Ações de tecnologia sobem parcialmente após tombo

Mudança na segmentação de anúncios na internet ainda preocupa analistas
Pontos-chave:
  • Nesta sexta, Meta, Apple, Netflix e Alphabet registravam altas entre 0,4% e 1,8%

As ações de grandes companhias de tecnologia sobem nos Estados Unidos, nesta sexta-feira (4), a reboque do anúncio do lucro da Amazon na quinta (3), que dobrou o resultado no último trimestre de 2021. O salto da gigante do e-commerce parece ter mudado o humor do mercado no fim de uma semana marcada por grande volatilidade em função de resultados divulgados por Big Techs.

Os papeis da maior varejista global subiram 12,7% nas transações pré-mercado impulsionadas pela informação de vai reajustar as assinaturas do Prime pela primeira vez desde 2018 para compensar alta de custos.

Os principais índices do mercado americano recuaram na quinta-feira após as ações da Meta, dona do Facebook, despencarem 26% na sequência de previsão de resultado abaixo do estimado neste primeiro trimestre de 2022. A estimativa reflete, na prática, o efeito da mudança adotada pela Apple no ano passado em sua política de privacidade, que impactou negativamente o mercado de publicidade on-line.

A Apple fez mudanças relevantes nas configurações de privacidade de seu sistema operacional em 2021, permitindo que usuários do iPhone escolham se anunciantes podem rastreá-los. Desde a implementação dessa função, a vasta maioria das pessoa que usa iPhone optou por bloquear o acesso aos anunciantes.

Apenas 24% dos usuários do iPhone em todo o mundo permitiram o rastreamento, segundo dados divulgados em dezembro pela Flurry. Isso significa que uma ampla fatia de usuários do iPhone está fugindo do rastreamento pessoal preferido pelos anunciantes.

Meta, Apple, Netflix e Alphabet: altas entre 0,4% e 1,8%

Foi um balde de água fria para os anunciantes, que há anos rastreiam as pessoas on-line para determinar quantas vendas seus clientes estavam fazendo. Os anunciantes também contam com o rastreamento para voltar a exibir produtos que os consumidores visualizaram mas ainda não compraram, lembrando-os de que talvez seja hora de comprar. Para os ativistas de privacidade, porém, a mudança é uma verificação bem-vinda contra a vigilância, devolvendo o poder de decisão aos usuários comuns de tecnologia.

Meta, Apple, Netflix e Alphabet registravam altas entre 0,4% e 1,8%.

As ações do Snapchat subiam 46,24%, após a divulgação de seu primeiro lucro como empresa de capital aberto. E os papéis do Pinterest subiam 7,30%.

As vendas do Snap no quarto trimestre aumentaram 42%, para US$ 1,3 bilhão, em comparação com uma estimativa média de US$ 1,2 bilhão. O lucro líquido foi de 1 centavo por ação, em comparação com as projeções de prejuízo de 9 centavos.

A empresa se beneficiou de ferramentas de realidade aumentada que são atraentes para os profissionais de marketing.

No caso do Pinterest, houve lucro ajustado de 49 centavos por ação, superando com folga a estimativa média de 42 centavos. A receita também superou as previsões da empresa, que usa uma interface de pinboard para fornecer um serviço de busca visual.

O alerta dado pela Meta e o preço de suas ações em queda foram avisos de que, mesmo entre Big Techs, a Apple detém domínio extraordinário em razão de seu controle do iPhone. Com isso, a indústria de tecnologia recebeu um sinal claro de que uma guinada há tempos planejada na forma como as informações pessoais podem ser usadas on-line estava tendo impacto dramático na Meta e em companhias de internet que passaram anos construindo negócios em torno da venda de anúncios.

Outras companhias de internet que dependem de anúncios sentiram a turbulência também. Negócios de menor porte, porém, parecem ter sido mais ágeis em suas respostas às mudanças implementadas pela Apple.

Essas mudanças têm efeitos de longo alcance e que podem trazer prejuízo à carteira de usuários, afirma Seufert, apesar deles estarem massivamente escolhendo não serem rastreados. Enquanto a Meta e outras grandes companhias de mídia desenvolveram novos métodos para alcançar as pessoas com anúncios, marcas menores, cujos anúncios não conseguem mais atingir novos consumidores, encontraram uma solução diferente para o problema: aumentar preços.

Com Valor Pro, serviços de informação em tempo real do Valor Econômico e The New York Times