Sob Lula, Apex prepara volta de empresários brasileiros à África após cinco anos de ausência

A aproximação do Brasil com a África tem sido uma das tônicas da política externa do governo neste terceiro mandato do petista, assim como já aconteceu em suas gestões anteriores

Sob comando do presidente Jorge Viana, nome de confiança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) está preparando uma série de “rodadas de negócios” para empresas brasileiras entrarem no mercado da África após um hiato, segundo a agência, de cinco anos.

O Valor apurou que, em parceria com embaixadas locais e seus setores de promoção comercial, a Apex planeja levar companhias brasileiras para três grandes eventos comerciais no continente, entre os meses de junho a setembro deste ano. São eles: o Brasil-Africa Solutions (BAS); a 39ª Feira Internacional de Luanda (FILDA); e a 59ª Feira Internacional de Moçambique (FACIM).

Segundo o chamado Mapa de Oportunidades da Apex Brasil, o motivo é que “existem mais de seis mil oportunidades para vendas brasileiras na região – uma das maiores quantidades de oportunidades comerciais para produtos do Brasil”. “Não à toa, o aprofundamento das relações comerciais e diplomáticas com a África tem sido uma das prioridades da agência”, afirma o órgão.

A aproximação do Brasil com a África tem sido uma das tônicas da política externa do governo neste terceiro mandato, assim como já aconteceu em suas gestões anteriores.

Desde o ano passado, o presidente tem dito que é preciso fortalecer a “internacionalização de empresas brasileiras” para atender ao “chamado africano por investimentos”, exatamente como fez em seus dois primeiros mandatos.

Apesar disso, ele nega que esteja “repetindo” a mesma estratégia do início do século ao reconhecer que o “mundo mudou” de 2002 para cá.

“Sou um entusiasta da relação do Brasil com a África. Fui um assíduo visitante do continente. Como presidente, lá estive 12 vezes e visitei 23 países. O mundo de hoje, contudo, não é mais o mesmo de há 13 anos, quando concluí meu segundo mandato. A África não é mais a mesma. Seu dinamismo exige do Brasil que atualize sua política para o continente. Seria insuficiente simplesmente repetir receitas do passado”, disse Lula em evento no ano passado.

Em 2023, as exportações brasileiras para o continente africano foram de US$ 13,2 bilhões, o maior valor já exportado pelo Brasil à região na história. Os países africanos são o quarto principal destino das exportações brasileiras – com um comércio bilateral da ordem de US$ 20,4 bilhões, e com enorme potencial de crescimento.

Ontem, Lula se reuniu, inclusive, com o presidente do Benim, Patrice Talon, que esteve em Brasília para uma visita oficial de Estado. Talon disse, na ocasião, que o país concederá sua nacionalidade a todos os afrodescendentes, inclusive os brasileiros que têm ancestrais no continente africano. Segundo ele, o Parlamento beninese votará “nos próximos dias” uma lei apresentada pelo governo com essa finalidade.

O presidente do Benim fez o anúncio ao lado de Lula, em recepção no Palácio Itamaraty. O Benim foi um dos principais pontos de partida de escravos do continente africano para as Américas, tendo Brasil e Haiti entre seus principais destinos. O Brasil, por sinal, foi o último país do continente americano a abolir a escravidão, em 13 de maio de 1888.

Com informações do Valor Econômico