Credit Suisse corta nota do Santander para venda e reitera compra para Itaú e BB, em ano marcado por ‘divergência anormal’ no setor

Banco suíço disse ainda que Bradesco terá 2023 de margens apertadas dada sua grande exposição ao segmento de varejo e o risco aumentado de inadimplência

O Credit Suisse apontou que 2023 será um ano de “grande divergência” entre os quatro grandes bancos brasileiros de capital aberto.

Para os analistas, Banco do Brasil e Itaú devem ir bem, com um retorno sobre patrimônio (ROE) de quase 20%, beneficiados por juros elevados e boa qualidade dos ativos, enquanto Bradesco e Santander terão um ano pior, com ROE perto dos 15%, prejudicados pelas margens e maior exposição ao varejo, que tende a registrar piora da inadimplência.

Em relatório, os suíços cortaram a recomendação das ações do Santander para venda e manteve a mesma classificação para Bradesco.

Perto das 13h35, as units do Santanter Brasil (SANB11) recuavam 2,02%, a R$ 28,55, enquanto as ações preferenciais do Bradesco caíam 2%, negociadas a R$ 14,37.

No caso do Santander, os analistas cortaram a projeção de lucro em 33%, para R$ 12,3 bilhões, principalmente devido à menor margem com mercado e maiores provisões, levando a uma queda de 8% em relação ao resultado de 2022 e um ROE de 14,5%. O mesmo vale pra Bradesco, onde a projeção de lucro foi reduzida em 12%, para R$ 23 bilhões, com um ROE de 14%.

Em alta e com moral

No outro lado da moeda estão Itaú e Banco do Brasil, ambos com recomendação de compra.

No caso de BB, o Credit estima lucro de R$ 33,4 bilhões no ano, com ROE de 20,9%. A margem financeira deve melhorar e o banco também se beneficia dos bons resultados de BB Seguridade e Cielo.

“Também vimos com bons olhos o discurso inicial da recém-nomeada CEO Tarciana Medeiros, destacando que é possível para o Banco do Brasil cumprir sua responsabilidade social e ao mesmo tempo comprometendo-se a criar valor para os acionistas minoritários.”

Já o Itaú deve ter lucro de R$ 34,5 bilhões, com ROE de 20,7%. Para os analistas, o banco tem uma carteira mais defensiva, tanto em PF como PJ, um índice de provisionamento conservador e tem feito parcerias e aquisições que abrem caminho para novas avenidas de crescimento.

O Credit Suisse tem preço alvo de R$ 50 para BB, R$ 32 para Itaú, R$ 31 para Santander e R$ 16 para Bradesco.

Efeito Americanas

Para o Credit, o escândalo contábil da Americanas não representou um risco sistêmico e as empresas brasileiras em geral têm balanços saudáveis (mesmo excluindo aquelas relacionadas a commodities).

Ainda assim, o caso deve representar o “fim da lua de mel” dos bancos com o setor corporativo, onde a inadimplência permanece bem próxima das mínimas históricas.

O ‘Risco Lula’ de sempre

Além da Americanas, que deve afetar os bancos com exposição direta e também aqueles que financiam fornecedores, o Credit aponta que o fato de o governo Lula ter questionado a independência do Banco Central e falar de rever metas de inflação adicionou incerteza ao cenário macro, o que deve se refletir em prêmios de risco mais elevados.

A incerteza fiscal, que deve fazer os juros permaneceram elevados por mais tempo, também deve adiar a recuperação da margem com mercado de Santander e Bradesco.