Quais são os melhores ETFs para você investir ainda em 2023?
Fundos de índice que perderam para a renda fixa devem ganhar terreno com a queda dos juros
Os fundos negociados de índice (ETF, na sigla em inglês), ainda não atingiram a popularidade que o mercado deseja. Os ativos são negociados na bolsa como uma ação. Com a queda Selic no horizonte, gestores apontaram à reportagem da Inteligência Financeira quais são os melhores ETFs com potencial para você investir no segundo semestre de 2023.
O consenso de Safra Asset, Itaú Asset e MorningStar é de que o investidor deve se expor mais ao mercado de renda variável. Especialmente ao Ibovespa. Mas os ETFs são, como a maioria dos investimentos, títulos para você investir no médio a longo prazos.
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O que é um ETF? Por que investir nesse tipo de fundo?
Um ETF nada mais é que um fundo que segue um índice listado na bolsa de valores ou negociado no mercado secundário – fora da Bovespa, no caso brasileiro.
Os fundos de índice podem ser comprados e vendidos por meio de uma corretora, como uma ação. Além disso, eles podem ser negociados no dia a dia da bolsa, enquanto o mercado funciona, e existe uma taxa de compra e venda para ETFs.
Mas a diferença entre ETFs e ações está no modelo de gestão. O ETF é um fundo que inclui uma cesta de ações ou ativos que melhor acompanham o índice a ser seguido. Fundos ligados ao Ibovespa, por exemplo, tem ações de Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3; PETR4), ambas estão entre as mais negociadas da B3.
Quanto ao resto do mercado de fundos, os ETFs têm algumas vantagens:
- Isenção de come cotas: ETFs não têm a antecipação de imposto que incide sobre fundos de renda fixa;
- Sem IOF: o Imposto sobre transações Financeiras não se aplica à compra ou venda de ETFs;
- Tabela não é regressiva: o Imposto de Renda incide sobre resgates em ETFs. Contudo, a alíquota é fixada em 15%, diferente de títulos da renda fixa ou fundos de investimento cuja alíquota se inicia em 22,5%.
- Reinvestimentos: os ETFs distribuem “cupons” mensalmente ao investidor. Essa espécie de dividendo é diretamente reinvestida no fundo sem incidência de impostos
Como outros fundos de investimento, a liquidez das cotas de um ETF é de dois dias após a compra.
Quais os melhores ETFs para investir na renda fixa?
O investidor pode colocar dinheiro em ETFs como uma forma de diversificar a carteira. A bolsa de valores tem 84 fundos de índices listados, e alguns deles devem ganhar fôlego no segundo semestre de 2023, dizem gestores. O sentimento geral entre gestores é de que os melhores ETFs para você investir ainda neste ano devem incluir setores que perderam para a renda fixa nos últimos meses.
Quando se trata de qual é o melhor ETF para investir, Renato Eid, líder de estratégias na Itaú Asset e colunista da IF, aponta que o mercado deve ser separado em duas categorias: local e internacional.
No Brasil, ETFs de renda fixa ganharam destaque na carteira do investidor no primeiro semestre, diz Eid. O rendimento de dois fundos da Itaú Asset superaram o CDI em rendimentos:
- IB5M11: atrelado ao índice de emissões de títulos da dívida pública com juros longos, o rendimento em 12 meses foi de 13,95%, acima dos 13,65% do CDI.
- IRFM11: este ETF de renda fixa indexado aos juros prefixados rendeu 16,36% em 12 meses
Com o BC mais brando e a perspectiva de corte da Selic, Eid frisa que ETFs de renda fixa não perderam ímpeto, o investidor deve apenas ajustar a carteira.
Para quem quer fugir da queda do CDI, a saída está em fundos atrelados às NTN-B de longo prazo. Enquanto o mercado se preocupa com o corte dos juros, “ETFs de maior duration” e indexados à inflação devem se beneficiar com a compressão da Selic. “O IB5M11, atrelado ao IPCA, está rendendo quase 15% em 3 meses”, aponta Eid.
Quais são os ETFs mais recomendados?
Alguns setores que surfaram uma maré negativa com os juros altos devem se recuperar. Alguns ETFs que acompanham índices da bolsa estão entre os melhores para se investir em 2023.
O índice das small caps, por exemplo, deve ganhar fôlego e, com ele, os ETFs indexados. Esta é a avaliação de Ricardo Negreiros, diretor do Safra Asset.
“Porque, neste estágio do ciclo econômico, a bolsa em geral tende a ter boa performance”, diz o gestor. Como a saída de investidores institucionais e pessoa física da Bovespa parece estar estancada, diz Negreiros, “nos próximos seis meses” é o investimento em ETFs deve focar na B3.
As small caps estão em posição privilegiada, mas o risco de um ETF na categoria também é maior, comenta o gestor do Safra Asset.
Na bolsa de valores, cinco ETFs estão ligados ao SMLL:
- SMALL11– fundo da BlackRock com carteira em Small Caps
- SMAC11 – da Itaú Asset, deu retorno de 22,95% nos últimos três meses
- SMAB11 – do BTG Pactual
- TRIG11 – da Trígono Capital
Os fundos indexados ao Ibovespa também devem ter boa performance no segundo semestre de 2023, afirma Eid. Dentro de três meses, o fundo da Itaú Asset que acompanha o índice, BOVV11, teve retorno de cerca de 18% em três meses.
Confira abaixo outros fundos ligados ao Ibovespa:
- BBOV11 – Banco do Brasil
- BOVA11 – BlackRock
- BOVB11 – Bradesco
- XBOV11 – Caixa Asset
ETFs apostam em tendências para dar retorno ao investidor
O Safra tem dois ETFs indexados à performance do Ibovespa: o BOVS11 e o ELAS11. Este, inclusive, tende a ter mais retorno, já que segue um índice de empresas cuja diversidade feminina é a maior pauta. O ELAS11 acompanha as ações de empresas com maiores índices de participação feminina. Negreiros afirma que essas companhias “tendem a se adaptar melhor” à volatilidade do mercado.
Na carteira, o ELAS11 tem ações de Itaú, WEG, Vivara, B3, entre outras. Em três, a rentabilidade do ETF é de 22,35%, superior a do BOVS11, de 16,78%.
Além disso, como aponta Renato Eid, da Itaú Asset, o investidor pode diversificar investimentos no no exterior por meio de ETFs temáticos. Conforme a explicação de Eid, o fundo de destaque é o TECK11, com rendimento de quase 19% nos últimos três meses.
“O fundo segue o índice de tecnologia FANG+, da bolsa de valores de Nova York. O ETF é um meio do investidor apostar numa tecnologia cada vez mais prevalente no nosso dia a dia: a inteligência artificial. O índice tem empresas como Microsoft e Meta, entre outros players importantes do mercado”, afirma.
Investir em fundos ligados ao S&P ainda compensa?
Com a alta de juros nos Estados Unidos, fixados entre 5% a 5,25% ao ano, o investidor americano está fugindo da bolsa. E o brasileiro segue os mesmos passos.
Por outro lado, se a renda fixa americana – e os bonds, títulos da dívida americana – está mais atrativa, o S&P está subindo quase 15% em 2023. Na avaliação de Dan Sotiroff, gerente de research da MorningStar, o índice das 500 maiores empresas dos EUA sempre será “um ótimo investimento”.
Ele ressalta a importância de que os ETFs são investimentos de longo prazo, cujo resgate deve ocorrer somente após cinco a dez anos.
“É justo dizer que o investidor americano está correndo pelos juros. Mas o S&P está em alta. Não sabemos o que vai acontecer, porém existe um custo de oportunidade.
A nota de investimento do S&P conforme critérios da MorningStar é a mais alta fornecida pela agência de risco: ouro. A avaliação se baseia, diz Sotiroff, no “núcleo de investimentos” do índice da bolsa de valores americana.
Entre os critérios está o fato de que o índice é formado por um comitê. Esse grupo é responsável por balizar o índice frente a outros da bolsa, para que o peso de empresas como Microsoft e Apple (duas do S&P) não fiquem com “sobrepeso”, Sotiroff aponta à Inteligência Financeira.
“Estamos muito confiantes de que ETFs do S&P devem superar fundos competidores em rendimento no longo prazo”
Daniel Sotiroff, gerente sênior de research da Morning Star
Aqui estão alguns ETFs brasileiros e americanos que acompanham o S&P:
- SPXI11 – Itaú Asset
- IVVB11 – BlackRock
- SPXB11 – BTG Pactual
- BIVB39 – Black Rock; este é um ETF que investe em BDRs, ou seja, o investidor aporta indiretamente na bolsa de valores americana por meio dos Brazilian Depository Receipts.
ETF de renda fixa americana e outras alternativas no exterior
E, claro, a renda fixa americana está em um bom momento.
“O Banco Central dos Estados Unidos sinalizou que pode ir um pouco mais longe nos juros para chegar a um impasse na economia. Com isso, os treasuries [títulos da dívida americana] estão populares entre investidores.”
Sotiroff explica que existe uma preferência, no momento, por treasuries de curto prazo, já que no horizonte o Fed pode cortar juros. “Como o governo americano tem a maior nota de crédito possível, a AAA+, o risco das treasuries é a maturidade dos juros. No momento, a melhor margem está nos ativos de curto prazo do que no longo, porque ele não tem o risco de maturidade.”