Santander Brasil (SANB11) tem lucro gerencial de R$ 3,1 bilhões no 3º trimestre, queda de 28,1%

A queda foi de 23,5% na comparação trimestral e de 28,1% ante o mesmo período do ano passado. O resultado veio abaixo das projeções dos analistas consultados pelo Valor

O Santander Brasil obteve lucro líquido gerencial de R$ 3,122 bilhões no terceiro trimestre, o que representa queda de 28,1% na comparação com o mesmo período do ano passado e baixa de 23,5% ante o trimestre imediatamente anterior. O resultado veio abaixo das projeções dos analistas consultados pelo Valor, que apontavam um ganho de R$ 3,688 bilhões.

O lucro societário do Santander ficou em R$ 3,039 bilhões entre julho e setembro, com queda de 28,9% ante igual intervalo de 2021 e de 23,6% na margem.

“Nossa antecipação a ciclos, com maior seletividade na concessão de crédito, reflete com exatidão a menor contribuição na margem de clientes, com ajustes na produção do mix de produtos e do perfil de clientes, assim como à sensibilidade negativa do aumento de juros na margem com mercado, que ainda deve seguir pressionada no próximo ano”, disse o presidente do banco, Mario Leão.

O terceiro maior banco privado do país em ativos contabilizou margem financeira bruta de R$ 12,598 bilhões no terceiro trimestre, com queda de 1,4% ante o trimestre anterior e 13,8% em relação ao terceiro trimestre de 2021.

As despesas líquidas com provisões para devedores duvidosos (PDD) ficaram em R$ 6,209 bilhões, com alta de 8,1% ante o trimestre anterior e 68,9% em relação ao terceiro trimestre de 2021.

As receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias atingiram R$ 4,734 bilhões, com queda de 3,0% no trimestre e de 2,0% em 12 meses. Já as despesas gerais totalizaram R$ 5,691 bilhões, com alta de 4,8% no trimestre e de 3,8% em 12 meses.

O retorno sobre o patrimônio (ROE) – excluindo ágio – ficou em 15,6% no terceiro trimestre, ante 20,8% no segundo trimestre e 22,4% no terceiro trimestre do ano passado. O índice de Basileia ficou em 14,5%, de 14,2% e e 14,3%, na mesma base de comparação.

Carteira de crédito

O Santander encerrou setembro com R$ 484,252 bilhões na carteira de crédito. O saldo aumentou 3,4% ao longo do terceiro trimestre e cresceu 7,5% na comparação com setembro do ano passado. Descontado o efeito da variação cambial, a alta em 12 meses foi de 7,6%.

O saldo de operações com pequenas e médias empresas estava em R$ 64,508 bilhões no fim do terceiro trimestre, alta de 3,0% em relação a junho e de 5,9% na comparação com setembro do ano passado.

A carteira de pessoas físicas, que é a mais relevante para o Santander, cresceu 2,4% no trimestre e 11,0% em 12 meses, para R$ 220,417 bilhões no fim de setembro. O segmento foi impulsionado pelas linhas de crédito pessoal/outros (alta anual de 18,8%, a R$ 48,945 bilhões), cartão de crédito (alta de 13,3%, a R$ 44,439 bilhões) e consignado (alta de 8,4%, a R$ 57,504 bilhões).

O financiamento ao consumo cresceu em ritmo mais lento. Houve expansão de 1,5% em relação a junho e de 4,8% na comparação com setembro do ano passado, totalizando R$ 67,928 bilhões.

A carteira de grandes empresas era de R$ 131,399 bilhões no fim de setembro, apontando alta de 3,0% em relação a junho e 4,3% frente a setembro do ano passado. Entre as pessoas jurídicas, a linha de crédito rural subiu 29,8% na comparação anual (R$ 5,798 bilhões); seguida de comércio exterior, com alta de 25,4% (R$ 38,677 bilhões); e leasing/veículos, com expansão de 5,3% (R$ 3,359 bilhões).

A carteira de crédito ampliada, que inclui outras operações com risco de crédito e avais e fianças, atingiu R$ 565,910 bilhões, incremento de 7,5% em 12 meses (também 7,5% desconsiderando o efeito da variação cambial). Em relação a junho, avançou 4,2%.

Segundo o Santander, o saldo do crédito prorrogado alcançou R$ 20,0 bilhões em setembro, decorrente da amortização de R$ 29,8 bilhões ocorrida desde o segundo trimestre de 2020, ou 59,9% de tudo que foi postergado na pandemia.

Margem financeira bruta

O Santander Brasil informou que sua margem financeira bruta foi de R$ 12,598 bilhões no terceiro trimestre, com queda de 13,8% na comparação com o mesmo período do ano passado e 1,4% em relação ao trimestre imediatamente anterior.

A margem com clientes foi de R$ 14,143 bilhões, com baixa de 1,0% na comparação trimestral e alta de 17,0% em 12 meses. Dentro dessa linha, a margem com produtos caiu 2,2% no trimestre, a R$ 13,254 bilhões. O spread foi de 10,7%, de 11,5% no segundo trimestre e 10,3% no terceiro trimestre de 2021.

Já a margem de operações com o mercado ficou negativa em R$ 1,545 bilhão, de um resultado negativo de R$ 1,513 bilão no segundo trimestre e positivo de R$ 2,524 bilhões no terceiro trimestre do ano passado.

Segundo o Santander, a queda na passagem do segundo para o terceiro trimestre refle o menor resultado das operações com clientes, impactado principalmente pelo mix de produtos, em função da maior seletividade na concessão de crédito. No ano, a queda da margem está atrelada às menores receitas com operações de mercado, devido à sensibilidade da curva de juros.

Despesas líquidas de PDD

O Santander informou que suas despesas líquidas com provisões para devedores duvidosos (PDD) somaram R$ 6,209 bilhões no terceiro trimestre, com alta de 68,9% na comparação com o mesmo período do ano passado e 8,1% ante o trimestre imediatamente anterior.

O resultado líquido de R$ 6,209 bilhões no trimestre é fruto de despesas de R$ 7,064 bilhões mais um ganho de R$ 854 milhões com recuperação de créditos que haviam sido baixados a prejuízo.

Segundo o banco, o resultado da PDD reflete um momento ainda desafiador do ciclo de crédito. “O segmento de pessoa física e a mudança no mix de produtos foram os principais fatores para esse aumento. Vale destacar que a representatividade das safras antigas no resultado de PDD vem reduzindo ao longo do período, de 82% em jan/22 para 29% em set/22”.

O custo de crédito do banco ficou em 3,8% no terceiro trimestre, de 3,4% no segundo trimestre e 2,7% no terceiro trimestre de 2021. O índice de cobertura subiu para 226%, de 224% e 248%, respectivamente.

Inadimplência

O Santander Brasil encerrou o terceiro trimestre com inadimplência de 3,0% na carteira de crédito, ante 2,9% em junho e 2,4% em setembro do ano anterior.

A taxa de calotes de pessoa física ficou em 4,3% no fim de setembro, ante 4,1% em junho e 3,3% no fim do terceiro trimestre de 2021. No caso de pessoas jurídicas, o indicador estava em 1,3% no fim de setembro, de 1,1% e 1,3%, na mesma base de comparação.

Segundo o banco, as novas safras (a partir do primeiro trimestre deste ano) apresentam maior qualidade, atingindo índice de inadimplência de 1,5%, sendo 2,5 pontos percentuais menor que o indicador das safras antigas.

A inadimplência de curto prazo (15 a 90 dias) ficou em 4,3% em setembro, de 4,2% em junho e 3,4% em setembro de 2021. Em PF, a inadimplência ficou em 6,1%, de 5,9% e 5,0%, na mesma base de comparação. E em PJ o indicador foi de 1,9%, de 1,9% e 1,2%, respectivamente.

O registro de empréstimos inadimplentes (NPL formation) ficou em R$ 8,730 bilhões no terceiro trimestre. A relação entre o NPL formation e a carteira de crédito alcançou 1,86% no terceiro trimestre, de 1,86% no segundo trimestre e 1,18% no terceiro trimestre de 2021.

O Santander informou ainda que sua carteira renegociada atingiu R$ 35,381 bilhões em setembro, com aumento de 11,7% no trimestre e de 54,6% em doze meses.