Bradesco (BBDC4) espera solução para caso Americanas (AMER3) em setembro

Octavio de Lazari também aposta numa solução em 90 dias para ajudar a reduzir os juros do rotativo do cartão de crédito

O presidente-executivo do Bradesco (BBDC4), Octavio de Lazari, disse acreditar que uma solução para o caso Americanas (AMER3) pode ser obtido em setembro.

“Esperamos uma evolução em setembro para chegar a um bom acordo”, disse Lazari a jornalistas nesta sexta-feira.

A expectativa inicial de credores da Americanas era de que um acordo tivesse sido alcançado no primeiro semestre.

Em fevereiro, o Bradesco fez uma provisão extraordinária de R$ 4,9 bilhões para cobrir sua exposição total à Americanas, que pediu recuperação judicial no mês anterior.

A varejista anunciou em janeiro um rombo contábil de cerca de R$ 20 bilhões.

Segundo Lazari, a Americanas deve divulgar no mês que vem seu balanço revisado, o que abrirá caminho para selar um acordo.

Inadimplência

Perdas com calotes têm sido a principal pressão sobre os resultados do Bradesco, segundo maior banco privado do país, só atrás do Itaú Unibanco (ITUB4).

No relatório divulgado na noite de quinta-feira (3), o Bradesco revelou queda de 35,8% no lucro do segundo trimestre.

O resultado refletiu entre outros fatores um salto de 94% nas provisões para perdas esperadas com calotes.

Isso após o índice de inadimplência acima de 90 dias do banco ter atingido 5,9%, recorde da série histórica iniciada em 2007.

Lazari disse que as novas safras de crédito concedidas pelo banco têm qualidade melhor e que os índices de atrasos devem melhorar até o fim do ano.

Rotativo

O presidente do Bradesco disse também que uma solução para a redução do juro do rotativo do cartão de crédito deve sair nos próximos 90 dias.

No entanto, Lazari se mostrou pouco otimista para a chance de uma redução muito grandes das taxas, dada a complexidade do assunto.

“O rotativo não tem solução simples, porque envolve muitas partes, adquirentes, bancos, bandeiras, lojistas e clientes”, afirmou.

“Estamos discutindo alternativas, mas não dá pra implementar mudanças de uma vez só”, disse. “Não vamos encontrar uma solução ótima, mas boa.”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem cobrado dos bancos soluções para reduzir o juro do rotativo, a linha de crédito mais cara do pais.

Na semana passada, o BC informou que a taxa média do rotativo ficou em 437,5% ao ano em junho.
Haddad e os presidentes de bancos, incluindo Lazari, se reuniram no começo desta semana para discutir o assunto, entre outros temas de crédito.