Black Friday e Natal podem salvar os resultados das varejistas?
As ações de varejistas têm sido o destaque dos últimos pregões da Bolsa de Valores brasileira. Esta semana, o Ibovespa renovou sua pontuação mínima do ano no pregão de quarta-feira (17). Ao cair cerca de 1,70%, o principal índice de ações da B3 chegou aos 102.551 pontos, agravando a mínima de 102.835 pontos registrada em 04 de novembro.
Todo esse cenário, que se mostra prejudicial para a economia neste ano e no próximo, afunda um setor em específico do índice: o das varejistas. As quatro empresas que mais desabam no Ibovespa em 2021 são, dados até quarta-feira:
- Lojas Americanas (LAME4): desvalorizou 78,01% no ano;
- Via (VIIA3): perdeu 65,84% de valor em 2021;
- Magazine Luiza (MGLU3): desvalorizou 62,93%;
- Americanas (AMER3): derreteu 56,96% em 2021.
A avaliação dos analistas é de as companhias podem voltar a subir com uma melhora na confiança dos consumidores. Mas se as vendas ficarem abaixo das expectativas, o investidor do varejo pode se decepcionar.
Com a chegada das maiores datas comerciais do ano, a Black Friday e o Natal, há uma mistura de otimismo e apreensão. O que o investidor pode esperar do setor nos próximos meses? É hora de comprar ou vender ações como Magazine Luiza (MGLU3), Via —antiga Via Varejo— (VIIA3) e Americanas (LAME4 e AMER3)?
Segundo analistas, apesar de terem barateado bastante, ainda não é hora de comprar ações de varejista, dado que o cenário não deve melhorar tão cedo, mesmo com a Black Friday e as festas de fim de ano.
“No médio prazo, considerando eleições em 2022, o cenário para as varejistas é negativo. A alta do dólar e a inflação pressionam a margem e nem sempre elas conseguem repassar esse aumento de custo para o consumidor. A Black Friday deve aumentar a receita do ecommerce, mas a margem vai estar pressionada pelos descontos agressivos que as marcas vão dar. Vão ser datas benéficas, mas não vai ser o que vai salvar o resultado”, afirma Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos.
Segundo cálculos do BTG Pactual, na média, a margem de varejistas caiu 40 pontos-base no terceiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2020.
Resultado líquido no 3T21 | Variação em relação ao 3T20 | |
Magazine Luiza | lucro de R$ 22,6 milhões | -89,5% |
Via | prejuízo de R$ 638 milhões | -192,5% |
Americanas | lucro de R$ 240,5 milhões* | 568,3% |
As previsões para os resultados de Magalu, Americanas e Via tem sido revisada para baixo, assim como os preços-alvo de compra desses papéis. Assim, o trio que brilhou em 2020 com o crescimento exponencial do ecommerce registra fortes quedas, de cerca de 60% cada, na Bolsa neste ano.
“O principal motivo [da forte desvalorização] é a deterioração do cenário macroeconômico, com a economia crescendo menos que o previsto. A alta na taxa de juros pressiona o custo de capital das empresas, levando a previsões de queda na margem”, diz Crespi.
As ações de Magalu, Americanas e Via caíram tanto que estão no nível de 2019, mesmo com o mercado acima do que era há dois anos. Com base nestes cálculos, o Credit Suisse vê um potencial de alta de 35% para as ações da Americanas e de 57% para sua controlada, Lojas Americanas. Já Magazine Luiza tem chances de subir 33% e Via, 43%.
“Não existe urgência para comprar, mas que acreditamos que o mercado deve avançar bem mais na penetração de ecommerce e também entrar em um ambiente com diversas iniciativas diferentes, podendo levar a um crescimento solido para os próximos anos”, afirmam os analistas do Credit Suisse em relatório.
Crespi, da Guide, também não recomenda a compra no momento. Para quem já tem os papéis na carteira, a dica é segurá-los e esperar uma valorização. Caso o investidor precise acessar o recurso investido em avrejistas, é provável que ele realize um prejuízo.
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