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Americanas (AMER3): as visões pessimistas para quem quer saber se vale a pena investir agora na varejista
O BTG Pactual retirou a recomendação de compra e o preço-alvo de R$ 29 de Americanas (AMER3) por conta da descoberta de inconsistências contábeis no montante de R$ 20 bilhões que a empresa apresentou na noite da última quarta-feira (11). Nesta sexta-feira (12), a varejista exibia recuperação após o tombo de 77,33% na véspera, que derrubou a ação de R$ 12 para R$ 2,72.
Os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Victor Rogatis escrevem que os números são preliminares e alertam que podem ser bem maiores, dado a declaração de Sergio Rial, ex-diretor-presidente da Americanas, que a prática acontecia há anos.
“Acreditamos que vai demorar algum tempo até o comitê independente de auditoria encontrar um número que traduza o real balanço da Americanas e sua posição de alavancagem”, comentam.
O banco também não descarta a necessidade de uma injeção de capital na empresa, como sugerido por Rial, para conseguir atender às necessidades de liquidez e de capital dependendo de como será as próximas semanas da Americanas.
“A falta de visibilidade de quão rápido esses problemas serão resolvidos e retomada as operações normais tornam difícil o investimento hoje”, comentam. Eles acreditam que a situação da empresa vai se manter volátil pelos próximos meses.
Os analistas Gustavo Cambauva, Elvis Credendio e Bruno Tomazetto escrevem que a Americanas é uma das principais inquilinas dos shoppings brasileiros, mas a situação atual deve ter poucos efeitos na sua presença nos centros de compra.
O banco calcula que a Americanas está presente em 72% dos shoppings da Aliansce Sonae, Iguatemi, Multiplan e Syn, mas representa somente 1% a 2% dos aluguéis totais dessas operadoras.
Mais pessimismo
O Credit Suisse também retirou a recomendação de compra e preço-alvo de R$ 36 para Americanas após a varejista revelar sue rombo financeiro.
As analistas Marcella Recchia e Fernanda Sayão escrevem que ainda há não informações suficientes para quantificar o impacto em potencial que as inconsistências podem ter no balanço.
O banco também diz que a visibilidade sobre as perspectivas da empresa foram reduzidas de maneira significativa agora que a Americanas vai enfrentar riscos de execução elevados de um processo complexo e longo de reestruturação.
Elas notam que, como disse o ex-diretor-presidente da Americanas, Sergio Rial, cerca de 92% da dívida da empresa não tem cláusulas restritivas (“covenants”), o que reduz um possível efeito material no caixa.
Nota rebaixada
A S&P Global Ratings cortou a nota de crédito global da Americanas de “BB” para “B” e a nacional de “brAAA” para “brA-”, colocando as duas em observação negativa, por conta das incertezas envolvendo as inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões apresentadas pela companhia.
Os analistas Henrique Koch, Luisa Vilhena e Luciano Gremone escrevem que neste momento é difícil avaliar o impacto total que as inconsistências terão na performance financeira e operacional da Americanas.
Na visão da agência de classificação de riscos, o grosso das inconsistências não deve afetar materialmente a posição de caixa da Americanas, com impacto na dinâmica de capital de giro e relacionamento da empresa com o mercado.
“Caso algum desses pontos seja afetado, pode levar a efeitos materiais negativos no fluxo de caixa da companhia, consequentemente sua liquidez, até que a Americanas consiga levantar capital”, ponderam.
Os analistas afirmam que o anúncio e a saída do então diretor-presidente, Sérgio Rial, mostram deficiências de governança graves da Americanas em termos de controles internos e transparência, prejudicando a confiabilidade da empresa.
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