Dólar volta a subir e fecha em R$ 5,43 com inflação dos EUA no radar

Alta da moeda americana foi puxada por temores de recessão e Fed mais agressivo

Após cair na véspera, o dólar voltou a ganhar força ante o real e fechou a quinta-feira (14) em alta de 0,53%, negociado a R$ 5,4327.

A onda negativa vem após os dados de inflação ao consumidor (CPI) dos EUA divulgados na véspera, que vieram acima das estimativas e reacenderam as apostas de um Federal Reserve (Fed, o banco central americano) mais agressivo, o que aumenta as chances de recessão no país. Já no cenário doméstico, os investidores avaliam a PEC das bondades, aprovada em primeiro turno na Câmara.

Os números fortes do CPI americano – que atingiu o maior resultado desde 1981 – surpreenderam agentes do mercado mundo afora, aumentando a busca por ativos de segurança, o que faz o dólar se fortalecer no exterior hoje e prejudica o desempenho de ativos de risco. Essa dinâmica se reflete no mercado local.

“Investidores ainda estão digerindo e se ajustando à forte inflação norte-americana de junho e as possíveis reações por parte do Federal Reserve. Afinal, com o indicador atingindo o maior patamar dos últimos 40 anos, é cada vez mais clara a percepção de força e continuidade do processo de tração nos preços, escancarando a necessidade do Fed ser incisivo na próxima reunião do Fomc”, disse a Commcor DTVM, em nota divulgada para clientes.

A próxima reunião da autoridade monetária americana acontece entre os dias 26 e 27 de julho.

Já no campo doméstico, o foco continua na política. Ontem, após rejeitar todos os destaques, a Câmara dos Deputados concluiu a aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC) das bondades, também conhecida como “PEC kamikaze”. O projeto dá aval para que o presidente Jair Bolsonaro amplie o Auxílio Brasil para R$ 600, dobre o valor do vale-gás e pague uma ajuda mensal para taxistas e caminhoneiros autônomos durante a eleição.

Diante desse cenário desafiador, com pressões tanto internas quanto externas, o Santander atualizou suas projeções econômicas, inclusive para o dólar contra o real, passando a projetar uma taxa de câmbio mais depreciada à frente em relação às suas estimativas anteriores.

O Santander elevou a expectativa para o dólar de R$ 5,15 para R$ 5,30 no fim deste ano e de R$ 5,00 para R$ 5,15 no fim de 2023.

“A combinação de um ambiente global mais hostil e maiores incertezas macroeconômicas domésticas pesou mais uma vez sobre a taxa cambial, sinalizando condições de mercado voláteis até meados do quarto trimestre”, observam os profissionais do banco em relatório.

Também nesta quinta-feira, o Ministério da Economia revisou suas projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 2% em 2022, de uma estimativa anterior de 1,5%.

Além disso, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) caiu 0,11% em maio, na comparação dessazonalizada com abril, conforme divulgado nesta quinta-feira pela autoridade monetária. Em abril, o indicador teve queda de 0,64% (dado revisado de recuo de 0,44%).