A gasolina está cara? Especialistas veem tendência de novos aumentos

O preço da gasolina vendida pela Petrobras nas refinarias está mais alto desde a terça-feira (26); preço nas bombas encareceu mais de 40% nos últimos 12 meses, segundo o IBGE
Pontos-chave:
  • Política de reajustes da Petrobras leva em conta a variação do dólar e as oscilações do barril do petróleo no mercado internacional
  • Economista diz que a reversão do atual cenário pode demorar
  • Fundo para estabilização dos preços seria uma opção para "momentos extraordinários"

O preço da gasolina vendida pela Petrobras nas refinarias está mais alto desde a terça-feira (26) e em breve também deve subir nas bombas dos postos de combustíveis. A elevação se dá depois de a empresa ter anunciado na segunda-feira (25) um reajuste de 7% – o que equivale a R$ 0,21 a mais.

Para quem acha que está caro encher o tanque do carro, um levantamento da corretora Ativa Investimentos mostra que há ainda uma defasagem de 17% no valor negociado pela estatal. “A Petrobras teria espaço para cobrar R$ 0,50 a mais pelo produto”, diz Étore Sanchez, economista-chefe da corretora. A diferença é explicada pela valorização do dólar frente ao real e pela variação do petróleo no mercado internacional, que são as principais influências na política de preços da companhia. “Há uma pressão cada vez maior exercida pelo câmbio e pela commodity”, afirma.

O aumento anunciado nesta semana diminuiu um pouco a defasagem, que, segundo Sanchez, estava em 30% na semana passada, quando o barril do petróleo se aproximou de US$ 87 no mercado internacional e o dólar chegou a ser negociado a R$ 5,75, em razão das discussões em torno do teto de gastos e das incertezas fiscais no país.

O que pode derrubar o preço no curto prazo?

“A depreciação do câmbio é a chave para um eventual alívio”, considera o economista-chefe da Ativa Investimentos. Mas ele vê um “longo percurso” para uma reversão da atual tendência. “Para a gasolina cair, tem que zerar a defasagem e entrar em potencial de baixa”.

Adriano Pires, sócio-fundador e diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infra Estrutura), reforça que não há segredo para uma mudança de cenário. “A perspectiva é de novos aumentos se o dólar não baixar”.

O especialista diz que uma forma de conter o avanço dos preços passaria por uma decisão política, mas sem cair em uma “tentação populista” de mexer na gestão de reajustes da petrolífera. “O governo poderia criar um fundo de estabilização separando parte da receita adicional dos royalties que recebe da Petrobras quando a commodity está muito valorizada”, sugere. “A utilização desse recurso extra, que viria de períodos de aumento da arrecadação, poderia tirar a volatilidade de uma maneira mais rápida em momentos extraordinários como agora”, afirma.

A alta em 5 pontos:

  • O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado nesta terça-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), destaca que a gasolina nos postos encareceu 40,44% nos últimos 12 meses
  • No acompanhamento feito pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o preço médio da gasolina comum no Brasil passou de R$ 4,622, em janeiro, para R$ 6,267, no dado mais recente de outubro
  • Na consulta semanal da ANP, realizada entre 17 e 23 de outubro, os maiores preços foram observados no Rio Grande do Norte (R$ 6,948), Rio de Janeiro (R$ 6,914) e Piauí R$ (6,905)
  • Já os menores valores foram captados no Amapá (R$ 5,511), Roraima (R$ 5,973) e São Paulo (R$ 6,023)
  • O preço máximo na coleta semanal, ainda antes do reajuste da Petrobras, foi apurado em um posto do Rio Grande do Sul: R$ 7,469. Enquanto isso, na mínima, um posto em São Paulo vendia o combustível a R$ 5,089