Dólar fecha abaixo de R$ 5,60, com inflação oficial do país acima das expectativas

A baixa do dólar se deu também depois dos agentes financeiros analisarem a fala do presidente do Fed, o banco central dos EUA

O dólar fechou em queda de 1,67%, cotado a R$ 5,5792, nesta terça-feira (11). Essa foi maior desvalorização diária e o menor patamar desde 30 de dezembro, quando a cotação registrou declínio de 2,11%, para R$ 5,5735.

A desvalorização da moeda norte-americana nesta terça-feira se deu após o mercado digerir dados da inflação mais fortes do que o esperado, pesando seu potencial impacto sobre a atratividade da moeda brasileira contra o custo à atividade econômica. A inflação oficial do país (IPCA) fechou 2021 em 10,06%, maior taxa acumulada no ano desde 2015, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A baixa do dólar se deu também depois dos agentes financeiros analisarem a fala do presidente do Fed, o banco central dos EUA. Em sabatina de confirmação do seu segundo mandato à frente da autoridade monetária americana, no Senado, Jerome Powell reconheceu que está na hora de “deixar para trás” as medidas emergenciais tomadas para ajudar a economia do país a lidar com a crise gerada pela pandemia. Mas reconheceu que ainda “há um longo caminho até a normalização”.

Em sua última reunião de política monetária, a mediana das projeções dos integrantes do Fed indicou três elevações de 25 pontos-base neste ano. Mas as expectativas já são majoritariamente de que o BC americano movimente a meta de juros mais vezes neste ano.

Os futuros dos Fed Funds – usados para avaliar as apostas dos investidores na política monetária do Fed – indicavam nessa terça-feira (11) uma probabilidade de 53,0% de pelo menos quatro altas de 25 pontos-base em 2022 e de 79,3% de que o BC americano eleve os juros em março, acima dos cerca de 75% registrados nessa segunda (10).

Questionado sobre o peso dado pelo Fed ao mercado de trabalho, Powell disse que ambos os objetivos de pleno emprego e estabilidade de preços são igualmente importantes, mas que às vezes é necessário priorizar um deles. “No momento, eu diria que a inflação está mais longe das metas do que o mercado de trabalho”, esclareceu.

O presidente do Fed reiterou, no entanto, que o surto de inflação se deve principalmente a fatores ligados à oferta, que não conseguiu acompanhar a forte recuperação da demanda, e que o BC americano tem pouca capacidade para lidar com este lado do desequilíbrio.

“O que temos agora é um desequilíbrio entre oferta e demanda, e não devemos resolver esse desequilíbrio apenas por meio da demanda”, disse Powell, esclarecendo que, se a expectativa de inflação se fixar em um nível mais elevado, o Fed pode ser forçado a apertar demais a sua política monetária, aumentando os riscos de uma nova recessão.

Powell reiterou também que a taxa de juros de referência continuará sendo a principal ferramenta política monetária. Mas reconheceu que o balanço de ativos do Fed está muito maior do que ele deveria estar, e que ele pode “deixar o balanço encolher” ainda neste ano.

A linguagem sugere uma redução passiva do balanço, com o BC americano deixando de recomprar ativos no vencimento, pelo menos em um primeiro momento. Outros integrantes do Fed indicaram em seus comentários que uma redução do balanço do Fed deve começar apenas depois que ele começar a elevar os juros.