Análise: Campanha de Bolsonaro quer duas rodadas de Auxílio Brasil em menos de um mês

Bárbara Baião e Fábio Zambeli analisam as próximas rodadas do programa de benefícios do governo federal

A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) prepara a antecipação da terceira rodada de pagamentos do Auxílio Brasil sem ter viabilizado a segunda parcela.

A ideia é que os R$ 600 cheguem às mãos dos beneficiários a partir de 9 de outubro, uma semana após o primeiro turno eleitoral.

O cronograma destoa do fluxo de pagamentos deste mês, já que problemas burocráticos relacionados aos dados sobre vacinação e evasão escolar empurraram a rodada deste mês para o próximo sábado (17/8).

Inicialmente, o entorno político bolsonarista demonstrou apreensão com o atraso de oito dias. O receio era de que a descontinuidade de datas iria na contramão do esforço da campanha em garantir ao eleitor a permanência do benefício turbinado às vésperas da eleição.

Mas, de acordo com fontes da campanha, as pesquisas não têm demonstrado impacto negativo. Dessa forma, a tensão se converteu em uma lógica mais otimista de que proximidade dos pagamentos de setembro e outubro, de 25 dias, poderia ser revertida em uma oscilação positiva para Bolsonaro em um eventual segundo turno.

Até lá, o governo também aposta que vai reduzir o desconhecimento de cerca de 40% dos beneficiários de que o presidente é o responsável pelos pagamentos. Na lógica de ministros, a propaganda prolongada no rádio e televisão seria decisiva para que o presidente melhorasse o desempenho entre o público do programa majoritariamente feminino e eleitor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Vantagem petista

Lula ampliou sua vantagem eleitoral sobre Bolsonaro entre moradores da região Nordeste e beneficiários de programas sociais do governo federal. Os dados constam na última pesquisa Ipec, divulgada na segunda-feira.

De acordo com o levantamento, Lula saltou cinco pontos percentuais — passando de 56% para 61% das intenções de voto — entre os nordestinos. O petista também ampliou em cinco pontos sua base eleitoral entre eleitores mais pobres (que são beneficiários de programas como o Auxílio Brasil, dentre outros).