Advogado de minoritários quer que PwC seja criminalmente responsabilizada por rombo bilionário na Americanas (AMER3)

Advogado vai acionar Ministério Público Federal de São Paulo para que diretores da PwC prestem depoimento à Justiça

Acionistas minoritários da Americanas (AMER3) querem que a multinacional de auditoria PwC seja investigada por eventual conduta criminosa contra o mercado de capitais no caso Americanas. A PwC é responsável pela auditoria da Americanas há três anos e, em 2021, aprovou demonstrações financeiras da empresa, que apresentou desfalque em seu balanço da ordem de R$ 20 bilhões. Procurada, a PwC disse que não comenta casos que envolvam seus clientes.

Representante de acionistas minoritários da Americanas, o advogado Daniel Geber disse ao Valor que vai acionar o Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo, que há uma semana instaurou uma notícia de fato para apurar suspeita de insider trading na venda de mais de R$ 210 milhões em ações da companhia feita por seus diretores.

Bloqueio de bens de diretores da PwC

“Eu vou pedir ao MPF que a diretoria da PwC seja chamada para fins de depoimento, para que eles esclareçam a cadeia de responsabilidades que existe dentro da empresa. Quem fiscaliza, quem leu o relatório do agente que fiscalizou, quem assinou dizendo que estava tudo certo. E só consigo saber isso com os depoimentos dos diretores”, diz.

Gerber afirmou também que pedirá à Justiça o bloqueio de bens de diretores da PwC e de diretores e integrantes do grupo controlador da Americanas. De acordo com o criminalista, os valores que envolvem o caso excluem a possibilidade de que tenha se tratado apenas de negligência. A companhia teve seu pedido de recuperação judicial acatado pela Justiça, alegando uma dívida de R$ 43 bilhões.

“A PwC deve ser responsabilizada, porque a existência de auditoria externa em companhias de capital aberto é uma exigência legal. E se há o dever legal de auditar para conferir credibilidade às empresas, então deve haver também responsabilização por falhas havidas na prestação do serviço”.

Na avaliação do advogado, “é impossível que um rombo de R$ 20 bilhões seja resultado de desatenção”.

Além do pedido de investigação no MPF, a PwC e a Americanas também estão na mira da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão com atribuição para fiscalizar e regular o mercado de valores mobiliários.