A inflação de outubro (1,25%) medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) surpreendeu negativamente e veio acima das expectativas do mercado (1,05%). O resultado no mês teve entre os destaques a alta de 2,62% no grupo dos transportes puxada principalmente pelo avanço de 3,21% nos preços dos combustíveis. Subiram a gasolina (3,10%), o óleo diesel (5,77%), o etanol (3,54%) e o gás veicular (0,84%).
Para o economista Matheus Peçanha, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGVIbre), o cenário para novembro não é nada promissor. Ele explica que o IPCA atual não contemplou o reajuste da gasolina e do diesel nas refinarias anunciado pela Petrobras em 25 de outubro. “Os dados refletem reajustes passados. Então ainda veremos mais pressão dos combustíveis no índice em novembro”, avalia.
O pesquisador do FGVIbre observa que não é possível descartar novos aumentos nas próximas semanas e lista os dois fatores que influenciam a política de preços da Petrobras. “O petróleo continua o movimento de valorização e o câmbio não dá sinal de arrefecimento”, comenta. “Então é um cenário tenebroso, já que os combustíveis têm uma capacidade de difusão muito grande e poderemos ver um estrago com o repasse escalonado para os demais grupos”, alerta.
O economista vê um reflexo disso no encarecimento dos alimentos. “Boa parte da pressão está ligada ao aumento do frete”, diz.
Planeja viajar no fim do ano? Prepare o bolso
Quem vai pegar estrada já sabe que vai pagar mais caro pelo combustível. Caso a opção seja pelo transporte aéreo, o IPCA sinalizou uma perspectiva complicada. Os preços das passagens aéreas aceleraram 33,86% entre setembro e outubro. A disparada nos valores dos bilhetes também está relacionada ao controle da pandemia à medida que a maioria da população completa o ciclo de imunização contra a Covid-19.
“A depreciação cambial e a alta dos preços dos combustíveis, em particular do querosene de aviação, têm contribuído com o aumento das passagens aéreas”, destaca o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov. “A melhora do cenário da pandemia, com o avanço da vacinação, levou a um aumento no fluxo de circulação de pessoas e no tráfego de passageiros nos aeroportos. Como a oferta ainda não se ajustou à demanda, isso também pode estar influenciado alta dos preços”, acrescenta Kislanov.
Matheus Peçanha considera que o início da alta temporada de viagens pode fazer “explodir o caldeirão dos preços ainda mais”. “O setor vai ficar aquecido e a procura por passagens vai aumentar. Ou as pessoas se programam para comprar com antecedência, ou vão ter que abrir a carteira e gastar mais dinheiro”, completa.