Bitcoin e ethereum devem seguir pressionados até o final do mês, dizem analistas

Análises apontam que patamar mais baixo pode se estender por meses se EUA não afrouxar a política monetária

No último dia útil de uma semana particularmente agitada devido a ajustes na política monetária, bitcoin (BTC), ether (ETH) e as principais criptomoedas seguem oscilando com perdas diante do quadro mais restritivo para a renda variável nos próximos meses.

Sem força para outro posicionamento no curto prazo, o segmento digital deve manter o patamar deprimido atual pelo menos até a virada do mês, quando saem novos indicadores macroeconômicos.

Com a baixa nos últimos dias, o conjunto das moedas digitais mantêm o valor de mercado abaixo de US$ 1 trilhão, marcando US$ 964 bilhões, segundo o CoinGecko. Em sete dias, o bitcoin acumula uma desvalorização de 4,1% e o ether, de 12,6%.

Hoje pela manhã, as bolsas europeias e os futuros de bolsas americanas operam no campo negativo, enquanto os rendimentos dos Treasuries e o índice DXY – que mede a força do dólar – trabalham em alta.

Powell discursa hoje

O presidente do Fed, Jerome Powell, discursa hoje, às 15h (de Brasília) com representantes de vários setores para opinar sobre mudanças causadas pela pandemia.

As palavras de Powell devem ser observadas de perto, ainda que o Fed tenha divulgado sua decisão de política monetária na quarta (21), portanto, pode não haver novidades nas suas considerações de hoje.

Perto das 10h40 (horário de Brasília), o bitcoin recuava 2,53% em 12 horas, a US$ 18.941,10, e o ether, moeda digital da rede ethereum, tinha baixa de 1,44% a US$ 1.308,81.

Para André Franco, chefe de pesquisa do MB, os investidores do segmento digital devem continuar olhando nos próximos dias para os indicadores econômicos para ter uma visão mais geral sobre os rumos da atividade econômica e da política monetária.

“[Vai ser] De indicador em indicador. A vida do investidor cripto passou a ser acompanhar o que acontece na macroeconomia de indicador em indicador e ver o reflexo disso nos preços dos seus ativos. A inflação passou a significar aumento dos preços e queda nos portfólios”, disse.

Indefinição até outubro

Para o analista, sem indicadores planejados para sair em setembro, o mais provável é que os preços fiquem em uma indefinição até o começo de outubro. Franco destaca, no entanto, que nos dados on-chain os investidores de longo prazo seguem acumulando bitcoin e, nesse ritmo em três dias, poderá ocorrer um posicionamento recorde do segmento.

Já Ayrom Ferreira, analista-chefe da Titanium Asset, destaca que entre as mensagens do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no discurso posterior à decisão, um dos pontos a prestar atenção foi o reforço da ideia de que os juros precisarão se manter em um patamar restritivo por um longo período.

“A verdade é que, realmente, a inflação ainda é persistente, o nível do emprego ainda é muito alto e isso deve levar os juros a se manter em patamar alto por bastante tempo”, avalia o analista.

O clima do mercado como um todo, na avaliação de Ferreira, ainda é de bear market, e deve continuar assim pelo menos pelos próximos quatro a seis meses. “Até que os juros façam um pico, com a inflação baixando, e o Fed comece a pensar em voltar a cortar os juros”, explica.