Respostas para as principais perguntas sobre a oferta da Eletrobras que deverá captar R$ 8 bilhões em recursos de PF

Definição do preço do papel será no dia 9 de junho. Saiba mais

O investidor pessoa física, você que nos lê, deve comparecer em peso na oferta de ações da Eletrobras. O processo de privatização da estatal de energia oferece a possibilidade do uso do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS). O primeiro passo, caso você queira participar da oferta e investir uma parcela do seu FGTS, é ficar de olho nas datas.

Quais são as datas importantes para uso do FGTS na privatização da Eletrobras?

O período para reserva de ações começa no próximo dia 3 e vai até o dia 8. A definição do preço do papel será no dia 9. As primeiras datas a que você deve atentar são essas:

  • 27/05 a 08/06: Prazo para autorizar o seu banco no app do FGTS. Se você é correntista da Caixa, pode fazer direto no app da Caixa.
  • 03/06 a 08/06: Período de reserva em que você expressa interesse pela oferta.
  • 08/06 às 12: Prazo final para manifestação do interesse na oferta.

A estimativa é de que a participação do varejo chegue a R$ 8 bilhões, de um total de mais de R$ 30 bilhões previstos para a oferta.

Quanto do meu FGTS posso investir para comprar ações da Eletrobras?

A forte participação dos investidores pessoas físicas terá impulso do FGTS. Os investidores poderão utilizar até 50% do saldo de suas contas, com o limite de R$ 50 mil por indivíduo. O prospecto da oferta de ações limita também que o uso do FGTS não ultrapasse o total de R$ 6 bilhões. A expectativa entre os bancos que coordenam a operação, porém, é de que esse grupo compre até R$ 5 bilhões. Somado a esse montante, outros R$ 3 bilhões, ou 10% da oferta, deverão vir de dinheiro de pessoas físicas não vinculado ao fundo.

Quais as taxas cobradas pelos bancos para investir na Eletrobras com o saldo do FGTS?

Pelo menos 13 instituições se habilitaram junto à Caixa para oferecer a possibilidade de investimento na capitalização da Eletrobras usando o saldo das contas do FGTS. Ao todo, já são ao menos 22 fundos, com taxas de administração que vão de zero a 1% ao ano, apurou o jornal Valor Econômico. O produto é basicamente o mesmo, mas cada banco tem um preço diferente.

Fazem parte da lista os grandes bancos e as maiores plataformas de investimentos do país. Caixa, Banco do Brasil (BB), Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, XP, BTG Pactual, Genial, Guide, Daycoval, Safra, Alfa e BNB têm carteiras habilitadas junto ao FGTS.

A maioria vai oferecer ao menos duas modalidades de fundos: os fundos mútuos de privatização (FMP), com recursos com recursos disponíveis na conta vinculada do FGTS do trabalhador, e os FMP Migração, com recursos transferidos de aplicações previamente existentes em outros FMP, como os da Petrobras e da Vale.

Qual expectativa de valorização da ação da Eletrobras?

A expectativa é de uma demanda bastante robusta, algo que à primeira vista pode parecer contraditório diante de um contexto de um mercado fraco e de muita aversão ao risco.  Mas os investidores acreditam que a empresa de energia terá uma forte valorização em Bolsa após a desestatização, um movimento muito aguardado. Por isso, muitos fundos de ações estão vendendo papéis de empresas do mesmo setor para ter dinheiro para investir na oferta.

Vale a pena usar o FGTS para investir na Eletrobras?

O saldo do FGTS rende 3% ao ano, conforme previsão legal. Nos últimos anos, porém, os trabalhadores receberam parte dos ganhos do Fundo, o que melhorou um pouco o resultado. Em 2020, o rendimento foi de 4,52%. Ainda assim, o valor é considerado baixo diante de outras alternativas de aplicação.

Segundo especialistas, o perfil do investidor deve ser levado em conta na hora de decidir se vale a pena. Embora a rentabilidade seja baixa, a aplicação no Fundo oferece menos riscos do que os altos e baixos do mercado acionário.

Mas simulação feita pela head de análise da plataforma de fundos da XP, Carolina Oliveira, mostra que o rendimento de quem optou pelos fundos mútuos de privatização de Vale e Petrobras superou em larga escala o de quem deixou o dinheiro no Fundo.

Apetite grande

Segundo o Estadão, prova dessa estimativa  é de que grandes investidores mostraram apetite, antes da oferta ser lançada, para comprar R$ 30 bilhões em ações – ou seja, praticamente o total ofertado, apurou o Estadão. No entanto, os bancos que assessoram a oferta limitaram que os chamados fundos âncoras ficassem no máximo com metade do volume, ou seja, R$ 15 bilhões, com “cheque” mínimo de R$ 1,5 bilhão.

Do restante da oferta, um volume entre R$ 3 bilhões e R$ 5 bilhões deverá ficar na carteira dos investidores prioritários, como os atuais acionistas minoritários. Na oferta, a União terá sua fatia reduzida para menos de 50% do total das ações. A ideia é que a participação do governo e do BNDES caia dos atuais 60% para cerca de 33%.

Qual é o modelo de privatização da Eletrobras?

O modelo da privatização é o mesmo do que foi utilizado pela antiga BR Distribuidora, que antes pertencia à Petrobras (o negócio foi rebatizado de Vibra). Empregados e aposentados pela Eletrobras também poderão comprar ações.

Há risco de a privatização da Eletrobras não acontecer?

Em uma agenda intensa de reuniões com o mercado, um dos pontos centrais das discussões tem sido a situação de Furnas, porque essa é uma condição precedente para o andamento do processo de privatização. É necessário que investidores que possuem papéis da dívida de Furnas (chamados de debenturistas) aprovem um aporte da empresa na Santo Antônio Energia.

A conclusão da assembleia relativa ao assunto foi adiada para o próximo dia 6, na segunda-feira, data máxima para que esse imbróglio seja resolvido. No entanto, segundo gestores de fundos que participaram das reuniões, esse não é um risco relevante para o processo.