode investir quanto e quando desejar.

Para descobrir qual o título mais apropriado para investir e realizar os aportes mensais, você pode usar o simulador do Tesouro Nacional.

Como começar a investir?

Para começar a investir, você pode acessar sua conta no Portal do Investidor, no site do Tesouro Direto. Outra opção é pelo home broker da sua corretora. Aliás, se você ainda não é um investidor e está começando, você pode utilizar ainda o cadastro simplificado do Tesouro Direto.

Qual a rentabilidade desse novo título?

A regra de rentabilidade do Tesouro Educa+ (inflação mais taxa real) é a mesma do Tesouro IPCA+ e do Tesouro RendA+, dois dos títulos mais vendidos do Tesouro Direto. A principal diferença está no fluxo de renda do Tesouro Educa+.

No Tesouro IPCA+, você investe hoje e recebe de volta o valor aplicado e os rendimentos em uma única parcela, na data do vencimento. Já no Tesouro IPCA+ com juros semestrais, em vez de receber tudo na data final, o investidor recebe uma parcela de juros a cada seis meses em sua conta.

No Tesouro Educa+, há um fluxo específico que facilita o planejamento dos investimentos que irão financiar os estudos dos seus filhos no futuro.

Primeiramente, você passa por um período de acumulação, momento em que realiza investimentos mensais. Nesta etapa, não há pagamentos de parcelas para o investidor e a taxa de juros vai gerando rendimentos que irão se acumular.

Renda mensal por cinco anos

Os pagamentos mensais da renda que ajudará o investidor a pagar a mensalidade do curso futuro iniciam-se depois de uma certa data, a ser escolhida pelo investidor dentre as 16 opções ofertadas pelo Tesouro. Preferencialmente, ela deve coincidir com a data de início da universidade do seu filho.

No Educa+, você garante uma renda mensal por cinco anos. Vale destacar que as parcelas ainda não recebidas continuam rendendo juros e atualização pela inflação até o último pagamento.

De acordo com a planejadora financeira Paula Bazzo, é preciso tomar cuidado porque se trata de um recurso que está estimado em um determinado período de tempo. “Então, após, por exemplo, 10 anos investindo todos os meses, o beneficiado vai poder usufruir desse dinheiro. Mas você não acessa o dinheiro completamente. Você recebe uma renda. É um formato para que realmente a pessoa consiga pagar as mensalidade da faculdade”, explica ela.

Diferenças entre Tesouro Educa+ e Tesouro RendA+

As principais diferenças entre o Tesouro Educa+ e o Tesouro RendA+ (lançado em janeiro de 2023) é o período de amortização do investimento e as datas de vencimentos dos títulos.

O Tesouro Educa+ tem um período de cinco anos de pagamentos mensais após o período de acumulação, enquanto o Tesouro RendA+ tem 20 anos de pagamentos mensais. Além disso, os vencimentos do Educa+ são mais curtos para possibilitar o investimento para menores de 18 anos financiarem seus estudos.

Esse fluxo mensal do Educa+ de 60 parcelas (por cinco anos) assegura que os investidores receberão todos os recursos aplicados até o último pagamento da renda mensal. Além disso, durante o período de acumulação, o investidor poderá fazer várias aplicações.

A cada investimento, você vai adquirindo títulos (ou frações) do Educa+, que serão pagos todos a partir da data escolhida (data de conversão). Quanto mais títulos você puder comprar, maior vai ser sua renda no futuro para financiar as despesas com a universidade dos seus filhos.

Vantagem do fluxo do Tesouro Educa+

A vantagem do fluxo do Tesouro Educa+ é a facilidade para acumulação de poupança para financiar os custos universitários no futuro. Como não há pagamentos ao investidor no período de acumulação, ele não precisa se preocupar com o reinvestimento dos juros recebidos, pois estes já são incorporados ao capital investido.

Além disso, a conversão do período de acumulação para o período de pagamentos mensais é automática, ou seja, o investidor preserva sua rentabilidade contratada (inflação mais taxa real contratada) ao longo dos cinco anos de pagamentos mensais, até o vencimento do título.

Ponto de atenção

Diferentemente dos demais títulos do Tesouro Direto, e semelhante ao Tesouro RendA+, a data disponibilizada com o nome do título, por exemplo, Tesouro Educa+ 2041, representa a data de conversão, ou seja, quando se iniciam os pagamentos mensais pelos cinco anos seguintes, e não a data de vencimento do título.

Para encontrar o ano de vencimento do título, o investidor deve somar quatro anos à data de conversão. O título vencerá no dia 15 de dezembro do respectivo ano ao realizar o último pagamento mensal.

“Vejo com muito bons olhos a criação da cultura de longo prazo, seja por ter a poupança mensal, seja por corrigir a inflação. Inclusive para que se pense na educação de fato no futuro. Em vez de ter que construir o processo de educação através de um financiamento, o empréstimo, você usa os juros ao longo do tempo para fazer crescer o seu patrimônio. O Tesouro Educa+ é um investimento no qual você é muito mais protagonista do seu dinheiro do que, por exemplo, num financiamento”, conclui Paula Bazzo, da SuperRico.