Uma nova gigante no setor de saúde? Amil propõe à Dasa (DASA3) fusão de hospitais

Ideia de uma conversa partiu da Amil e agora a proposta está na mesa da Dasa, que busca vários caminhos para melhorar sua eficiência operacional e reduzir o endividamento

Em meio a um cenário de várias transações e mudanças ocorrendo no setor, Amil e Dasa (DASA3) conversaram sobre a possibilidade de juntar seus hospitais. Cada qual tem cerca de 12 hospitais de marcas reconhecidas como Nove de Julho, Samaritano, Pró-Cardíaco, Santa Paula, Leforte, entre outras, com unidades distribuídas em diferentes regiões do país, segundo o Valor apurou.

Ainda segundo fontes, a ideia de uma conversa partiu da Amil e agora a proposta está na mesa da Dasa, que busca vários caminhos para melhorar sua eficiência operacional e reduzir o endividamento. Na semana passada, a família Bueno, controladora da Dasa, fez um aporte de R$ 1,5 bilhão para o caixa da companhia.

Essa transação está atrelada a um aumento de capital e venda de um ativo de R$ 2,5 bilhão, no mínimo, até o fim do ano. A companhia está em negociações para venda de uma fatia minoritária do negócio de medicina diagnóstica com um grupo estrangeiro que atua no mesmo setor.

Nessa conversa, em caráter informal, não houve bancos ou escritórios envolvidos. Tanto Dasa quanto Amil têm uma série de propostas na mesa vindas de diferentes lados. As duas companhias estão se reestruturando e têm ativos atraentes — o que as torna alvo de interesse constante.

A possibilidade de uma combinação dos hospitais de Amil e Dasa acontece num momento de ebulição do setor. No começo do mês, Rede D’Or e Bradesco Seguros juntaram forças para criar uma que abre as portas já no segundo semestre, com três unidades da bandeira São Luiz, que demandaram investimentos de R$ 1,1 bilhão.

Além disso, ontem, a Oncoclínicas que vem investindo na construção de cancer centers (unidades hospitalares voltadas exclusivamente para tratamento oncológico) anunciou a chegada de um novo investidor, o banco Master, que passa a deter cerca de 20% da companhia. A entrada do Master foi feita por meio de um de capital de R$ 1,5 bilhão.

Os recursos serão usados para expansão orgânica e aquisição — essa última frente havia sido interrompida diante do endividamento da companhia. Além disso, o novo dinheiro vai reduzir a alavancagem que, no primeiro trimestre, estava em 3,9 vezes, muito próximo dos covenants (limite acordado com credores para endividamento). Com a entrada de recursos, esse múltiplo cai para cerca de 2,5 vezes.

Vale notar que o Master é conhecido por trabalhar em parceria com o empresário Nelson Tanure que, recentemente, entrou no mercado de saúde com a aquisição da empresa de medicina diagnóstica Alliança (ex-Alliar) e que já deixou claro sua intenção de dar outros passos no setor. No fim do ano passado, Tanure tentou comprar a Amil, mas foi vencido pelo empresário José Seripieri, mais conhecido como Júnior.

Nos últimos 15 dias, foram anunciadas três grandes transações no setor hospitalar que devem impactar o desenho desse mercado, considerado o mais rentável dentro da saúde. Essas transações trouxeram novos investidores para o setor, parcerias entre concorrentes capitalizados, venda de ativos e redução de alavancagem — esse último é a pedra no sapato de muitos grupos de saúde.

O setor enfrenta ao mesmo tempo redução de hospitais privados. Entre 2010 e janeiro deste ano, houve uma queda de 30,8 mil leitos, segundo estudo da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde) e da Federação Brasileira de Hospitais (FBH).

O levantamento mostra ainda que neste ano, o Brasil conta com 4,6 mil hospitais privados, sendo a maioria localizada no Sudeste, com 1,9 mil deles. Na sequência, vem a região Nordeste (1 mil), Sul (862) e Norte (800).

“A distribuição dos hospitais privados nas cinco regiões geográficas, em geral, parece não acompanhar a concentração de beneficiários de planos de saúde privados. Na região Sudeste, a proporção de hospitais privados (42%) é bastante inferior à de beneficiários de planos de saúde (60%). Nas demais regiões, a proporção de hospitais privados é maior do que a de beneficiários”, destaca trecho do estudo.

Procuradas pela reportagem, Amil e Dasa informaram que não comentam rumores de mercado.

Com informações do serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico