Dividendos de empresas brasileiras caem 12%, com Vale (VALE3) puxando queda

Resultados vieram na contramão de companhias globais; entenda os motivos

O pagamento de dividendos de empresas brasileiras caiu 12% em termos nominais no primeiro trimestre de 2023, segundo levantamento da Janus Henderson.

Levando em conta a base subjacente (que exclui dividendos especiais e fatores técnicos), a queda é ainda maior: -27,5% em relação ao mesmo período de 2022.

Vale derruba o pagamento de dividendos

O resultado foi impactado principalmente pela Vale (VALE3), que registrou o maior corte de pagamentos do mundo no período. A mineradora reduziu seus dividendos em US$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre.

“A mineradora brasileira fez parte, no entanto, de uma história mais ampla de forte contração em toda a mineração global, com o setor cortando dividendos em aproximadamente um quinto”, diz comunicado da Janus Henderson, responsável pelo levantamento.

Segundo a gestora, foram US$ 16,6 bilhões pagos pelo setor no mundo todo no primeiro trimestre de 2023 contra US$ 20,6 bilhões distribuídos no mesmo período do ano passado.

“Tendo sido o principal motor do crescimento global de dividendos em 2021, a queda dos preços das commodities a partir de meados de 2022 começou a fazer com que os grupos de mineração reduzissem o pagamento de dividendos e continuassem com os cortes no primeiro trimestre”, completa a gestora.

Por volta das 14h desta quarta-feira (24), as ações da Vale caíam 2,19%, cotadas a R$ 65,10. Em 12 meses, os papéis registram queda de 16,80%.

Como fazer renda extra com dividendos

Para Ben Lofthouse, chefe de renda variável global da Janus Henderson, os investidores precisam considerar uma diversificação geográfica. A compra de papéis de outras regiões do planeta e setores variados pode “gerar retornos positivos”, especialmente quando há uma queda no preço das commodities.

Ele acrescenta que o desempenho dos dividendos de empresas brasileiras no primeiro trimestre é “uma boa ilustração da concentração das grandes empresas brasileiras pagadoras de dividendos em alguns setores sensíveis a commodities”.

Dividendos pelo mundo

No primeiro trimestre de 2023, os dividendos globais aumentaram 12% em base nominal, alcançando um recorde de US$ 326,7 bilhões. Os valores foram impulsionados principalmente pelo aumento de pagamentos de dividendos especiais, o maior em nove anos.

O crescimento subjacente, que exclui dividendos especiais e outros fatores técnicos, foi de 3%.

No mundo, os setores bancário, petrolífero e automotivo mais do que compensaram as quedas no setor de mineração.

Globalmente, 95% das empresas desses setores aumentaram os dividendos ou os mantiveram estáveis no primeiro trimestre.

Como resultado, Ford e Volkswagen foram responsáveis por quase um terço dos dividendos especiais do primeiro trimestre do mundo.

Pagamentos em 2023 

A Janus Henderson prevê para o final de 2023 um total de US$ 1,64 trilhão em pagamentos de dividendos no mundo. Assim, o acréscimo será de 5,2% em base nominal. O resultado deve ser impulsionado principalmente pelos pagamentos robustos na Europa.

O especialista Ben Lofthouse, da Janus Henderson, diz que, globalmente, o resultado do primeiro trimestre foi “impressionante, considerando que 2022 foi um ano difícil para a economia global, com inflação alta, aumento das taxas de juros, conflitos e bloqueios contínuos da covid”, mas que a tendência é o “crescimento de dividendos desacelerar” até o final do ano.

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