Ações da Magalu (MGLU3) sobem mais de 6%, mas perspectiva de curto prazo é ruim

Ações da Magalu tentam se recuperar depois de um mês de novembro ruim, com mais de 20% de queda

As ações do Magazine Luiza (MGLU3) caíram 23,7% no mês de novembro puxadas por duas coisas a leitura do mercado que as vendas da Black Friday foram ruins para o ambiente digital, em comparação com o mesmo período do ano anterior, e a forte elevação que o mercado viu nas taxas de juros pré-fixados desde a eleição de Lula.

Neste começo de dezembro, as ações da empresa tentam se recuperar. O primeiro dia do mês não foi promissor, quando a varejista esteve entre as piores ações da sessão, com uma queda de mais de 9%, perdendo apenas para os papéis da Paranapanema, que anunciou recuperação judicial.

Nesta sexta (2), a empresa tenta se reerguer, e por volta das 13h anotava alta de 6,45%. Mas o avanço pode ser meramente pontual, segundo analistas ouvidos pela Inteligência Financeira.  

O analista CNPI da Inv João Abdouni diz que “a forte elevação que o mercado viu nas taxas de juros pré-fixados desde a eleição de Lula está relacionada ao pacote de transição, que tem gerado insegurança com relação à irresponsabilidade fiscal brasileira. Isso vem pressionando as ações de Magazine Luiza”, diz o analista.

Para ele, a varejista deve ter dificuldades para o futuro próximo, “assim como todas as varejistas num cenário de alta de juros, como a gente está agora”.

Além dos juros elevados, o analista cita também a concorrência de varejistas estrangeiras no comércio online como outro ponto de desequilíbrio. “A Magalu é líder de mercado, mas agora enfrenta novas concorrência, como a da Shopee e outras empresas, que estão entrando no mercado brasileiro”, ressalta.

Victor Bueno, sócio e analista de Small Caps da Nord Research, diz que, os juros afetam não só o ambiente macro, mas também o balanço da empresa, com uma pressão maior sobre as despesas financeiras e o resultado final da varejista.

Ele acrescenta ainda a inflação como fator que prejudica o desempenho. “O aumento dos preços afeta as margens da empresa, decorrente da queda do consumo. Apesar da estabilização da queda das receitas no terceiro trimestre, o resultado ainda é modesto em relação ao que a Magalu produziu antes da pandemia”, explica.

Magalu ensaiou recuperação

Até novembro, a Magalu vinha ensaiando uma recuperação do valor das suas ações na Bolsa, que chegaram a bater R$ 2 na metade do ano e avançou consideravelmente no pré-eleição, chegando a subir mais de 100%, “mas vimos retração forte na sequência, por causa das incertezas no cenário político e macroeconômico previstas para os próximos anos”, diz o analista.

Próximos meses

Para Bueno, os resultados do quarto trimestre da empresa devem apresentar uma “dinâmica semelhante com a dos outros trimestres, com uma leva alta da margem bruta, mas juros ainda impactando negativamente”.

A projeção do analista é que o prejuízo da empresa se mantenha nas últimas linhas do balanço para os resultados a serem apresentados no começo do ano que vem, impactando negativamente o valor das ações no curto prazo.

Ainda que o prejuízo se mantenha, Abdouni vê a empresa como a “melhor de e-commmece de varejo de eletroeletrônicos no Brasil”, e avalia que as ações estão baratas, o que significa uma boa oportunidade para entrar.

“O problema é que não dá para saber exatamente quando os papéis vão reagir, mas é uma boa opção para o longo prazo”. Mas ele ressalta que o investidor deve optar por posições pequenas no varejo nesse momento de altas taxas de juros, “quando as empresas do setor são algumas das que mais sofrem com esse cenário econômico”, ressalta.