Qual é o futuro da agenda ESG?

Saiba o que esperar em relação às três letras que vêm dando o que falar nos investimentos

Quando pensamos em ESG, quase sempre lembramos das questões de sustentabilidade ambiental primeiro e, depois, das sociais. São, afinal, temas mais próximos da realidade das pessoas e que aparecem muito na imprensa.

No entanto, este ano o G, de governança, também tem ganhado visibilidade, com especial atenção a temas relacionados à gestão e à transparência no ambiente corporativo.

Há cada vez mais demanda por informações sobre como as empresas reportam suas iniciativas ESG.

O ponto, neste caso, é garantir que o discurso esteja alinhado à prática – em suma, ter certeza de que as companhias não falem muito e façam pouco ou, por receio de serem mal interpretadas, deixem de reportar o que fazem.

Abaixo, listo cinco tendências para o campo ESG em 2023:

Mais transparência e boas práticas de gestão

A repercussão de problemas de gestão relacionados a empresas coloca a governança corporativa no centro de uma grande discussão pública.

Provavelmente, esse debate deve ter consequências práticas. Investidores estarão ainda mais atentos ao que acontece na gestão das companhias, cobrando transparência e boas práticas.

Criação de parâmetros verificáveis e comparáveis

Nos últimos anos, os conceitos ESG apareceram com força no discurso de muitas empresas, mas esse movimento não foi acompanhado de métodos globais para se reportar iniciativas nesse âmbito.

Uma das consequências é que se torna muito difícil verificar os resultados declarados por uma companhia e compará-los com aqueles publicados por outras.

Por isso, deve ganhar força em 2023 movimentos para padronização de metodologias e desenvolvimento de parâmetros verificáveis e comparáveis para mensuração de resultados e elaboração de relatórios.

Intensificação de iniciativas de redução de emissões

As demandas nesse sentido vêm forte desde o ano passado, diante da perspectiva de que, mantido o ritmo atual, dificilmente serão atingidas as metas de combate ao aquecimento global previstas no Acordo de Paris. Empresas e países estarão ainda mais pressionados para acelerar o movimento de descarbonização. Isso pode ajudar a fortalecer o mercado global de créditos de carbono.

No Brasil, por exemplo, já houve um crescimento de 779% no volume de créditos gerados entre 2019 e 2021, segundo o Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Também está prestes a ser lançado no país a Carbon Place, uma iniciativa do Itaú Unibanco com outras instituições financeiras internacionais para criar um espaço de negociação de créditos.

Mas vale lembrar que ainda falta uma regulação para o mercado de carbono, e entidades como a Febraban já estão atuando em defesa de uma normatização capaz de liberar todo o potencial dessa iniciativa ao trazer confiabilidade e transparência para esse mercado.

Fortalecimento de medidas de proteção da Amazônia

É praticamente impossível falar em redução de emissões de carbono no Brasil sem passar pela temática relacionada à Amazônia.

O desmatamento da floresta corresponde a quase 50% das emissões de gases de efeito estufa do país e, mantida a atual trajetória, não conseguiremos atingir a meta brasileira de reduzir as emissões do país em 50% até 2030.

Mais ainda, há um entendimento mundial sobre a centralidade da região para se manter alguma esperança de mitigar o aquecimento global.

Isso abre oportunidades para inciativas de preservação da floresta que passam também pela questão socioeconômica e cultural das pessoas que vivem na região.

A Amazônia tem potencial de gerar emprego, desenvolvimento sustentável e riqueza para o país e, com políticas públicas adequadas, pode contribuir para o atingimento das metas de descarbonização de todo o planeta.

Cobranças sobre metas de diversidade e inclusão

Essa é uma tendência que já está em pauta faz alguns anos, mas que deve ganhar novo impulso em 2023 com notícias de que os cortes de colaboradores de grandes empresas estariam comprometendo suas metas de diversidade e inclusão.

Afinal, esse é um campo para o qual grupos da sociedade civil estão particularmente atentos, captando com rapidez discursos que não condizem com a realidade.

O Itaú, por exemplo, tem metas públicas de inclusão de mulheres e pessoas negras, permitindo à sociedade o acompanhar o cumprimento desses objetivos. A transparência será cada vez mais fundamental para o discurso de diversidade das empresas.

Por Luciana Nicola, Diretora de Sustentabilidade do Itaú Unibanco e colunista íon. Artigo originalmente publicado no Feed de Notícias do íon Itaú, na coluna ‘Estação ESG’. Para ler este e outros conteúdos, acesse ou baixe o app agora mesmo.