Neuralink, de Elon Musk, recebe aprovação para implantar chip cerebral em segundo paciente

autorização veio depois que as correções propostas pela empresa para um problema que ocorreu com o primeiro participante do teste foram aprovadas

A Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos aprovou que a Neuralink, de Elon Musk, implante seu chip cerebral em uma segunda pessoa. A autorização veio depois que as correções propostas pela empresa para um problema que ocorreu com o primeiro participante do teste foram aprovadas.

As correções incluem inserir alguns dos fios ultrafinos do dispositivo mais profundamente no cérebro, de acordo com uma pessoa familiarizada com a empresa e um documento visto pelo “Wall Street Journal”.

Enquanto a Neuralink se prepara para o segundo participante do teste, o primeiro, Noland Arbaugh, está compartilhando sua experiência sobre o impacto do dispositivo em sua vida e a montanha-russa emocional que viveu antes, durante e após o dispositivo perder parte de sua funcionalidade.

Nos dias após sua implantação, em janeiro, Arbaugh usou o implante Neuralink para controlar um cursor na tela de um computador apenas com seus pensamentos. Tetraplégico, sem movimento abaixo dos ombros há oito anos, Arbaugh de repente conseguiu se comunicar com amigos, jogar e interagir com seu mundo de maneiras que pareciam impossíveis após seu acidente.

Um mês após a cirurgia, contudo, percebeu que o dispositivo não estava funcionando tão bem. A maioria dos fios implantados em seu cérebro se soltou e não estava mais lendo os sinais elétricos necessários para traduzir seus pensamentos em movimentos do cursor.

“Eu estava em um estado de euforia e depois fui derrubado. Foi muito, muito difícil”, disse Arbaugh em uma entrevista. “Eu chorei”.

O implante N1 da Neuralink é do tamanho de uma moeda de US$ 25 centavos, que abriga uma parte eletrônica e uma bateria. Seus 64 fios externos, cada um mais fino que um fio de cabelo humano, são inseridos no córtex motor do cérebro, para transmitir sinais neurais.

Segundo Arbaugh, a Neuralink informou que cerca de 15% dos fios inseridos em seu cérebro permaneceram no lugar. Mas esses estabilizaram e mudanças de software feitas pela empresa posteriormente ajudaram na recuperação de muitas das funcionalidades do dispositivo, que ele demonstrou em transmissões ao vivo.

Como o dispositivo nunca havia sido implantado em um humano antes, a Neuralink não sabia quanto o cérebro se moveria dentro do crânio, disse Arbaugh — foi descoberto que seu cérebro se moveu até três vezes mais do que o esperado.

Para manter os fios no lugar, uma das soluções propostas pela empresa, que a FDA aprovou, é implantá-los a oito milímetros no córtex motor do cérebro — ao invés de três a cinco milímetros para Arbaugh.

Com a aprovação, a Neuralink agora espera implantar o chip em um segundo participante em algum momento de junho, de acordo com a fonte familiarizada com a empresa. Conforme a empresa, mais de mil tetraplégicos se inscreveram no registro de pacientes da empresa, embora menos de 100 se qualifiquem para o estudo.

A Neuralink pretende implantar dez pessoas com seu dispositivo este ano e espera ter um conjunto diversificado de receptores para estudar uma variedade de comportamentos. De acordo com a pessoa próxima da empresa, um desafio é a falta de variedade dos pacientes inscritos, que são em sua maioria homens brancos.

A Neuralink espera enviar pedidos aos reguladores no Canadá e no Reino Unido nos próximos meses para iniciar ensaios semelhantes nesses países, informou a pessoa. Seu registro de pacientes está aberto para o Canadá e será aberto para o Reino Unido nos próximos dias.

Quando Arbaugh descobriu por que seu implante havia parado de responder aos seus pensamentos, ele disse que perguntou se ele poderia ser removido e consertado, ou possivelmente substituído. No entanto, a equipe médica de Arbaugh disse que não queria fazer outra cirurgia cerebral e preferiu esperar por mais informações.

“Eu pensei que tinha apenas arranhado a superfície desta tecnologia incrível e então tudo seria tirado de mim”, lembrou. “Só me levou alguns dias para realmente me recuperar disso e perceber que tudo o que fiz até aquele ponto beneficiaria todos que viessem depois de mim”.

Com informações do Valor Pro, serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico