O que você deve saber ao analisar se deve ou não comprar as ações da Eletrobras

Seus objetivos financeiros têm que levar em conta os prós e contras da companhia
Pontos-chave:
  • Vantagem da privatização: empresa deve melhorar a alocação de capital
  • Desvantagem: dinheiro da oferta não será usado em investimentos

A Eleven Financial iniciou cobertura de Eletrobras com recomendação de compra e preço-alvo em R$ 79 para as ações ordinárias e preferenciais classe B, potenciais de alta de 83,7% e 88%, respectivamente, sobre os fechamentos de ontem. A casa de análise também recomenda a entrada na oferta de ações que vai privatizar a companhia.

Os analistas Alexandre Kogake e Gabriel Schiavenato escrevem que o caso de privatização da Eletrobras não é tão simples quanto o senso comum de ganho automático de eficiência e retorno interessante aos acionistas, o que torna sua avaliação mais complexa.

Companhia deve ter ganho de eficiência

Eles dizem que sim, a companhia vai melhorar sua alocação de capital e terá ganhos de eficiência interessantes com a privatização, embutindo ainda, a extensão do prazo de concessão das usinas de geração de energia e a liberdade para a companhia negociar os preços e volumes dos contratos.

“Com controle privado, esperamos que a alocação de capital e a gestão do portfólio sejam direcionadas para a criação de valor”, afirmam. A reestruturação da Eletrobras pode ser acelerada com a simplificação no processo de contratação de fornecedores e colaboradores, uma vez que sai do regimento da Lei das Estatais.

60% do valor de mercado comprometidos

Por outro lado, a Eleven chama atenção que o andamento do processo de desestatização criou obrigações de R$ 43,6 bilhões, relacionadas a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e outras obrigações, representando cerca de 60% do valor de mercado atual da empresa, o que eleva a complexidade da tese.

Os analistas notam também que os recursos que a Eletrobras levantar na oferta de ações não serão destinados a investimentos, aquisições ou melhora de estrutura de capital, o que é o normal, sendo utilizado, na sua parcela primária, ao pagamento do bônus de outorga sobre a mudança no regime das usinas de geração.

Processo tem mais riscos do que uma privatização tradicional

Há um risco de execução da privatização da companhia, que vai depender da futura composição acionária, do conselho de administração e da nova diretoria executiva.

“Ainda que o processo tenha mais riscos e incertezas do que uma privatização tradicional, encontramos no patamar atual de preço um potencial interessante quando avaliamos a Eletrobras com múltiplos de empresas privadas”, pondera a Eleven.

A casa recomenda a entrada dos investidores na oferta de ações e não comprar diretamente os papéis no mercado, uma vez que ainda existem alguns riscos que podem impedir a efetivação da oferta, como o preço mínimo e a questão envolvendo Furnas.