Vale a pena investir na Petrobras em ano eleitoral?

2022 vai ser agitado para a companhia, que deve ter distribuição robusta de dividendos e foco no pré-sal
Pontos-chave:
  • Mudanças na gestão devem impulsionar o papel no ano que vem
  • A grande aposta é que o movimento de volatilidade deve ser menos intenso do que em períodos próximos às eleições, e de curta duração

Com uma renovação na gestão e nova política de distribuição de dividendos, a Petrobras (PETR3, PETR4) chamou ainda mais atenção para si em 2021. Porém, 2022 promete trazer grande tensão política e volatilidade na Bolsa. Conversamos com analistas que acompanham a Petrobras para entender as perspectivas para o papel e saber se vale a pena apostar na estatal de economia mista (já que ela tem capital aberto, mas seu maior acionista é o governo federal).

Os especialistas estão otimistas

Os analistas que acompanham a Petrobras estão otimistas com a empresa para 2022. A perspectiva envolve vários fatores. Um deles é o preço do petróleo, que deve continuar alto enquanto a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) sobe lentamente a oferta da commodity no ano que vem. O preço do dólar também ajuda a geração de caixa da empresa. 

Olhando para dentro da empresa, é possível identificar movimentos que agradam os acionistas. A companhia vem passando por uma reformulação de portfólio, deixando a operação mais enxuta em busca de eficiência. “A Petrobras tem focado muito mais no pré-sal, onde tem ganho operacional e consegue reduzir custos de extração, e se livrado de ativos que não são mais interessantes”, explica Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos. 

O preço da ação também é fator que gera otimismo, já que os analistas consideram que o papel está barato na comparação com petroleiras de outros países e ao próprio histórico da ação. “Temos um preço-alvo de R$ 40 para o papel, o que implica em uma boa elevação (a cotação hoje está na casa dos R$ 29) em um cenário de inflação global”, diz Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos. 

A eleição e o seu bolso 

Se as campanhas para outubro de 2022 vão fazer preço em todo o mercado, as estatais devem sentir um impacto ainda maior. Isso porque é o período em que os candidatos à presidência anunciam seus planos para as companhias como a Petrobras, e o mercado pode ou não gostar do que é dito em campanha. 

Para Bruno Komura, a Petrobras deve sofrer impactos no preço de suas ações, “ainda mais se as declarações partirem do atual presidente ou de algum candidato que tenha chance de vitória”, como o ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto.

Atenção aos dividendos

Porém, o risco de uma queda de preço por causa das eleições pode ser compensado com algo que os investidores adoram: dividendos. A estatal anunciou em novembro uma revisão em sua política de remuneração aos acionistas depois de alcançar sua meta de endividamento. A petroleira estabeleceu uma remuneração anual mínima de US$ 4 bilhões para exercícios que em que o preço médio do petróleo Brent supere US$ 40 por barril. Atualmente, o barril está na casa dos US$ 73. 

Você pode ficar ainda mais animado com o fato de a Petrobras ter decidido se desfazer de ações preferenciais que detém da Braskem (BRKM5), algo que pode aumentar em 31% o volume de dividendos distribuídos em 2022, segundo analistas do Goldman Sachs. Para Crespi, da Guide, “os dividendos podem até compensar os riscos políticos”.

Salvos pela governança?

Já Komura avalia que a melhora na governança da companhia dificulta a intervenção na empresa, um dos maiores temores dos acionistas da Petrobras, principalmente por episódios envolvendo o presidente Jair Bolsonaro e o preço dos combustíveis. “No fim, o movimento de volatilidade deve ser menos intenso do que em períodos próximos a eleições, e de curta duração”, diz o analista da Ouro Preto.