Vale (VALE3) volta ao radar do mercado. É hora de comprar?

Ações ordinárias da mineradora (VALE3) sobem 6% em setembro com maior otimismo sobre recuperação chinesa; vale a pena comprar o papel agora?

As ações ordinárias da mineradora Vale (VALE3) caem mais de 18% em 2023, uma performance bem pior do que as concorrentes listadas CSN Mineração (CMIN3) e Gerdau (GGBR4).

Mesmo assim, a empresa subiu 5,85% na última sexta e voltou ao radar de carteiras de corretoras e analistas em setembro, mês em que sobe 6,18%. Com a recuperação, vem a pergunta: vale a pena investir na Vale ON (VALE3) agora? A Inteligência Financeira buscou saber quais os riscos no segundo semestre.

Vale (VALE3) pode se recuperar em dividendos

A Vale voltou a entrar na carteira dos grandes bancos da Faria Lima (essa afirmação se dá porque o BTG retirou Gerdau para incluir Vale e o J.P Morgan recomendou a compra) em setembro. Tanto o BTG Pactual quanto o Santander recomendam a ação para investidores – mas para teses de aplicação diferentes.

Para o BTG Pactual, “o pior momento operacional” ficou no retrovisor da Vale. Analistas do banco de investimentos destacam que a mineradora é “uma das teses preferidas de exposição à recuperação da economia chinesa”.

Em relatório, o banco afirma que tanto a produção quanto as vendas de minério de ferro devem melhorar daqui para frente, “com esse cenário não precificado nas ações”. “Esperamos que a maior parte da estratégia de médio prazo (da Vale) se concentre em retornos de caixa para os acionistas”, explica o banco, enfatizando o programa de recompra de ações promovido pela Vale.

Já o Santander destaca um possível aumento nos dividendos da Vale a serem pagos ainda neste ano. O banco destaca em documento que a companhia tem 12% de seu fluxo de caixa livre para acionistas, a ser distribuído via dividendos ou no programa de recompra de ações ON.

De acordo com Gustavo Cruz, analista-chefe da RB Investimentos, há, de fato, uma expectativa de aumento nos dividendos de Vale para este semestre. Isso porque o minério de ferro recuperou parte da queda da primeira metade de 2023. “A possibilidade dela ter surpresa positiva no lucro é grande.”

Oscilação leva preço de Vale perto de mínima

Analistas notam que o principal risco envolvendo ações da Vale, portanto, é a China. Se a economia chinesa não reagir bem aos estímulos do governo, principalmente no setor imobiliário que importa commodities metálicas, as ações podem baixar ainda mais.

Os ativos ON subiram na última sexta pelo ânimo do mercado com a estabilidade do minério de ferro. A previsão é de que nem Vale e nem suas concorrentes tenham caixa disponível para fortalecer operações (capex) no curto prazo. Ou seja, a oferta de minério deve continuar estável, o que, por sua vez, melhora a perspectiva em torno da commodity.

“O preço do minério de ferro está melhor. No começo do ano vimos uma queda do valor por tonelada ao piso de US$ 99. No entanto, a commodity se recuperou e agora negocia em US$ 120”, explica Cruz.

Se a demanda por minério de ferro cair, contudo, a Vale deve sentir uma pressão sobre as ações (VALE3). Esta é a avaliação de João Vitor Cardoso, especialista de renda variável da Renova Invest.

“O cenário não é dos melhores, principalmente com os últimos dados econômicos da China”, diz ele justificando o preço atual de Vale na bolsa.

“Apesar disso, a demanda pelo minério de ferro continua saudável, com os estoques batendo os níveis de 2017 e 2018. Por isso vemos que a desaceleração da China não vem influenciando tanto no preço das commodities.”

Vale a pena investir na Vale (VALE3)?

O professor da FIA Business School, Celso Grisi, prefere uma exposição “parcial” aos papéis de Vale. Segundo o especialista, é melhor “esperar por novas oscilações e voltar a comprá-los” nos períodos de queda.

“Trata-se de oportunidade para quem pensa no longo prazo e em aproveitar periodicamente”, diz. Mas o professor da FIA não vê a ação ultrapassando o valor de R$ 75 até o final do ano.

Uma unanimidade entre os bancos e analistas é de que a venda de uma fatia de 13% da divisão de metais básicos pode ajudar a destravar valor da mineradora. No final de julho, a Vale Base Metals (VBM), de níquel e cobre, foi vendida para a saudita Manara Minerais e a americana Engine No.1. As companhias arremataram 10% e 3% do negócio, respectivamente.

Um dos pontos positivos da Vale é o desempenho esperado da VBM, diz Grisi, sobretudo com uma demanda cada vez maior por níquel e cobre do setor de eletrificação.

Para Fernando Siqueira, da Guide Investimentos, a ação da Vale está “bem depreciada” e “com valuation baixo” em relação ao lucro e ao perfil da dívida da empresa. O valor da empresa e suas dívidas sobre o Ebitda (EV/Ebitda) está abaixo da média dos últimos dez anos, diz.

Segundo o especialista, vale a pena investir na mineradora. “Mas é importante pensar no médio e longo prazo, porque no curto o papel está muito esticado”, diz Siqueira, se referindo ao fato de que a oscilação deve deixar o papel precificado por volta dos R$ 70.

Já para João Vitor Cardoso, da Renova, a companhia deve sim entrar na carteira do investidor.

Vale (VALE3) tem um potencial de remuneração bem interessante e está sendo negociada próximo dos menores múltiplos históricos

No dia em que a Vale subiu mais de 5% na bolsa, o banco americano J.P. Morgan recomendou a compra das ações da empresa.