Dólar e juros futuros começam dia em queda, atentos à tensão na Ucrânia

Moeda americana se desvaloriza ante divisas de países emergentes

O dólar comercial tem queda contra o real na manhã desta terça-feira (22), em linha com o desempenho da divisa americana em relação às emergentes, enquanto os juros futuros acompanhavam a dinâmica do câmbio. Os agentes do mercado seguem ponderando o desenrolar dos eventos na fronteira da Ucrânia, depois da escalada de tensão da véspera, depois que o presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu a independência de duas regiões controladas por separatistas pró-Rússia.

Por volta de 11h20, a moeda americana recuava 0,81%, vendida a R$ 5,066 no mercado de câmbio à vista, movimento em linha com a maioria das divisas pares do real, que se valorizam em relação ao dólar no momento.

Já no mercado de juros, a taxa do contrato futuro de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 passava de 12,38% no ajuste anterior para 12,355%; a taxa do DI janeiro de 2024 recuava de 11,94% para 11,925%; a do DI janeiro de 2025 variava de 11,34% para 11,32%; e a do DI janeiro de 2027 diminuía de 11,21% para 11,18%.

Na Ucrânia, a tensão mudou de patamar ontem, depois de Putin reconhecer a independência das regiões de Donetsk e Luhansk e enviar tropas para elas a fim de cumprir “operações de paz”. Os mercados internacionais reagiram ainda na segunda com bastante nervosismo ao desenrolar dos eventos, com fortes perdas observadas nas bolsas da Europa. Na volta do feriado dos Estados Unidos, os futuros americanos operam com viés negativo e os índices acionários no velho mundo têm altas leves, enquanto o dólar global recua contra rivais e fortes e a maioria das divisas de emergentes.

Assim, o real vai se ajustando ao comportamento das moedas pares e aumenta os ganhos do ano. No acumulado de 2022 até aqui, a divisa já se valoriza cerca de 8%, tendo caído consistentemente em direção ao nível psicológico dos R$ 5. A divisa, que tem testado os menores patamares de fechamento desde julho nas últimas sessões, vem se beneficiando da rotação global de carteiras de investidores, que têm saído à procura de ativos de emergentes “amassados” desde o início da pandemia e ingressado, assim, com recursos financeiros nos mercados domésticos, e do aumento do diferencial de juros da economia brasileira com o exterior.

No caso dos juros futuros, que acompanham o câmbio no início dos negócios, a disparada dos preços do petróleo pode influenciar, ao longo do dia, as taxas curtas, mais sensíveis à inflação corrente e à trajetória da política monetária, no momento em que a inflação de commodities surpreende para cima. Os preços de commodities energéticas saltam hoje, em meio à perspectiva de sanções de União Europeia e Estados Unidos sobre a Rússia.

Cabe lembrar, também, que nesta terça-feira o Tesouro Nacional realiza leilão de papéis atrelados à inflação (NTN-B) com vencimentos em maio de 2027, maio de 2035 e agosto de 2060, e títulos pós-fixados, as LFT, que vencem em março de 2025 e março de 2028. O edital da oferta será publicado por volta das 10h30. Além disso, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa do evento BTG Pactual Brasil CEO Conference 2022, em São Paulo, a partir das 15h.

(Do Valor PRO, o serviço de notícias em tempo real do Valor Econômico)