Com fracassos na Ucrânia, Putin convoca 300 mil reservistas e faz ameaça nuclear

Petróleo dispara diante do aumento das incertezas sobre o desenvolvimento da guerra

O presidente russo Vladimir Putin fez um pronunciamento na TV nesta quarta-feira (21) anunciando a convocação de 300 mil reservistas e ameaçando usar armas nucleares diante do que chamou de tentativa do Ocidente de destruir seu país.

“Quando a integridade territorial do nosso país é ameaçada, nós certamente usaremos todos os meios à nossa disposição para proteger a Rússia e nosso povo. Isto não é um blefe”, disse Putin. “O que estão tentando nos ameaçar com armas nucleares precisam saber que os ventos podem virar em sua direção.”

Esta é a primeira convocação de reservistas na Rússia desde a invasão nazista na Segunda Guerra Mundial, segundo a agência de notícias americana Bloomberg.

A escalada da mobilização militar russa é uma resposta à contraofensiva ucraniana das últimas semanas, que impôs ao Exército russo as piores derrotas desde o início da guerra e tomou de volta parte do território que o Kremlin estava controlando.

A reação ucraniana tem sido turbinada pelo uso de armas mais modernas fornecidas pelos Estados Unidos e seus aliados, o que tem feito Putin dizer que o Ocidente iniciou uma “guerra indireta” contra a Rússia.

A embaixadora dos EUA na Ucrânia, Bridget Brink, disse na rede social Twitter que a mobilização anunciada é um sinal de fraqueza e de fracasso do Kremlin. “Os EUA jamais reconhecerão a alegação da Rússia de supostamente ter anexado território ucraniano, e vai continuar do lado da Ucrânia pelo tempo que for necessário”, escreveu Brink.

A voz do povo

Na terça (20), as autoridades russas nas regiões do leste e do sul da Ucrânia que o Kremlin ainda controla anunciaram a realização, a partir de sexta (23), de referendos para saber se a população local deseja que os territórios sejam anexados. Essas áreas, que incluem partes das regiões de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia, correspondem a 20% do território ucraniano.

Enquanto isso, o Google registrou uma disparada das buscas por “Como deixar a Rússia”, e começou uma corrida por passagens aéreas para sair do país.

Mercados apreensivos

O mercado financeiro acompanha apreensivo os desenvolvimentos da guerra na Ucrânia. Por volta das 8h (horário de Brasília), o petróleo tipo Brent, negociado em Londres, disparava 2,59%, vendido a US$ 92,97 o barril nos contratos futuros.

A nova tacada da Rússia pode desencadear um aumento de sanções do Ocidente, aumentando as incertezas sobre o fornecimento de petróleo e gás natural pelo país de Vladimir Putin.

(Com informações de agências de notícias internacionais.)