Galípolo vai ‘tombinizar’? Pesquisa revela temor de pressão política no novo Banco Central
O Banco Central corre mais risco de sofrer pressões políticas do governo federal com Gabriel Galípolo como presidente da instituição. É o que aponta pesquisa exclusiva Inteligência Financeira Onde Investir 2025. Assim, um grupo de gestores indica ter receio de que o novo chefe do BC independente pode ceder espaço ao governo no rumo da política monetária e repetir a atuação de Alexandre Tombini durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
O levantamento da Inteligência Financeira consultou 24 gestores de 19 corretoras localizadas no Rio de Janeiro e em São Paulo. A consulta ocorreu no fim do ano passado. Juntos, eles reúnem R$ 1,8 trilhão de ativos sob custódia. Os investidores se dizem pessimistas para a economia brasileira em 2025.
Faça o download da pesquisa Inteligência Financeira Onde Investir 2025.
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‘Tombinização’ do Banco Central é risco para 42%
Dos participantes da pesquisa, quase 42% (10 respostas) acreditam que o BC enfrenta risco moderado ou total de “tombinização”.
Dessa forma, além dos que acreditam em riscos de pressão política sobre a instituição independente, 29% dos investidores consultados resolvem dar a Gabriel Galípolo o benefício da dúvida. Assim, eles não sabem avaliar como a proximidade entre o presidente do BC com membros do Executivo pode afetar seu mandato.
Então, Galípolo é visto com ceticismo pelo mercado financeiro. Mas não é de hoje. Dessa maneira, apesar do BC recuperar credibilidade após a retomada do guidance para duas altas seguidas de juros em dezembro, o histórico de Alexandre Tombini, último indicado pelo PT ao Banco Central, ainda faz vento no mercado.
Tombini presidiu o Banco Central entre 2011 e 2016. A política do então líder do BC de interferir no câmbio (swap cambial) foi entendida como um meio de eventualmente reduzir os juros básicos da economia. Era algo ansiado pelo então governo Dilma. Tombini foi substituído na pasta por Ilan Goldfajn, já na presidência de Michel Temer. Então, veio Roberto Campos Neto.
Fiscal leva à preferência por renda fixa no exterior
Além da dúvida sobre novo presidente do BC, 83% dos entrevistados esperam que a incerteza sobre a trajetória da dívida pública do Brasil adicione volatilidade em ativos domésticos.
Então, os agentes de mercado preferem fugir do ruído na macroeconomia. E alocar em renda fixa no exterior. Assim, títulos soberanos com grau de investimento são o principal ativo para investir em 2025. Isso segundo 54% dos entrevistados. São ativos em países classificados por agências de rating – como a Moody’s ou Fitch – acima do triple B (BBB+).
Em segundo lugar, 37% indicam investimento em crédito corporativo americano.
O diferencial da Selic brasileira para a taxa média dos Fed Funds americano deve aumentar, à medida em que o ciclo é de aperto dos juros no País. Enquanto isso, nos EUA, o Federal Reserve (Fed, banco central americano), pretende cortar juros pelo menos mais duas vezes.
No entanto, os gestores brasileiros ouvidos pela Inteligência Financeira têm expectativa de mais cortes nos juros americanos este ano. Acompanhe abaixo:
O movimento de queda dos juros nos EUA pode favorecer o real. A moeda americana começou 2025 em desaceleração contra o dólar. Para 40%, a tendência é que o diferencial de juros crescente entre Estados Unidos e Brasil pode valorizar o câmbio.
Ainda assim, para a próxima decisão de juros do Fed, o mercado espera que a taxa de juros por lá seja mantida no atual patamar, na faixa de 4,25% a 4,5%.
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