Não é só o BBB23: Saiba como o Mercado Livre pode aproveitar a crise da Americanas

O Goldman Sachs avalia em relatório as perspectivas para o gigante do e-commerce no Brasil

O Mercado Livre (MELI) deve entregar um quarto trimestre com forte execução tanto na área de comércio quanto na de fintech, avalia o Goldman Sachs em relatório. O banco projeta crescimento no valor bruto de mercadoria (GMV) de 17% para o Brasil para a empresa, crescimento do volume total de pagamentos (TPV) de 73%, expansão de receita de 40% e margem de lucro operacional de 6,1% (um ganho de 500 pontos-base no ano).

A casa também considera que, embora as pressões inflacionárias tenham diminuído no Brasil, a curva futura não está mais precificando cortes significativos nas taxas para 2023, dada a incerteza em torno do cenário fiscal sob a equipe econômica do novo governo.

“Do ponto de vista do Mercado Livre, isso significa que as possíveis melhorias de custos de financiamento mais baixos para sua operação de pagamentos têm menos probabilidade de se materializar”, comentam os analistas Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini.

O banco também estima que a companhia pode se beneficiar da fatia de mercado deixada pela Americanas (AMER3) em meio ao processo de recuperação judicial da varejista anunciado na última semana. Importante lembrar que, logo após o escândalo contábil da Americanas estourar, o Mercado Livre assumiu o posto de patrocinador master do BBB23, principal reality show da TV Globo.

Os analistas estimam que cerca de R$ 20 bilhões dos R$ 40 bilhões em valor bruto de mercadoria on-line da Americanas vêm de bens duráveis, uma categoria na qual o Mercado Livre não investiu tanto, com foco em produtos de terceiros (3P).

Eles lembram que, já em 2019-2020, o gigante do e-commerce havia demonstrado interesse no segmento de bens duráveis por meio de operações de mercadorias próprias, mas a empresa equilibrou seus investimentos na categoria em meio à demanda enfraquecida a partir de meados de 2021.

“À medida que a perspectiva da demanda se estabiliza, podemos ver o Mercado Livre se inclinar para essa iniciativa, mas ainda esperamos que a empresa seja disciplinada em preços/margens. Dito isto, como os fornecedores podem procurar a distribuição de reequilíbrio para reduzir sua exposição à Americanas, acreditamos que o Mercado Livre passa a ver o poder de negociação mudando a seu favor”, afirmam.

O Goldman Sachs tem recomendação de compra e preço-alvo de US$ 1.520,00 para as ações da companhia negociadas na Nasdaq, o que representa uma valorização potencial de 38,8% sobre a cotação atual.