Análise: Lula e Bolsonaro organizam roteiro da reta final da campanha com foco no Sudeste

Ex-presidente quer poupar voz para debate na Globo e opta por agendas de voto útil; QG bolsonarista quer aumentar tom de ataques, diz Fábio Zambeli, do JOTA

Na reta final da campanha pelo voto útil, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) traçou com aliados e operadores políticos um roteiro da maratona que pretende empreender até o dia 2 de outubro, poupando ao máximo a voz para eventos específicos de engajamento e de mais visibilidade, como o debate da TV Globo, marcado para o dia 29/9.

Além da já prevista atividade em Ipatinga (MG), o ex-presidente optou por derrubar alguns eventos e concentrar suas energias em São Paulo e Rio de Janeiro. A exceção deve ser a Bahia, para onde o petista admite viajar para dar um empurrão na candidatura do correligionário Jerônimo Rodrigues, que tenta desbancar o favorito ACM Neto na corrida pelo governo estadual.

Lula irá nesta quinta-feira (22) ao programa do Ratinho, no SBT. O petista deve dedicar a sexta-feira (23) para a gravação dos últimos programas e inserções da propaganda eleitoral na TV, ficando em estúdio.

Sábado, dia 24, ele planeja realizar eventos ao lado de Fernando Haddad, em São Paulo. O domingo está reservado para uma live de mobilização com artistas e eventos no Rio, com a participação de Eduardo Paes, na escola de samba Portela. Outra atividade ao lado de Marcelo Freixo, candidato do PSB a governador do estado, está sendo articulada.

Lula retorna em seguida para São Paulo, onde fará novas agendas com Haddad na segunda e na terça — data em que pode se deslocar para Salvador para fechar a campanha petista no estado, administrado por Rui Costa.

Em seguida, viajará para o Rio a fim de se preparar para o debate da Globo, o último compromisso oficial da campanha. No dia seguinte, 30 de setembro, o ex-presidente fará uma caminhada na capital paulista, onde permanecerá até a votação. A ideia é que ele acompanhe a apuração na sua residência, seguindo depois para uma entrevista coletiva num hotel da capital.

O comando da campanha lulista atribui a ausência no debate do SBT, previsto para sábado, ao desgaste da agenda da reta final. Nos bastidores, contudo, o ex-presidente tem dito que a participação no Ratinho, na mesma emissora, terá mais audiência e dialogará mais com o seu público, já que audiência do apresentador é predominante popular. E, diante da rouquidão que o persegue na campanha e do tempo frio e chuvoso dos últimos dias, seria prudente poupar a voz do candidato para o debate com maior relevância, o derradeiro, organizado pelo Grupo Globo.

Café com leite

O presidente Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, fará uma incursão pela região Norte, passando por Belém e Manaus, e depois retorna para uma imersão em Minas e São Paulo, maiores colégios eleitorais do país. O presidente deve priorizar agendas no interior dos dois estados —as cidades mineiras de Divinópolis e Santa Luzia, e a paulista Campinas estão contempladas nos próximos dias e outras devem entrar na programação.

O QG bolsonarista, além de tentar mudar o tom da campanha na TV, imprimindo “mais paixão” nos conteúdos e reagindo aos recentes vídeos distribuídos pela campanha do PT, espera que a participação do presidente no debate do SBT, sem a presença de Lula, pode criar fato político para a semana derradeira da campanha.

Os aliados de Bolsonaro querem aproveitar as imagens do candidato nas ruas, com apoiadores de verde a amarelo, para tentar reproduzir um clima semelhante ao dos atos de 7 de setembro, quase numa convocação geral para evitar uma vitória de Lula no primeiro turno — preocupação real do comitê político chefiado pelo “centrão”.

(Por Fábio Zambeli, analista-chefe do JOTA em São Paulo)

A Inteligência Financeira ajuda você a entender como as eleições afetam o seu bolso.

Acompanhe nossa cobertura completa